Produção e empregos da indústria mineira registram queda

A atividade industrial mineira encerrou dezembro de 2022 em queda, após os índices de evolução de produção e emprego ficarem novamente abaixo dos 50 pontos – limite estabelecido entre queda e crescimento. Porém, devido à sazonalidade do período, o recuo já era esperado. É o que indica a Sondagem Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
Conforme o levantamento, no último mês do ano, o indicador de produção chegou a 43,4 pontos. O resultado foi inferior à margem predefinida pelo quarto mês consecutivo. Se comparado a outros intervalos, o índice caiu 4,1 pontos frente a novembro e subiu 2,9 pontos frente a dezembro de 2021. Com relação à média histórica de 47,9 pontos, houve retração de 4,5 pontos.
Já o indicador do número de empregados chegou a 48,1 pontos e ficou aquém da marca pelo segundo mês seguido. Quando confrontado com novembro, o índice recuou 0,6 pontos, já no confronto com dezembro do ano imediatamente anterior houve uma leve queda de 0,2 pontos.
“Habitualmente, a indústria tem uma desaceleração no fim do ano porque a entrega, normalmente, ocorre até outubro. Então, a tendência é chegar em novembro e dezembro e dar uma desacelerada mesmo, pois na verdade, o que foi produzido já está no comércio sendo vendido para o Natal, festas de final de ano e tudo mais”, explica a coordenadora de pesquisa da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da entidade, Daniela Muniz.
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Ao mesmo tempo, as indústrias do Estado operaram com capacidade de produção ociosa pelo 25º mês sucessivo. Isso porque o índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual para a época registrou 44,6 pontos. Frente a novembro, o indicador apurado caiu 0,1 ponto. Contra dezembro de 2021, houve crescimento de 3,3 pontos.
Embora a atividade tenha recuado, os níveis de estoques das indústrias aumentaram e as empresas encerraram o ano com excesso de armazenamento. O primeiro índice fechou dezembro com 51,5 pontos e o segundo alcançou 52,6 pontos. Estes resultados sugerem uma demanda abaixo da esperada pelos empresários.
Último trimestre
A pesquisa também apurou as condições financeiras das indústrias mineiras no último trimestre do ano passado. Conforme o levantamento, o índice de satisfação com o lucro operacional chegou a 49 pontos e o índice de satisfação com as condições de acesso ao crédito chegou a 44,7 pontos, mostrando insatisfação das empresas em ambos os casos.
Já o indicador de satisfação com a situação financeira registrou 51,9 pontos. Embora tenha recuado em relação ao trimestre anterior, o índice ficou acima da margem de 50 pontos, indicando que os empresários estão satisfeitos com a atual condição.
Ainda de acordo com a pesquisa, o problema mais enfrentado pelos industriais nos últimos três meses foi a falta ou alto custo da matéria-prima, recebendo 32,7% das respostas. O item foi apontado como o maior entrave pela décima vez seguida. A elevada carga tributária (26,2,%) e a demanda interna insuficiente (25,6%) vieram na sequência.
“Apesar de continuar no primeiro lugar pela décima vez seguida, o número de indústrias que têm mencionado essa dificuldade caiu pelo quarto trimestre seguido. Então, podemos atribuir a perda de relevância desse problema a um contexto de normalização gradativa da cadeia de suprimentos”, ressalta a coordenadora.
Expectativas
A Sondagem Industrial também revelou a expectativa dos empresários para os próximos seis meses. O indicador de demanda marcou 54,2 pontos em janeiro; o de compras de matérias-primas 53,8 pontos; o do número de empregados 51,2 pontos, e a intenção de investimentos 56,3 pontos.
Apesar dos índices apontarem um certo otimismo das indústrias, Daniela Muniz pontua que há preocupação quanto ao cenário econômico vivenciado hoje, ao qual se refere como desafiador. Segundo ela, a elevada inflação e a consequente alta de juros estão causando uma desaceleração global, o que afeta diretamente a atividade industrial. A coordenadora também afirma que é necessário aguardar a política econômica e fiscal que o novo governo brasileiro irá adotar.
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