Economia

Produção da indústria de Minas Gerais recua pelo segundo mês consecutivo

Em junho, o índice foi de 48,6 pontos, abaixo dos 50, a fronteira entre recuo e expansão
Produção da indústria de Minas Gerais recua pelo segundo mês consecutivo
Crédito: Reprodução Adobestock

A produção da indústria estadual reduziu pelo segundo mês consecutivo. Em junho, o índice foi de 48,6 pontos, abaixo dos 50, a fronteira entre recuo e expansão. O indicador apresentou baixa de 0,8 ponto na comparação com maio (49,4 pontos), porém, avançou 1,8 ponto em relação a junho de 2023 (46,8 pontos). Os dados são da pesquisa Sondagem Industrial, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

A queda na produção industrial no Estado foi influenciada pelo menor número de dias úteis em junho, explica a economista da Fiemg, Daniela Muniz, que fala sobre os principais desafios apontados na pesquisa (leia a análise completa ao final do texto).

O índice de evolução do número de empregados, com 49,9 pontos, mostrou estabilidade do emprego na indústria de Minas Gerais durante o mês. O indicador subiu 2,1 pontos em relação a maio (47,8 pontos) e caiu 1 ponto frente a junho de 2023 (50,9 pontos), sendo o mais baixo para o mês em quatro anos.

Já a utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual marcou 46,4 pontos em junho e ficou abaixo dos 50 pontos, o que indica que as empresas operaram com capacidade produtiva inferior à habitual do mês. O índice subiu 2,5 pontos frente a maio e avançou 2,7 pontos em relação a junho de 2023 (43,7 pontos). Foi o maior valor em 22 meses.

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Após dois meses de alta, os estoques de produtos finais recuaram em junho. O índice registrou 47,3 pontos – abaixo de 50 pontos indica queda nos estoques. Apesar disso, eles ficaram um pouco acima do nível planejado pela indústria, o que indica demanda por bens inferior à esperada em Minas Gerais.

Expectativas de demanda e investimentos da indústria

A expectativa de demanda registrou 57,8 pontos em julho e mostra perspectiva de elevação da demanda nos próximos seis meses, pelo 49º mês consecutivo, ao ficar acima dos 50 pontos. O indicador apresentou alta de 2,6 pontos na comparação com junho (55,2 pontos) e de 2 pontos ante julho de 2023 (55,8 pontos), sendo o maior desde setembro de 2022.

Com relação às expectativas da indústria de Minas Gerais para os próximos seis meses, a compra de matérias-primas marcou 55,6 pontos em julho, avanço de 2,8 pontos em relação a junho (52,8 pontos) e de 0,7 ponto em relação a julho de 2023 (54,9 pontos).

O índice de expectativa de número de empregados registrou 53,3 pontos no mês e voltou a sinalizar aumento do emprego industrial no Estado nos próximos seis meses, após indicar queda no mês anterior. A intenção de investimento marcou 59,2 pontos, leve alta de 0,2 ponto frente a junho (59 pontos), mas 0,3 ponto inferior ao apurado em julho de 2023 (59,5 pontos).

Taxa de câmbio cresce entre problemas da indústria de Minas Gerais

A Sondagem Industrial aponta que os principais problemas enfrentados pelo empresariado mineiro são, nesta ordem e pelo terceiro trimestre consecutivo, a elevada carga tributária, a demanda interna insuficiente e a falta ou alto custo de trabalhador qualificado.

Mas a taxa de câmbio, antes fora da lista dos dez maiores problemas da indústria de Minas Gerais, agora foi a sexta mais citada na pesquisa. O fato é explicado pela recente depreciação cambial do País, motivada pela manutenção das altas taxas de juros nos Estados Unidos.

“As taxas de juros em países envolvidos, como nos Estados Unidos, estão elevadas, isso faz com que ocorra uma fuga de capitais, um movimento natural”, afirma Muniz. “O fortalecimento do dólar acaba acrescentando um novo risco para a inflação doméstica brasileira, porque muitos insumos são comprados em dólar”, completa.

Mas um fator interno também contribuiu para a alta da moeda americana: a piora na percepção do risco fiscal do País. Muniz explica que isso contribui para piorar o desempenho do real também frente a outras moedas. “Está muito relacionado à falta de medidas para conter os gastos públicos. Isso vai contribuindo para aumentar incerteza sobre a estabilidade econômica do País, eleva as expectativas de inflação e pressiona o dólar para cima”, comenta.

Já a taxa básica de juros (Selic) permaneceu estável como oitavo problema mais citado pelos empresários industriais. Estar fora das primeiras citações não significa que falta preocupação e efeitos à indústria de Minas Gerais, mas que há uma precificação da política monetária restritiva do Banco Central. “Os empresários já sabem que as taxas de juros vão permanecer elevadas por algum tempo. A tendência é que eles precifiquem isso, mas não é por isso que não vão continuar tendo dificuldades”, finaliza Muniz.

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