Economia

Produção das indústrias retoma o crescimento em Minas Gerais

Produção das indústrias retoma o crescimento em Minas Gerais
Depois de 4 meses de desempenho abaixo dos 50 pontos, a evolução de empregos na indústria mineira foi positiva | Crédito: Eugênio Sávio

A produção da indústria mineira voltou a crescer em fevereiro após recuar nos últimos dezembro e janeiro. De acordo com dados levantados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio da pesquisa Sondagem Industrial, o índice de evolução das atividades industriais alcançou os 50,7 pontos frente aos 40,8 pontos registrados em janeiro.

O crescimento percebido no mês passado, no entanto, ocorreu após duas quedas consecutivas em meses quando as chuvas prejudicaram o escoamento de cargas, a chegada de matérias-primas e o próprio acesso de empregados às fábricas. 

Segundo a analista de estudos econômicos da Fiemg, Daniela Muniz, o crescimento de 9,9 pontos no comparativo de fevereiro para janeiro representa, na verdade, uma confirmação da expectativa de recuperação parcial da indústria, uma vez que os recuos ocorreram justamente em um período de grandes volumes de chuva no Estado.

Comparado ao mesmo período do ano anterior (2021), o mês ligeiramente passado representou uma alta de 3,3 pontos. O desempenho de fevereiro de 2022 foi, segundo a entidade, o melhor resultado em 11 anos no que se relaciona ao avanço da produção. 

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O item que corresponde à evolução do número de empregados também apresentou alta na indústria mineira, sendo que o indicador saiu de uma margem abaixo dos 50 pontos, mantida nos quatro meses anteriores, para 51,3 pontos. Vale lembrar que, na metodologia utilizada na Sondagem Industrial, os 50 pontos significam o limite entre a queda e o crescimento. Em janeiro, por exemplo, o índice de emprego na indústria mineira estava em 48,6 pontos. 

Na contramão do crescimento da produção e do emprego está o índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual, que, apesar de ter avançado 4 pontos entre janeiro e fevereiro, segue abaixo dos 50 pontos, com 44,2 pontos. O resultado já está no patamar de queda há 15 meses consecutivos. 

Ainda de acordo com Daniela Muniz, uma das explicações para a inutilização de parte da capacidade instalada das indústrias é a normalização lenta dos insumos na cadeia mundial. “A escassez de insumos perdura desde o início da pandemia. Agora, a recomposição de estoques já está caminhando, mas muitas empresas ainda relatam dificuldades para conseguir insumos e para utilizar toda a capacidade instalada”, aponta. 

Otimismo sombreado

A última Sondagem Industrial também mostrou que os empresários estão otimistas neste mês de março – e na visão dos próximos seis meses –  no que diz respeito à demanda, ao acesso às matérias-primas e à empregabilidade. Contudo, a analista de estudos econômicos da Fiemg lembra que, por trás do otimismo ancorado na cobertura vacinal da população contra a Covid-19 e na manutenção das atividades sociais, há preocupação diante das realidades internas e externas ao Estado e ao Brasil. Entre os exemplos citados por Daniela Muniz estão a alta inflacionária, a elevação da taxa de juros e as incertezas adicionadas pela guerra instalada na Ucrânia e que já alteram o preço de commodities

“O cenário ainda é fragilizado. E nós podemos ser atingidos, principalmente, por meio de três canais: combustíveis, alimentos e câmbio. E essa instabilidade de preços pode impactar não apenas a inflação, mas aumentar os juros como uma tentativa de conter a inflação. E é nesse momento em que se compromete o crescimento econômico, porque há redução de espaço para a melhoria dos preços e do consumo”, explica Muniz, que lembra que, além da guerra na Ucrânia, novos surtos e restrições em cidades da China podem dificultar o acesso a insumos da indústria e provocar novos aumentos em preços. 

No caso das expectativas, o índice relacionado à demanda atingiu 59,2 pontos em março, frente aos 58,3 pontos em fevereiro. A perspectiva para compras de matérias-primas saltou de 54,8 pontos em fevereiro para 56 pontos em março. A indústria também acredita que haverá aumento no número de empregados, e o índice passou, portanto, de 53,1 pontos (fevereiro) para 54,3 pontos neste mês de março. As empresas mantêm também a estabilidade quando o assunto é a intenção de investir nos negócios, sendo que o índice chegou à marca dos 59,6 pontos em março — o indicador varia entre 0 e 100.

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