Produção da indústria cresce 2% em Minas Gerais no semestre

A indústria de Minas Gerais registrou um crescimento de 2% na produção no primeiro semestre deste ano ante o mesmo intervalo de 2024, conforme a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado do Estado ficou acima da média nacional (1,2%) e na sétima posição entre as 18 localidades pesquisadas pela entidade – Pará apresentou o avanço mais acentuado no período (6,9%).
De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira (8), o desempenho mineiro foi puxado pela área de transformação, que cresceu 2,8%, enquanto a extrativa se manteve estável, com leve alta de 0,1%. A fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias subiu 18,9%, e a de produtos químicos, 14,9%, impulsionando a performance do segmento.
O economista do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) Adriano Miglio Porto explica que a produção de veículos vem puxando os resultados da indústria manufatureira já há algum tempo, motivada por políticas governamentais para expansão de vendas. Ele também diz que os produtos químicos englobam fertilizantes e defensivos agrícolas, como herbicidas, fungicidas e inseticidas, itens bastante usados pelo agronegócio.
Indústria mineira avança 3% em junho na comparação anual e 2,8% na relação mensal
Em linha com o crescimento acumulado em 2025, a indústria de Minas Gerais registrou avanço de 3% na produção em junho, em comparação ao mesmo mês do ano passado. O resultado superou o nacional (-1,3%) e foi o sexto maior da pesquisa – Espírito Santo liderou (17,4%). Neste caso, tanto o ramo de transformação (3,3%) quanto o extrativo (2,1%), tiveram bons desempenhos, contribuindo para a performance mineira.
Em relação a maio deste ano, o setor cresceu 2,8% no Estado. O avanço foi maior que a média brasileira (0,1%) e ficou em segundo lugar entre as localidades pesquisadas, ao lado da região Nordeste – Pernambuco registrou o principal incremento (5,9%). Nesse comparativo, o levantamento do IBGE não traz dados por segmento.
Segundo Porto, a indústria mineira puxou o resultado do Brasil na comparação mensal, mesmo que a pernambucana tenha ficado à frente, devido ao peso da atividade em Minas Gerais. O economista do BDMG ressalta que São Paulo, por exemplo, a principal força industrial do País, apresentou um resultado negativo (-0,6%).
Impactos da taxa de juros no setor e perspectivas para o restante do ano
Apesar do desempenho positivo no sexto mês do ano e no acumulado semestral, a indústria de Minas Gerais tem desafios a serem enfrentados. Um deles são os efeitos contracionistas da alta taxa real de juros que, conforme o economista do BDMG, tem impacto defasado, mas como os juros estão em patamar elevado há um bom tempo, já pode ser sentido pelo setor.
Porto ressalta que o reflexo da atual conjuntura pode ser observado nas oscilações das taxas mensais da atividade no Estado. De fato, a PIM Regional mostra que, em 2025, a produção industrial mineira oscilou bastante na passagem entre um mês e outro: janeiro (1%), fevereiro (0%), março (1%), abril (0,7%), maio (-1,6%) e junho (2,8%).
Outro desafio para a indústria mineira é o tarifaço do governo norte-americano. Com a tarifa de 50% que diversos produtos brasileiros terão que pagar para entrar nos Estados Unidos, as exportações de Minas Gerais para este mercado podem ser afetadas, principalmente as de segmento como siderurgia e tubos de aço, segundo o economista.
Diante de um cenário de incertezas, Porto afirma que não há como prever como serão os próximos meses da indústria mineira, mas que espera que o resultado anual não seja inferior ao do último ano, de 2,5%. “Como tivemos uma performance muito boa no primeiro semestre, mesmo que ocorra uma desaceleração no segundo, a nossa expectativa é de que, pelo menos, o crescimento do setor não fique abaixo do alcançado em 2024”, afirma.
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