Produção da indústria recua em Minas Gerais após dois meses de alta

A produção da indústria de Minas Gerais caiu após dois meses consecutivos de alta. Em setembro, o índice foi de 47,9 pontos, abaixo dos 50, a fronteira entre recuo e expansão.
O indicador apresentou baixa de 4,6 pontos na comparação com agosto (52,5 pontos), porém, avançou 1,8 ponto em relação a setembro de 2023 (46,1 pontos). Os dados são da pesquisa Sondagem Industrial, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
A queda na produção industrial do Estado foi influenciada pelo menor número de dias úteis e acúmulo sucessivos de estoques, explica a economista da Fiemg, Daniela Muniz. (confira a avaliação no final do texto)
O índice de evolução do número de empregados, com 49,5 pontos, também mostrou queda do emprego no setor industrial do Estado durante o mês. O indicador recuou 1,6 ponto em relação a agosto (51,1 pontos), mas cresceu na mesma quantidade frente a setembro de 2023 (47,9 pontos).
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Já a utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual marcou 44,8 pontos em setembro e ficou abaixo dos 50 pontos, o que indica que as empresas operaram com capacidade produtiva inferior à habitual do mês. O índice diminuiu 1,8 ponto frente a agosto, mas avançou 2,4 pontos em relação a setembro de 2023 (42,4 pontos).
Pelo quarto mês seguido, os estoques de produtos finais recuaram. Em setembro, o índice registrou 49,5 pontos – abaixo de 50 pontos indica queda nos estoques. Apesar disso, eles ficaram um pouco acima do nível planejado pela indústria, o que indica demanda por bens inferior à esperada em Minas Gerais.
Expectativas de demanda e investimentos da indústria em Minas Gerais
A expectativa de demanda registrou 54,3 pontos em outubro e mostra perspectiva de elevação nos próximos seis meses, pelo 52º mês consecutivo, ao ficar acima dos 50 pontos. O indicador apresentou queda de 2,4 pontos na comparação com setembro (56,7 pontos), mas leve alta de 0,6 ponto ante outubro de 2023 (53,7 pontos).
Com relação às expectativas da indústria de Minas Gerais para os próximos seis meses, a compra de matérias-primas marcou 53,4 pontos em outubro, pequena alta de 0,3 ponto em relação a setembro (53,1 pontos) e 1,8 ponto acima em relação a outubro de 2023 (51,6 pontos).
O índice de expectativa de número de empregados registrou 51,4 pontos no mês e sinaliza, pelo quarto mês consecutivo, aumento do emprego industrial no Estado nos próximos seis meses.
A intenção de investimento marcou 60 pontos, leve recuo de 0,4 ponto frente a setembro (60,4 pontos), mas 3 pontos acima do apurado em outubro de 2023 (57 pontos). O indicador de investimento também ficou 7,7 pontos acima da média histórica.
Estoques acima do planejado na indústria de Minas
O mês de setembro teve menos dias úteis que agosto e influenciou a queda na produção da indústria. Mas o acúmulo sucessivo de estoques também afetou negativamente a produção, explica Daniela Muniz. Há sete meses os estoques estão acima do planejado pelas empresas.
“A partir do momento que mês a mês vai tendo acúmulo de estoques, isso acaba limitando a produção, porque depois tem que vender esses estoques que foram produzidos”, disse a economista da Fiemg. Já na comparação anual, a produção industrial aumentou, influenciada pelo maior número de dias úteis em relação a setembro de 2023.
Com 60 pontos em outubro, a intenção de investimento da indústria de Minas Gerais recuou, mas está três pontos acima na comparação anual e 7,7 pontos acima da média histórica.
Daniela Muniz ressalta que o investimento tem se recuperado das quedas do ano passado, ainda que esteja em patamar historicamente baixo, por conta da cautela do empresariado. Agora, novas altas da taxa de juros pelo Banco Central vão afetar os investimentos.
“A gente tem um crescimento econômico muito pautado na expansão fiscal e, com isso, temos um endividamento enorme do governo, então a gente não pode considerar que há um crescimento econômico sustentável”, afirma. “Enquanto não tivermos um crescimento sustentável, os empresários vão ter cautela em investir”, completa.
Ouça a rádio de Minas