Produção de motos cresce 13,9% e alcança melhor resultado em nove anos

A produção industrial de motocicletas no Brasil cresceu 13,9% no primeiro semestre de 2023 se comparado com o mesmo período do ano passado. As fábricas instaladas no Polo Industrial de Manaus produziram 764.271 motos no primeiro semestre e o resultado é o melhor desde 2014, de acordo com informações da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
Em junho, foram 95.274 motocicletas fabricadas, número 6,3% inferior na comparação com o ano passado. Porém, no acumulado do ano, o número de motos emplacadas foi de 780.070, aumento de 22,5% em relação ao mesmo período de 2022.
No sexto mês do ano, 140.387 motocicletas foram emplacadas, um aumento de 16,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. E a média diária de vendas do mês, que teve 21 dias úteis, foi de 6.685 unidades.
Na concessionária Roma Yamaha da avenida do Contorno, em Belo Horizonte, o supervisor de vendas Demétrius Augusto Chagas confirma os bons números. Neste ano, já foi vendida na concessionária a mesma quantidade comercializada durante todo o ano de 2022. “E ainda estamos em julho. Nossa expectativa é continuar vendendo ainda mais”, comemora.
Alto preço dos automóveis e ganho de tempo
Os motivos do aumento, na visão dele, são muitos. “Os valores dos carros estão muito altos, o preço do combustível também. Estão maiores do que os praticados durante e até antes da pandemia”, avalia.
Outro fator seria o ganho de tempo. “Muitas migram do carro para a moto em função do trânsito. Abrem mão do conforto, deixam o carro, às vezes até na garagem, e compram uma moto só para ir trabalhar e ganhar tempo”, analisa o supervisor de vendas.
Na concessionária da Honda, a percepção é semelhante. De acordo com o vendedor da MotoBH, Rodrigo Castorino, a venda subiu 33%. “A gente estava fechando uma média de 180 negócios e agora temos registrado 240”, diz.
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Renovação da frota
Outro motivo levantado por Chagas é a questão das entregas. Ele conta que muita gente que no passado comprou moto para trabalhar com entregas, agora está renovando o veículo.
Para ele, as montadoras também perceberam o movimento. “A Yamaha está focada em lançamentos. Além de atualizar as versões já existentes no portfólio, está lançando novidades”, conta Chagas.
Com relação às altas taxas de juros, Chagas explica que atrapalha um pouco, mas o cartão de crédito ajuda a superar o que poderia ser um problema. “Às vezes, só da pessoa conseguir parcelar em mais vezes, já cria uma condição para a compra”, diz.
Castorino, da concessionária Honda, diz que “o pessoal questiona, mas a gente consegue chegar numa boa condição para o cliente”. Ele alega que cerca de 60% dos negócios são fechados com financiamento.
Revisão das projeções para 2023
Com esses números, a Abraciclo acabou revisando sua projeção de produção para 1.560.000 unidades em 2023, uma alta de 10,4% frente ao ano passado. “Para o segundo semestre, com base nas projeções dos associados, aliado a um cenário macroeconômico favorável, acreditamos que a indústria alcançará um crescimento na ordem de mais de 10%”, disse o presidente da associação, Marcos Bento.
A Abraciclo também revisou as estimativas de vendas no varejo e de negócios com o mercado externo. Os licenciamentos devem totalizar 1.511.000 unidades, crescimento de 10,9% na comparação com o ano passado. Já para as exportações, a nova estimativa é de que sejam embarcadas 49.000 motocicletas, retração de 11,5% em relação a 2022.
Vendas no varejo
Com 408.942 unidades e 52,4% de participação no mercado, a Street foi a categoria mais emplacada no primeiro semestre de 2023. Em segundo lugar, ficou a Trail (145.364 motocicletas e 18,6% do mercado), seguida pela Motoneta (104.543 unidades e 13,4%).
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