Produção e faturamento da mineração recuam

A produção mineral no Brasil ficou menor ao longo do primeiro trimestre de 2022. Impactada pelas chuvas abundantes do início do ano e pela redução da importação por parte dos chineses, a produção caiu 13% frente ao primeiro trimestre de 2021, somando 200 milhões de toneladas.
No faturamento, de R$ 56,2 bilhões, a redução chegou a 20%. Segundo as estimativas do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), os investimentos da indústria da mineração no Brasil deverão somar US$ 40,4 bilhões no período de 2022 a 2026. Somente em Minas Gerais serão aportados US$ 11 bilhões.
Para o restante do ano as estimativas são de recuperação das perdas do primeiro trimestre, mas a tendência é encerrar o ano com desempenho equivalente ou pouco acima de 2021.
Ao longo do primeiro bimestre, de um faturamento de R$ 56,2 bilhões no País, Minas Gerais foi responsável por R$ 20,2 bilhões, queda de 28% frente ao mesmo período do ano passado. O Estado concentra o segundo maior faturamento da mineração no País, atrás somente do Pará.
No País, o minério de ferro apresentou o maior faturamento no período, R$ 32,7 bilhões, mas com queda de 33%. O ouro, que representou 11% do faturamento total, movimentou R$ 6,5 bilhões, 14% a menos do que no primeiro trimestre de 2021.
De acordo com o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, um dos fatores que freou a produção e o faturamento da mineração nacional foi a desaceleração das importações feitas pela China. Segundo os dados do Ibram, a China, principal compradora de minérios do Brasil, reduziu em 31% as compras no primeiro trimestre de 2022, se comparado com igual período de 2021.
Também contribuiu para o resultado negativo do setor da mineração as fortes chuvas em Minas Gerais e diversas manutenções em unidades operacionais pelo País.
“A desaceleração que aconteceu em termos de faturamento e de produção foi em função das fortes chuvas em Minas e no Pará. Mas, a tendência é de recuperar ao longo do ano. Além das chuvas excessivas, nos primeiros meses do ano diversas unidades fizeram paradas para manutenção”.
Ainda segundo Jungmann, a redução da demanda chinesa impactou de forma negativa na produção e no faturamento. Entre os fatores que interferiram na importação por parte dos chineses está a redução da produção nas siderúrgicas para melhorar as condições ambientais ao longo dos jogos olímpicos de inverno, determinação que veio do governo chines.
“Ao mesmo tempo, houve um maior controle de preços no caso da China e isso impactou muito tanto na produção quanto no faturamento, porque a China é líder em cinco dos nove produtos mais exportados pelo Brasil, com destaque para o minério do ferro”, explicou.
Exportações
No primeiro trimestre, as exportações de minérios totalizaram US$ 9,4 bilhões, queda de 22,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 75,7 milhões de toneladas de produtos minerais exportados no intervalo, 11% a menos.
Entre os minerais, o minério de ferro concentra os maiores valores. As exportações de 72,3 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre movimentaram US$ 6,4 bilhões, queda de 11,1% em volume e de 30,9% em faturamento.
As exportações de 21,4 toneladas de ouro geraram uma receita de US$ 1,15 bilhão, resultado 9,5% menor em volume e queda de 6,1% em faturamento.
Investimentos
Os investimentos do setor da mineração no Brasil deverão somar US$ 40,4 bilhões entre 2022 e 2026. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) , o valor está cerca de US$ 900 milhões abaixo da projeção de investimentos para o período de 2021/2025, isto devido à conclusão de projetos no ano passado. Dos US$ 40,4 bilhões previstos, 46% ou US$ 18,7 bilhões já estão em execução.
Minas Gerais receberá a maior parte dos aportes. A estimativa é de investimentos na ordem de US$ 11,1 bilhões ou 27% do total. O diretor do Ibram, Júlio Nery, explicou que a maior parte dos recursos é direcionada a Minas Gerais em função dos projetos de descaracterização de barragens a montante.
O minério de ferro receberá os maiores aportes até 2026: US$ 13,6 bilhões, à frente de minérios de fertilizantes US$ 5,75 bilhões e de bauxita US$ 5,56 bilhões.
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