Economia

Produção da indústria volta a subir em Minas Gerais em setembro

Indicador da Fiemg apresentou aumento de 5,8 pontos na comparação com agosto
Atualizado em 24 de outubro de 2025 • 19:30
Produção da indústria volta a subir em Minas Gerais em setembro
Foto: Reprodução/Adobe Stock

A produção da indústria mineira voltou a subir em setembro, após cair em agosto. No mês, o índice foi de 50,1 pontos, acima dos 50, a fronteira entre recuo e expansão. O indicador apresentou aumento de 5,8 pontos na comparação com agosto (44,3 pontos) e de 2,2 pontos em relação a setembro de 2024 (47,9 pontos). Os dados são da pesquisa Sondagem Industrial, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O índice de evolução do número de empregados, com 48,1 pontos, mostrou queda do emprego no setor industrial do Estado durante o mês. Entretanto, o indicador apresentou crescimento em relação a agosto (45,8 pontos), mas caiu 1,4 ponto frente ao mesmo mês do ano passado (49,5 pontos).

Já a utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual marcou 43,1 pontos em setembro e ficou abaixo dos 50 pontos, o que indica que as empresas operaram com capacidade produtiva inferior à habitual do mês. O índice aumentou 2,4 pontos em relação a agosto (40,7 pontos), mas recuou 1,7 ponto em relação a setembro de 2024 (44,8 pontos). O resultado ficou 1 ponto acima da média histórica (42,1 pontos).

O levantamento da Fiemg aponta ainda que os estoques de produtos finais caíram no nono mês do ano. O índice registrou 47 pontos – abaixo de 50 pontos indica redução dos estoques. Eles ficaram levemente abaixo do nível planejado pela indústria, de 48,9 pontos, o que indica uma demanda por bens ficou acima do esperado pelo setor industrial em Minas Gerais.

Expectativas de demanda e investimentos da indústria de Minas

A expectativa de demanda registrou 52,1 pontos em outubro e voltou a mostrar uma perspectiva de elevação da demanda nos próximos seis meses, ao ficar acima dos 50 pontos. O indicador subiu 3,8 pontos na comparação com setembro (48,3 pontos), mas caiu 2,2 pontos ante outubro de 2024 (54,3 pontos). Foi o menor resultado registrado para este mês nos últimos nove anos.

Com relação às expectativas da indústria de Minas Gerais para os próximos seis meses, a compra de matérias-primas marcou 50,7 pontos em outubro, uma alta de 3,5 pontos em relação a setembro (52,4 pontos), mas uma baixa de 2,7 pontos em relação a outubro de 2024 (53,4 pontos). Este resultado também foi o menor apurado para o mês de outubro nos últimos nove anos.

O índice de expectativa de número de empregados registrou 49,6 pontos no mês e continua a sinalizar recuo do emprego industrial no Estado nos próximos seis meses pelo terceiro mês consecutivo. A intenção de investimento marcou 55,6 pontos, crescimento de 1,1 ponto frente a setembro (54,5 pontos), mas recuo de 4,4 pontos ante o apurado em outubro de 2024 (60 pontos).

Selic gera mais insatisfação da indústria e demanda insuficiente reflete desaceleração econômica

A economista da Fiemg Daniela Muniz explica o retrato que a Sondagem Industrial mostrou do setor em Minas no último trimestre. O levantamento aponta que o empresariado industrial continua com dificuldades com relação à situação financeira das empresas, com um índice de satisfação de 47,4 pontos, abaixo dos 50 pontos, o que denota o descontentamento dos industriais com a situação financeira dos seus negócios pelo terceiro trimestre consecutivo.

O índice de satisfação relativo à margem de lucro marcou 40,5 pontos e mostrou insatisfação da indústria mineira com o lucro operacional dos seus negócios pela 12ª vez consecutiva.

Mas o que realmente chamou atenção na pesquisa da Fiemg, segundo a economista, foi a insatisfação dos industriais mineiros com o acesso ao crédito, com 37,9 pontos, bem abaixo dos 50 pontos e o pior resultado registrado em mais de cinco anos. Daniela Muniz analisa que essa insatisfação expressiva do empresariado industrial decorre principalmente da manutenção da taxa básica de juros (Selic) elevada por um período tão prolongado.

“Isso encarece o custo dos financiamentos e restringe também a tomada de crédito pelas empresas. Além disso, o aperto das condições bancárias e o aumento do risco de inadimplência também têm dificultado o acesso, especialmente para pequenas e médias indústrias, que estão sofrendo mais, muito ligado à questão dos juros altos”, avalia.

Ainda assim, mesmo com uma Selic historicamente elevada, que, em 15% ao ano, está no maior nível desde julho de 2006, a indústria de Minas Gerais apontou questões estruturais do País como os maiores problemas enfrentados pelo setor no último trimestre.

A elevada carga tributária e a falta ou alto custo de mão de obra qualificada foram as dificuldades mais citadas pelos empresários no levantamento da Fiemg, seguida da demanda interna insuficiente. Este último problema, aponta Daniela Muniz, reflete uma desaceleração da atividade econômica no Estado e no País que já tem sido observada nos últimos meses.

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