Economia

Produção da Vale fica estável em Minas

Produção da Vale fica estável em Minas
Crédito: Divulgação/Vale

Apesar das chuvas torrenciais que caíram sobre Minas Gerais em janeiro, paralisando parte das operações minerárias no Estado, a produção da Vale em terras mineiras ficou estável no primeiro trimestre. De janeiro a março, a companhia processou 25,4 milhões de toneladas de minério de ferro em Minas, sobre 25,2 milhões de toneladas na mesma época de 2021. Isso resultou em um incremento de 0,79%. Já em relação ao último trimestre do ano passado, houve queda de 19,7%, uma vez que naquela época a produção da companhia em Minas chegou a 31,6 milhões de toneladas.

Quando considerada a produção total da Vale, o volume chegou a 63,9 milhões de toneladas, volume 6% menor que as mais de 68 milhões de toneladas dos primeiros três meses do ano passado.

A empresa justificou no relatório de produção e vendas que a queda na produção resultou de uma combinação de fatores. Entre eles, os atrasos na obtenção de licenças, impactando a disponibilidade de “run of mine” (ROM), principalmente em Serra Norte; o desempenho abaixo do esperado em S11D e Sossego; e grandes manutenções, que devem beneficiar a produção no ano. Tanto que a companhia manteve o guidance de produção anual de minério de ferro previsto para 320-335 milhões de toneladas.

E no caso de Minas Gerais, a Vale relatou o impacto das chuvas de janeiro, que interromperam temporariamente as operações dos Sistemas Sul e Sudeste, e também prejudicaram a disponibilidade de compra de minério de terceiros. “Essas questões foram parcialmente compensadas pela melhoria da capacidade de produção dos Sistemas Sul e Sudeste, após o comissionamento e retomada de vários ativos ao longo de 2021”, justificou no relatório.

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Sistema Sudeste

Apenas no Sistema Sudeste, que compreende as minas de Itabira, Minas Centrais e Mariana, a companhia produziu 14,9 milhões de toneladas do insumo siderúrgico no acumulado entre janeiro e março deste ano, aumento de 11% na comparação com os mesmos meses de 2021 (13,5 milhões). Em relação ao trimestre anterior (18,6 milhões) o recuo foi de 19%.

Segundo a Vale, o desempenho positivo apesar das fortes chuvas de janeiro foi possível principalmente devido à produtividade acima do esperado no processo de filtragem de Itabira, especialmente nas plantas de Conceição, após o start-up das plantas de filtragem em dezembro. Também à produção mais forte em Timbopeba, após o comissionamento de três linhas de beneficiamento em março de 2021; e à produção de produtos de alta sílica, alguns dos quais estão sendo concentrados em plantas de beneficiamento na China, melhorando as margens.

Além disso, a empresa destacou que a planta de filtragem de rejeitos de Brucutu entrou em comissionamento em abril e a Vale espera o start-up da barragem Torto até o final de 2022. O alcance da capacidade total de Brucutu também depende do contínuo licenciamento e da preparação de áreas para a disposição de rejeitos filtrados e estéril.

”A Vale espera iniciar as obras de alteamento da barragem Itabiruçu em abril e as primeiras etapas do alteamento deverão ser concluídas no quarto trimestre de 2022. Isso deverá permitir o aumento da capacidade do complexo Itabira e sua produção de pellet feed”, consta no documento.

Sistema Sul

Já o Sistema Sul, que compreende as minas de Paraopeba e Vargem Grande, foi o mais afetado pelas fortes chuvas do início do ano. Segundo a Vale, isso, juntamente com a menor disponibilidade de ROM em Mutuca, explica em grande parte a queda de produção de 11% em relação ao ano passado.

Ao todo, o sistema produziu 10,4 milhões de toneladas no último trimestre contra 11,7 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2021. Em relação ao trimestre anterior (12,9 milhões) a baixa também foi de 19%.

“No lado positivo, o complexo de Vargem Grande melhorou seu desempenho em fevereiro e março, após o start-up de várias iniciativas ao longo de 2021, tais como a planta de filtragem de rejeitos, a barragem Maravilhas III e a retomada das operações de correias transportadoras. A produção também aumentou em Fábrica devido à retomada do processamento a úmido no segundo trimestre de 2021”, diz o relatório.

Barragem começa a ser descaracterizada no Estado

São Paulo – A Vale iniciou na quarta-feira (20) as obras em mais uma das cinco barragens a montante que serão eliminadas em 2022, como medida de segurança, uma vez que as estruturas com esse modelo de construção oferecem mais riscos.

Os trabalhos focarão a descaracterização do Dique Auxiliar da Barragem 5, na Mina Águas Claras, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Ao final do ano, o dique será uma das 12 estruturas alteadas a montante da empresa eliminadas no Brasil. Ao todo 30 estruturas passarão pelo processo.

“A eliminação de todas as barragens a montante da Vale é um dos pilares do princípio de garantia de não repetição de rompimentos como o de Brumadinho”, disse a companhia em comunicado.

A descaracterização de barragens a montante em função do desastre de Brumadinho, que provocou a morte de cerca de 270 pessoas em 2019, tem tido custos importantes para a Vale, que lançou uma provisão adicional de US$1,7 bilhão no balanço do último trimestre.

O Dique Auxiliar não recebe rejeitos desde o ano 2000 e é uma das 23 estruturas alteadas a montante da companhia que ainda passarão pelo processo de descaracterização em atendimento às normas federais e estaduais de segurança de barragens vigentes.

Segundo a Vale, diante do possível incremento de riscos durante as obras de descaracterização, foi construído preventivamente, em março, um reforço para dar maior estabilidade à estrutura durante o processo.

“Em caso hipotético de ruptura, todo o rejeito (cerca de 2,2 milhões de metros cúbicos) ficará contido dentro da Barragem 5, evitando qualquer dano às pessoas ou ao meio ambiente.”

A companhia ainda definiu que as atividades de escavação e movimentação do rejeito serão realizadas com equipamentos não tripulados, operados remotamente, com tecnologia desenvolvida pela empresa em conjunto com fornecedores.

A previsão de conclusão dos trabalhos é em dezembro deste ano. Atualmente, tanto o Dique Auxiliar quanto a Barragem 5 estão em Nível de Emergência 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), sendo ambas as estruturas monitoradas permanentemente pelo Centro de Monitoramento Geotécnico da Vale.

Projeção

Com a conclusão das obras e a reintegração ao meio ambiente de mais cinco estruturas, a Vale prevê encerrar 2022 com 40% das suas estruturas a montante eliminadas.

Isso significa que 12 de 30 barragens mapeadas já estarão descaracterizadas, disse a empresa.

Além do Dique Auxiliar na Mina Águas Claras, as estruturas com previsão de conclusão das obras de descaracterização neste ano são: os Diques 3 e 4, da barragem Pontal; a barragem Ipoema, em Itabira (região Central); e a Barragem Baixo João Pereira, em Congonhas (Campo das Vertentes).

“A atualização mais recente do Programa de Descaracterização indica que 90% das barragens a montante serão eliminadas até 2029 e 100% até 2035”, afirmou.

Segundo a companhia, as estruturas cujos prazos para término da descaracterização são mais extensos referem-se àquelas de maior risco, mais complexas e que envolvem um volume de rejeitos maior. (Reuters)

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