Produção das indústrias de Minas Gerais registra avanço

A escassez e o alto custo das matérias-primas continuam sendo os principais desafios enfrentados pelas indústrias de Minas Gerais. Pelo terceiro trimestre consecutivo, o problema foi o mais apontado pelos empresários na pesquisa Sondagem Industrial, feita pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O estudo mostrou ainda que a produção industrial, em março, avançou 5,1 pontos frente a fevereiro e expressivos 16,5 pontos ante março de 2020. Os empresários seguem otimistas em relação às expectativas para os próximos seis meses, o que está sendo sustentado pela retomada industrial acima do esperado e pelo avanço do processo de vacinação contra o Covid-19.
De acordo com a analista de Estudos Econômicos da Fiemg, Daniela Muniz, ao longo do primeiro trimestre, o principal desafio continuou sendo a falta e o encarecimento das matérias-primas, dificuldade que recebeu 75,1% das marcações.
“Esta dificuldade, pelo terceiro trimestre seguido, vem ocorrendo devido à pandemia de Covid-19, que causou a desorganização das cadeias produtivas, com consequente escassez e aumento dos preços de insumos e matérias-primas”.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Pela quinta vez, a pesquisa mostrou que a elevada carga tributária foi a segunda maior dificuldade apontada, com 31,2% das assinalações. A taxa de câmbio (26%) ficou na terceira posição.
Apesar das dificuldades, em março, o índice de evolução da produção das indústrias mineiras ultrapassou os 50 pontos e marcou 52,5 pontos, após três meses mostrando recuo da produção. “Essa expansão era esperada, já que março possui mais dias úteis que fevereiro e os dados não passam por ajuste sazonal”, explicou Daniela.
De acordo com o levantamento da Fiemg, o indicador de produção cresceu 5,1 pontos frente a fevereiro (47,4 pontos) e expressivos 16,5 pontos, ante março de 2020 (36 pontos), quando atingiu o segundo menor valor da série histórica, devido aos impactos iniciais da pandemia de Covid-19.
Já em relação ao índice de evolução do número de empregados foi apurada queda de 0,2 ponto em relação a fevereiro (50,9 pontos), com o índice encerrando março em 50,7 pontos em março. Apesar do recuo, o indicador mostrou elevação do emprego pelo nono mês consecutivo, ao ficar acima dos 50 pontos. Na comparação com março de 2020 (46,6 pontos), o índice aumentou 4,1 pontos.
O índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual cresceu 1,8 ponto frente a fevereiro (46 pontos), marcando 47,8 pontos em março. Apesar da melhora, o indicador continuou sinalizando que as empresas operaram com capacidade produtiva abaixo da habitual para o mês. O índice aumentou 16,2 pontos na comparação com março de 2020 (31,6 pontos), e foi o mais elevado para o mês em 11 anos.
“Março já refletiu um pouco com o recrudescimento da pandemia e das medidas mais restritivas. A dificuldade de comprar matéria-prima também interfere no uso da capacidade e na formação dos estoques que, em março, ficaram maiores, porém abaixo da estimativa dos empresários”, disse Daniela.
Os dados da pesquisa mostram que os estoques de produtos finais das indústrias voltaram a crescer em março – com índice de 51,1 pontos – após permaneceram em queda por 10 meses seguidos. Apesar do aumento, as empresas encerraram o mês com os níveis de estoques abaixo do esperado. O indicador de estoque efetivo em relação ao planejado marcou 48,2 pontos, sinalizando que a demanda foi superior à esperada.
Indicadores Financeiros das indústrias
A análise dos indicadores financeiros mostrou que os empresários estão insatisfeitos. O índice de satisfação com o lucro operacional marcou 46,6 pontos no primeiro trimestre, queda de 5,6 pontos em relação ao último trimestre de 2020. Apesar da queda em março, o índice cresceu 6,1 pontos na comparação com o primeiro trimestre de 2020 e foi o mais alto para o período desde 2008.
O indicador de satisfação com a situação financeira registrou 49,1 pontos no primeiro trimestre, queda de 7 pontos frente ao quarto trimestre de 2020. Ao ficar abaixo dos 50 pontos, o índice voltou a apontar empresários insatisfeitos, após dois trimestres mostrando satisfação com a situação financeira.
“No período, os empresários também mostraram insatisfação em relação ao acesso ao crédito. O índice de satisfação caiu 3,2 pontos entre o último trimestre de 2020 (46,7 pontos) e o primeiro trimestre de 2021 (43,5 pontos). Mostrando que os empresários tiveram maior dificuldade para acessar o mercado de crédito”, disse a analista de Estudos Econômicos da Fiemg, Daniela Muniz.
Expectativas para os próximos seis meses
O avanço do processo de vacinação contra a Covid-19 e a retomada das indústrias em níveis acima dos esperados pelo setor, o que vem ocorrendo desde o segundo semestre de 2020, são fatores que contribuíram para que os empresários mantivessem o otimismo em relação aos próximos seis meses.
A pesquisa Sondagem Industrial da Fiemg mostrou que a expectativa da demanda avançou 0,3 ponto entre março (56,8 pontos) e abril (57,1 pontos). O índice ficou acima de 50 pontos e mostra perspectiva de aumento da demanda nos próximos seis meses. O indicador cresceu expressivos 27,7 pontos frente a abril de 2020.
O índice de expectativa de compras de matérias-primas chegou a 56,7 pontos em abril. O indicador aumentou 3,1 pontos na comparação com março (53,6 pontos) e 25,1 pontos em relação a abril de 2020 (31,6 pontos).
Já o índice de expectativa do número de empregados registrou 52 pontos em abril, ficando praticamente estável ante março (51,9 pontos). O indicador mostrou, pelo 10º mês consecutivo, perspectiva de elevação do emprego nos próximos seis meses. O índice aumentou 17,3 pontos frente a abril de 2020 (34,7 pontos).
“As expectativas continuam positivas para os próximos seis meses. Mas, ainda temos desafios como o elevado índice de desemprego, o endividamento dos consumidores e a queda na renda. Por outro lado, o avanço do processo de vacinação contra o Covid-19, ainda que mais lento do que esperávamos, é o caminho para o controle da pandemia e solução para a crise econômica”, explicou a analista de Estudos Econômicos da Fiemg, Daniela Muniz.
Ouça a rádio de Minas