Produção da indústria volta a crescer em Minas Gerais
A produção da indústria cresceu 0,7% em Minas Gerais em setembro deste ano ante o mesmo período de 2024, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11). Foi a primeira alta na comparação interanual desde junho, quando subiu 3%. Em julho, houve retração de 0,7% e, em agosto, de 4,8%.
Contribuindo para o resultado registrado pelo setor no Estado, cinco, das 14 atividades analisadas, apresentaram avanços. A maior variação percentual foi de celulose, papel e produtos de papel (28,7%), enquanto a principal influência positiva veio de produtos alimentícios (7%). Máquinas e equipamentos (23,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (11,9%) e metalurgia (2,4%) foram os outros segmentos que expandiram.
Na direção oposta, a maior queda ocorreu em máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-19,6%). Na sequência vieram: coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-6,53%), produtos de minerais não metálicos (-6%), produtos do fumo (-5,5%), produtos químicos (-2,9%), indústrias extrativas (-2,3%), bebidas (-1,6%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-0,3%), e produtos de borracha e de material plástico (-0,2%).
A respeito do resultado interanual o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Italo Spinelli da Cruz ressalta que a indústria extrativa ainda não conseguiu recuperar o fôlego, mas a de transformação tem performado bem (alta de 1,8%).
Sobre os segmentos que se destacaram, ele diz que a produção de carnes bovinas e de aves e a torrefação de café ajudaram a impulsionar a performance de produtos alimentícios. Já a de máquinas e equipamentos foi estimulada, por exemplo, por elevadores de carga, máquinas para peneirar minerais e motoniveladoras. Enquanto isso, a fabricação tanto dos próprios veículos quanto de componentes deles motivou o desempenho de veículos automotores.
Setor surpreende e avança mesmo com o tarifaço
Em relação ao mês imediatamente anterior, a produção da indústria mineira teve um incremento de 1,3% no nono mês do ano. Nesse caso, não há dados por segmento.
O economista ressalta que o setor surpreendeu e avançou mesmo com todas as preocupações que surgiram diante do tarifaço dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros. Além disso, de acordo com ele, a indústria extrativa cresceu no comparativo mensal, o que, de certa forma, é animador, já que tem registrado reduções.
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Alta de 0,7% no acumulado do ano
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, ante igual época do ano passado, a produção industrial em Minas Gerais subiu 0,7%. Oito, das 14 atividades, contribuíram para o resultado. A maior variação e a principal influência veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (14,1%). Os resultados dos outros segmentos foram esses, segundo o IBGE:
- celulose, papel e produtos de papel (7,6%);
- produtos químicos (6,3%);
- máquinas e equipamentos (5,4%);
- metalurgia (1,6%);
- produtos alimentícios (1,1%);
- produtos de borracha e de material plástico (0,2%);
- produtos do fumo (0,1%);
- bebidas (-0,4%);
- indústrias extrativas (-1,2%);
- coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-1,7%);
- produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-3%);
- produtos de minerais não metálicos (-5,5%);
- máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,8%).
Acerca dos segmentos, Spinelli da Cruz pontua que medidas internas, mas, sobretudo, fatores externos, aqueceram a indústria automotiva mineira. Ele menciona a melhora na economia argentina, que resultou no aumento das exportações de veículos do Brasil ao país, além dos subsídios do governo federal para compra de carros mais sustentáveis.
Ainda sobre as atividades que sobressaíram, o economista diz que a produção de insumos usados na agricultura, como fertilizantes, fungicidas e fosfatos, puxou o desempenho de produtos químicos. E que itens como caixas de papelão e fraldas descartáveis estimularam a indústria de papel e celulose, que não tem um grande peso para o setor no Estado.
Fábrica da Heineken pode contribuir para avanço da produção da indústria no Estado
Conforme o economista da Fiemg, algo que pode contribuir para o avanço da produção da indústria em Minas Gerais daqui para frente é a nova cervejaria da Heineken, inaugurada em Passos, no Sul do Estado, na última quinta-feira (6). “A indústria de bebidas, em termos gerais, está variando negativamente, mas é uma grande fábrica, e podemos esperar nos próximos meses, talvez, um expressivo resultado para esse segmento”, analisa.
Outro fator que tende a estimular o setor industrial mineiro, segundo ele, são as novas linhas de crédito para compra da casa própria. Isso deve estimular a construção civil, gerando efeito sobre a produção de minerais não metálicos e na metalurgia.
“Uma preocupação que está em diálogo, tentando-se evitar, é a falta de semicondutores, para não ter desabastecimento na produção do setor automotivo e para manter os resultados positivos até o fim do ano”, pondera Spinelli da Cruz. Sobre esse problema, a diplomacia brasileira chegou a um acordo com a China visando evitar a escassez do insumo.
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