Economia

Produção de autopeças em Minas deve crescer 6% no ano

Como quase 90% das vendas do setor são destinadas às montadoras, expansão acompanha a projeção de alta na fabricação de automóveis, avanço de 6,2% sobre 2023
Produção de autopeças em Minas deve crescer 6% no ano
Crédito: Divulgação Agência de Notícias da Indústria

A indústria mineira de autopeças prevê encerrar 2024 com uma produção 6% superior à registrada no ano passado, segundo o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) no Estado, Fábio Sacioto.

Como quase 90% das vendas do setor são para as montadoras, o crescimento está em linha com o aumento projetado para a fabricação de automóveis. A estimativa da entidade, conforme Sacioto, é que sejam produzidos, ao todo, neste ano, 2.469 milhões de unidades de comerciais leves, ônibus e caminhões no Brasil, um avanço de 6,2% sobre 2023.

A produção de autopeças poderia crescer ainda mais em Minas Gerais se não fosse a retração anual prevista para a produção de veículos na Argentina, de 16%, para 518 mil unidades. O Sindipeças faz o monitoramento do volume argentino porque uma parcela dos componentes produzidos no Estado é exportada para uso nas linhas de montagem do país.

Vale dizer que, de janeiro a setembro, as montadoras brasileiras fabricaram 1.874 milhão de unidades de veículos, alta de 7% ante o mesmo período do último ano. Os dados foram divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

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Enquanto isso, as montadoras da Argentina produziram, no mesmo intervalo, 362,4 mil unidades (automóveis e comerciais leves), queda de 22,1% na comparação anual. Os números constam no levantamento da Asociación de Fábricas de Automotores (Adefa).

Fatores positivos e negativos que impactam o setor

A partir de uma recente sondagem com associados, o Sindipeças listou os principais fatores positivos e negativos que estão impactando e ainda podem gerar reflexos nos resultados do setor.

Do lado favorável, o sindicato indica, por exemplo, as estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de 3% neste ano, e 2% em 2025; o mercado de trabalho em alta, com a baixa taxa de desemprego, elevado nível de contratações formais e aumento da massa de rendimento real; e as reformas estruturais de caráter microeconômico.

“Vemos com muito bons olhos as reformas estruturantes, como a reforma tributária, que mesmo que não seja tudo o que esperávamos, é um grande passo”, destaca Sacioto.

Do lado das adversidades, entre os pontos listados, estão: a condução das reformas econômicas na Argentina, que leva tempo para surtir efeitos; a retomada da elevação da taxa de juros (Selic); a forte desvalorização cambial nos últimos meses; e a alta das importações de veículos – algo que também tem preocupado as montadoras brasileiras.

“A gente vê com apreensão a questão do aumento de veículos importados, porque isso acaba impactando a produção nacional de autopeças. Então, ao invés da gente gerar empregos no Brasil, acaba gerando no exterior”, ressalta o presidente do Sindipeças.

Déficit da balança comercial de autopeças em Minas Gerais e no Brasil

Outro ponto de atenção da indústria mineira e brasileira de componentes para veículos automotores é o fato de as importações de autopeças estarem crescendo, enquanto as exportações caem, gerando um saldo negativo na balança comercial do setor.

“O déficit está crescendo ano a ano”, afirma Sacioto. “Estamos prevendo para 2024 um déficit na balança comercial de autopeças (do Brasil) de US$ 11 bilhões”, reitera.

Dados do Sindipeças e da Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças) mostram que o saldo da balança comercial do País, até setembro, foi negativo em US$ 9,7 bilhões (alta anual de 7,7%), e, no Estado, negativo em US$ 396,1 mil (aumento de 7,6%).

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