Economia

Produção da indústria volta a cair em Minas Gerais

Atualizado em 25 de julho de 2025 • 19:47
Produção da indústria volta a cair em Minas Gerais
Foto: Divulgação Banco de Mídia CNI

A produção da indústria de Minas Gerais voltou a cair em junho, após subir no mês anterior, quando interrompeu uma sequência de seis meses consecutivos de queda. No mês, o índice foi de 46 pontos, abaixo dos 50, a fronteira entre recuo e expansão. Este é o menor patamar para o mês de junho em seis anos. O indicador apresentou queda de 5,6 pontos na comparação com maio (51,6 pontos) e de 2,6 pontos em relação a junho de 2024 (48,6 pontos).

Os dados são da Sondagem Industrial divulgada nesta sexta-feira (25) pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

O índice de evolução do número de empregados, com 48,4 pontos, também mostrou queda do emprego no setor industrial do Estado durante o mês. O indicador apresentou leve retração em relação a maio (48,8 pontos), mas caiu 1,5 ponto frente a junho de 2024 (49,9 pontos).

Já a utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual marcou 41,8 pontos em junho e ficou abaixo dos 50 pontos, o que indica que as empresas operaram com capacidade produtiva inferior à habitual do mês. O índice recuou 1,2 ponto frente a maio (43 pontos) e 4,6 pontos em relação a junho de 2024 (46,4 pontos).

O levantamento da Fiemg aponta ainda que os estoques de produtos finais recuaram no sexto mês do ano. O índice registrou 49,8 pontos – abaixo de 50 pontos indica queda nos estoques. Eles ficaram dentro do nível planejado pela indústria, de 50,1 pontos, o que indica uma demanda por bens adequada à esperada em Minas Gerais.

Expectativas de demanda e investimentos da indústria de Minas

A expectativa de demanda registrou 54,1 pontos em julho e mostra perspectiva de elevação da demanda nos próximos seis meses, pelo sétimo mês consecutivo, ao ficar acima dos 50 pontos. O indicador ficou estável na comparação com junho e caiu 3,7 pontos ante julho de 2024 (57,4 pontos). Foi o menor resultado registrado para este mês nos últimos oito anos.

Com relação às expectativas da indústria de Minas Gerais para os próximos seis meses, a compra de matérias-primas marcou 52,4 pontos em julho, leve queda de 0,2 ponto em relação a junho (52,6 pontos), mas uma baixa de 3,2 pontos em relação a julho de 2024 (55,6 pontos). Este resultado foi o menor apurado para o mês de julho nos últimos sete anos.

O índice de expectativa de número de empregados registrou 50,8 pontos no mês e sinaliza, pelo sexto mês consecutivo, aumento do emprego industrial no Estado nos próximos seis meses. A intenção de investimento marcou 59,4 pontos, aumento de 0,8 ponto frente a junho (58,6 pontos) e de 0,2 ponto ante o apurado em julho de 2024 (59,2 pontos).

Com “sinais dúbios” na economia, tarifaço aumenta incerteza para indústria

A economista da Fiemg Daniela Muniz aponta que a retração da indústria foi além do menor número de dias úteis em junho, em relação a maio, já que o índice também caiu na comparação ano a ano e no nível de emprego, o que sinaliza um “ajuste” para uma menor atividade.

“Já temos visto indicadores demonstrando certa desaceleração na economia. Por outro lado, outros estão bem aquecidos. Ainda temos sinais dúbios e, no caso, como foi específico do mês, temos que acompanhar outros meses para ver se já é um sinal de desaceleração”, explica.

Ela aponta que, no cenário interno, há vários fatores para uma deterioração da economia, como a persistência da inflação nacional acima da meta do Banco Central (BC), que reduz o consumo interno e, por consequência, a demanda por bens industriais, e o patamar da taxa básica de juros (Selic), o mais alto desde julho de 2006, ainda durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aumenta o custo financeiro das empresas.

A tendência é que o segundo semestre seja difícil para a indústria, aponta Daniela Muniz. A segunda metade do ano, tradicionalmente, é melhor para o setor produtivo do que os primeiros seis meses. Mas, dessa vez, o período conta com a incerteza gerada pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.

A economista destaca que as expectativas do empresariado industrial continuam positivas, mas menos intensas do que em anos anteriores. O cenário interno de pressão inflacionária, Selic alta e incerteza quanto à situação fiscal do País, combinado ao tarifaço de Trump e a uma perspectiva de desaceleração econômica global, sobretudo da China, reduz o otimismo para uma produção maior, principalmente em setores mais expostos ao mercado externo.

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