Economia

Produção do parque fabril recua em Minas

Dados são de Sondagem da Fiemg
Produção do parque fabril recua em Minas
Crédito: Fábio Vicentini

A produção industrial em Minas voltou a recuar em abril após dois meses de crescimento. Era uma queda esperada, uma vez que o número de dias úteis foi menor. Por outro lado, o emprego aumentou pelo terceiro mês consecutivo e os industriais mineiros, pela 23ª vez, se disseram otimistas com as perspectivas de aumento de demanda, de compra de matérias-primas e número de contratações. 

Os dados são da pesquisa Sondagem Industrial de Minas Gerais, realizada pela gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), entre 2 e 10 de maio, com 58 grandes empresas, 45 médias e 55 pequenas empresas.

O índice de evolução da produção ficou abaixo dos 50 pontos – após dois meses acima desse patamar – e mostrou queda da produção em abril, com 48,2 pontos. O indicador diminuiu 9,2 pontos em relação a março (57,4 pontos), mas cresceu 1,4 ponto na comparação com abril de 2021 (46,8 pontos), sendo o mais elevado para o mês em três anos.

“A razão principal para a queda da produção foi a redução do tempo, já que enquanto março teve 22 dias úteis, abril contou apenas 19 – além de ser um mês menor, ele ainda registrou dois feriados, a Sexta-Feira Santa e o 21 de abril”, esclarece a analista de Estudos Econômicos da Fiemg, Daniela Muniz.

Ainda segundo a pesquisa, os estoques, que estiveram elevados durante cinco meses consecutivos, baixaram em abril para um patamar abaixo do esperado pelos empresários. O índice foi de 50,9 pontos. “Ou eles venderam mais do que imaginavam ou tiveram dificuldade de produzir o que planejaram, o que pode acontecer por algum problema de matéria-prima, por exemplo”, explica a analista.

Este, aliás, é um fator prejudicial à produção que acontece desde o início da pandemia. “O atraso na normalização da cadeia de suprimentos não ocorreu apenas este mês, está aí há muito tempo, mas a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China estão fazendo com que o problema perdure”, acrescenta Daniela Muniz.

O índice de evolução do número de empregados registrou avanço do emprego pelo terceiro mês seguido em abril (51,2 pontos). Contudo, o indicador foi 1,2 ponto inferior ao verificado em março (52,4 pontos) e ficou 0,5 ponto abaixo do apurado em abril de 2021 (51,7 pontos). “A gente vê uma recuperação gradativa e gradual do nível de emprego, mas ele ainda é muito fraco”, ressalta a analista da Fiemg.

O índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual recuou 1,6 ponto na comparação com março (46,1 pontos), registrando 44,5 pontos em abril. Ao permanecer abaixo dos 50 pontos, o indicador mostrou – pela 17ª vez consecutiva – que as empresas operaram com capacidade produtiva inferior à habitual para o mês. Frente a abril de 2021 (46 pontos), o índice diminuiu 1,5 ponto, mas ficou 3 pontos acima da sua média histórica (41,5 pontos).

Expectativas

As intenções de investimento ficaram estáveis. O indicador registrou 60,4 pontos em maio, resultado igual ao verificado em abril. Ante maio de 2021 (59,6 pontos), o índice aumentou 0,8 ponto, sendo o mais elevado para o mês desde o início da série histórica, em 2014. O índice é elevado mas tem variado muito pouco, mostrando que os empresários têm disposição para investir, mas estão em compasso de espera.

As expectativas dos industriais mineiros para o próximo semestre seguem positivas há 23 meses, mesmo com um pequeno decréscimo em relação ao mês anterior. A expectativa de demanda registrou 57,6 pontos em maio, decréscimo de 1,5 ponto em relação a abril (59,1 pontos). O indicador de expectativa de compras de matérias-primas registrou 55,9 pontos em maio, recuo de 1,5 ponto frente ao mês anterior (57,4 pontos). Já o índice de expectativa do número de empregados registrou 54,3 pontos em maio, resultado semelhante ao registrado no mês anterior.

“Podemos atribuir este resultado à sensação dos empresários de normalização das atividades. O período mais difícil da pandemia passou e as medidas governamentais de incentivo ao consumo são um fator a mais: mesmo pontuais, injetam dinheiro na economia e em seus negócios. Contudo, o ambiente econômico fragilizado e a proximidade das eleições delineiam um panorama incerto para uma recuperação mais robusta da atividade industrial”, conclui a analista da Fiemg. 

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