Produção de borracha em Minas retoma nível pré-Covid

A indústria da borracha em Minas produziu 18% a mais no ano passado, está operando em níveis pré-pandemia e quer crescer mais em 2022. No período entre janeiro e abril, as empresas do setor tiveram um incremento na produção de 30%, quando comparado ao mesmo período do ano passado – mesmo percentual estimado para crescer este ano.
Para isso, elas contam com as feiras e eventos presenciais, que estão voltando a todo vapor. “Até o ano passado, elas eram virtuais e isso não funciona”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Artefatos e Beneficiamento de Borracha e Elastômeros no Estado de Minas Gerais (SinborMinas), Roland Maria Goblirsch Von Urban.
Só nos próximos meses, o calendário de eventos do setor prevê a Expobor, de fornecedores de matéria-prima, em São Paulo; a Brasmin, em Goiânia, na semana que vem, e a Exposibram, em setembro na capital mineira, ambas feiras da mineração.
O setor minerário, aliás, é grande cliente da indústria mineira da borracha, que fornece também peças, revestimentos e produtos especiais sob design para a indústria automobilística, autopeças, setor portuário, academias de ginástica, entre outros. Minas, curiosamente, não tem fábricas de pneus. Em compensação, tem o único fabricante nas Américas de defensas portuárias, equipamentos que protegem a atracação do navio: a Andino, em Contagem, que completa 70 anos em junho.
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“Estamos contando com esses eventos para aumentar a produção e ampliar as exportações de nossos produtos. O sindicato inclusive está ajudando os filiados, criando as condições para que eles participem das feiras. Este auxílio pode ser até financeiro, mas acontece principalmente na organização e na interligação com órgãos governamentais”, explica Von Urban, proprietário da Andino.
Dos clientes do setor, apenas a indústria automobilística teve retração durante a pandemia. “Está havendo um investimento muito forte por parte das mineradoras, área civil e de infraestrutura. De modo que a indústria da borracha também está crescendo”, conta o presidente do SinborMinas.
Custos em alta
Como vários outros segmentos da indústria, o de borracha teve problemas com matéria-prima. Uma delas é o negro de fumo, um dos produtos petrolíferos mais antigos do mundo, que é usado como carga de reforço para a borracha. Seu preço aumentou entre 20% e 30%.
Já outro insumo importante, a borracha natural ficou 25% mais cara, assim como a sintética, que teve alta de 20%. “Produtos químicos importados aumentaram quase 50%; o aço subiu muito, caiu e voltou a subir; cada hora vem um baque”, reclama Von Uban.
Mas, na indústria da borracha, não tem como substituir componentes, já que o produto tem que estar dentro da especificação e não pode perder a qualidade. O caminho que resta então é pesquisar muito na hora de escolher fornecedores, já que há uma grande variação de preço dos insumos.
Também é muito difícil repassar os preços, porque as encomendas são feitas com prazos longos, que chegam a seis meses. Neste prazo, o dólar pode cair, mas pode subir outra vez. “O remédio é negociar com o cliente, deixando claro que os custos subiram”, aponta o dirigente do SinborMinas.
Mão de obra
A mão de obra continua sendo um grande problema e não só aquela específica para o setor de borracha, que emprega em Minas cerca de 14 mil trabalhadores. “Está faltando aquele funcionário de formação básica, que entra na empresa para aprender e vai crescendo ao longo do tempo. A empresa abre a vaga, chegam 50 currículos, a gente seleciona dez e só aparece um candidato”, revela.
Entre as empresas do setor de borracha, nenhuma tira o funcionário qualificado da outra. Sendo assim, é necessário formar o profissional. Antes da pandemia, o SinborMinas tinha um curso com o Senai para capacitar técnicos para a indústria da borracha. “Hora de ter outro”, diz Von Urban.
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