Economia

Produção de ferro-gusa deve crescer 7% em MG

Produção de ferro-gusa deve crescer 7% em MG
O ferro-gusa faz parte da cadeia de produção do aço e da cadeia de fundição; cerca de 54% do volume do Estado foi exportado em 2021 | Crédito: Divulgação

As indústrias de ferro-gusa do Estado projetam um crescimento de 7% em 2021. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro do Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), Fausto Varela Cançado, o setor vem se recuperando nos últimos cinco anos. Em 2020 e em 2019, houve altas de 11%. Neste ano, a produção no Estado deve chegar a 4,150 milhões de toneladas de gusa. Aproximadamente 54% foram destinados a exportações e os outros 46% foram vendidos para o mercado interno. 

‘’Consideramos que foi um bom ano, apesar das adversidades e de ainda estarmos em pandemia. E esperamos repetir esse crescimento em 2022. Temos um olhar otimista e o mercado pode ficar mais forte. No ano passado, houve uma retração, alguns fornos de aciarias, no mercado interno, paralisaram a produção, devido à Covid-19, mas agora já retornamos à normalidade e o mercado externo também está reagindo’’, afirma Fausto Varela Cançado. 

Neste ano, mais cinco usinas voltaram a operar, chegando a 50 unidades em Minas. ‘’Aumentou nossa capacidade instalada em praticamente 8%. Com isso, foram abertos mais 1.000 postos de trabalho diretos e outros 5.000 indiretos’’.

O ferro-gusa faz parte da cadeia de produção do aço e da cadeia de fundição. É a primeira transformação do minério de ferro, que depois é transformado em aço (bruto e inox), máquinas, equipamentos, peças de automóveis e outros produtos, como bisturis. Minas, este ano, está sendo responsável por 73% da produção nacional. Os clientes no exterior são Estados Unidos, China, Holanda, Reino Unido, México, Argentina e Chile. No mercado interno, 60% do ferro-gusa são vendidos para aciarias das regiões Sudeste e Sul e o restante para fundições. 

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O presidente do Sindifer-MG diz que uma tendência do mercado é exigir produtos cada vez mais sustentáveis. E o ferro-gusa mineiro segue essa linha. ‘’Nossas usinas utilizam apenas o carvão vegetal, que é o carvão de madeira de florestas plantadas, o que torna nossa produção sustentável, bem diferente do produzido em outros países, que utilizam carvão mineral, que é fóssil, extremamente poluente e causa impactos ao meio ambiente”.

‘’Estamos trabalhando para desenvolver um pensamento nas empresas para que elas percebam e valorizem este diferencial. Criar o conceito de que a venda de um produto sustentável é melhor para a imagem dela, como foi tratado na COP 26 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, realizada em novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia)’’, diz.

Preços e insumos 

O valor do minério foi um entrave para a indústria do ferro-gusa. ‘’O preço da tonelada no mercado externo chegou a níveis insuportáveis. Houve uma alta expressiva, chegando a US$ 230, e só começou a cair a partir de meados do segundo semestre, recuando ao patamar de US$ 130 e, de lá para cá, vem oscilando’’, reclama Fausto Varela Cançado. Além do minério, o carvão vegetal também teve alta e tudo isso acaba refletindo no preço do gusa. Mesmo assim, o presidente do Sindifer-MG garante que ‘’não haveria condições de repassar tudo, houve uma mobilização para não causar grandes impactos para os clientes’’.

Também houve muita dificuldade no abastecimento para as indústrias guseiras. Em vários momentos, faltou minério de ferro. E Minas, que tem produção suficiente para atender as aciarias, precisou ir às compras.

‘’As usinas tiveram que buscar minério em estados como Bahia, Mato Grosso do Sul e até na Bolívia’’, relata Cançado. Houve pequenas interrupções no setor e, consequentemente, redução na produtividade nominal. Mas o quadro de funcionários foi mantido. ‘’As usinas viram que a produção poderia voltar, suportaram e seguraram o pessoal para não causar um problema social’’, afirma o presidente do Sindifer-MG.

Um problema que até hoje não foi resolvido é a qualidade do minério de ferro fornecido para as indústrias de ferro-gusa. Fausto Varela Cançado explica que o insumo vem com contaminantes, principalmente a sílica, que acabam por gerar escórias em maior quantidade, que acabam prejudicando a produtividade. É outro fator que tem levado as usinas a comprarem a matéria-prima em outros estados. ‘’Muitas vezes somos obrigados a buscar fora de Minas para melhorar a qualidade e manter o abastecimento’’, concluiu.

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