Produção industrial de MG registra crescimento de 3,3% em setembro

A retomada da economia após o período mais crítico da pandemia de Covid-19 está favorecendo a produção industrial. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em setembro, a atividade em Minas Gerais avançou 1,9% sobre agosto. Em relação a setembro de 2019, o aumento foi mais expressivo e chegou a 3,3%.
A tendência, caso não ocorram mudanças no cenário atual, é de recuperação gradual nos próximos meses, estimulada também pelas compras de fim de ano. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física divulgada ontem pelo IBGE.
De acordo com a economista do IBGE Minas, Claudia Pinelli, os resultados mostram que a produção nas indústrias está avançando, o que é positivo. Porém, no acumulado dos primeiros nove meses frente a igual período do ano passado, a produção ainda está 6,5% menor.
“A indústria vem mostrando sinais de recuperação após o período mais crítico da pandemia e do isolamento social. Os primeiros meses tiveram paralisações muito fortes que impactaram os resultados. Mas, desde agosto, estamos registrando avanços na produção”, disse.
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Segundo os dados do IBGE, na comparação com setembro de 2019, na qual foi registrada alta de 3,3%, a indústria que mais contribuiu para o resultado positivo foi a de transformação, que apresentou alta de 8,4%. O principal destaque foi a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, que apresentou incremento de 42,2%. Outros segmentos da indústria de transformação que apareceram de forma positiva foram os produtos alimentícios (8,1%), bebidas (10%), produtos do fumo (22,3%), têxteis (22,3%), fabricação de outros produtos químicos (16,6%) e fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (11,6%).
Por outro lado, foram observados recuos nas indústrias extrativas (-15,8%), metalurgia (-2,9%) e fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-2,7%).
“O resultado mostra que os setores estão retomando e, em setembro deste ano, o resultado foi mais positivo quando comparado com o mesmo mês do ano anterior. Isso é um indicativo de uma recuperação da produção industrial mais forte. Mas vale ressaltar também que parte do incremento está ligada a uma demanda reprimida, que a indústria vem atendendo após a redução das medidas de isolamento social”, explicou Claudia.
Ano – Já no acumulado de janeiro a setembro de 2020, frente a igual período do ano anterior, Minas Gerais apresentou recuo de 6,5%. No intervalo, o resultado negativo veio das indústrias extrativas, com queda de 11,3%, e de transformação, cuja produção caiu 5,3%.
Dentro da indústria de transformação, as maiores quedas foram na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-27,8%), fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-19,4%), fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-15,2%) e fabricação de máquinas e equipamentos (-19,6%).
A fabricação de outros produtos químicos aumentou 25,7%, seguida pela indústria de alimentos, que cresceu 10,7%.
No acumulado dos últimos 12 meses, a indústria geral de Minas apresentou retração de 7%, resultado das quedas de 16,4% na indústria extrativa e de 4,6% na de transformação.
“A queda acumulada está sendo reduzida a cada mês. O ambiente é de muitas incertezas políticas e econômicas. Mas mantendo as condições de hoje e pensando em Natal, que gera um aumento de demanda, espera-se que a recuperação se mantenha”, disse Claudia.
Bioeconomia é alternativa para desenvolvimento
Brasília – Medicamentos, biocombustíveis, cosméticos, tecidos, fibras de vidro. A biodiversidade aliada à tecnologia de ponta oferece possibilidades de produção sustentável. Essa é a promessa da bioeconomia, e o Brasil tem a vantagem de ter 20% da biodiversidade do planeta.
A Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) projetou o potencial de crescimento do setor de biotecnologia industrial – um dos segmentos da bioeconomia – para os próximos 20 anos. Segundo a entidade, o setor pode agregar aproximadamente US$ 53 bilhões anuais à economia brasileira, sendo US$ 20 bilhões em 120 plantas para produção de etanol de segunda geração e US$ 33 bilhões de bioprodutos derivados da celulose. Para isso, as empresas do setor precisariam investir em torno de US$ 132 bilhões anuais ao longo dos 20 anos.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), na União Europeia a bioeconomia movimenta 2,3 trilhões de euros, quase o Produto Interno Bruto (PIB) da França, a 7ª economia do mundo, e emprega 18 milhões de pessoas.
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a bioeconomia é uma importante alternativa para o desenvolvimento sustentável da Amazônia e para o cumprimento do compromisso brasileiro de redução de emissões de gases de efeito estufa, estabelecido no Acordo de Paris.
“Isso porque a floresta em pé passa a gerar mais riquezas e, com isso, aumenta o seu valor frente às outras alternativas”.
Segundo a CNI, entre os setores da indústria brasileira que vão crescer com o fortalecimento dessa agenda está o de medicamentos, cuja relação com os ativos da natureza vem de longa data.
A CNI realiza no dia 26 deste mês o Fórum Bioeconomia e a Indústria Brasileira. Em estudo lançado em agosto, a confederação enumera os desafios para o País avançar nesse segmento: regulamentação, inovação e investimentos.
Lei da biodiversidade – Em vigor desde 2015, a Lei da Biodiversidade e, mais recentemente, a ratificação do Protocolo de Nagoia no Congresso Nacional formaram o arcabouço jurídico sobre o tema no País.
Mas, para o protocolo ter validade, lembra a CNI, o governo federal ainda precisa depositar a Carta de Ratificação na Convenção da Diversidade Biológica (CDB), da Organização das Nações Unidas (ONU). Para ter direito a voto na próxima reunião da CDB, prevista para maio de 2021, em Kunming, na China, o Brasil precisa fazer o depósito até 90 dias antes do encontro.
Para a CNI, o avanço da bioeconomia depende também de aperfeiçoamentos no sistema de inovação do País. A entidade defende a liberação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). (ABr)
Siderurgia enfrenta gargalos em meio à retomada
Brasília – O secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, disse que a indústria do País vive forte retomada e já enfrenta gargalos em alguns setores, como no de aço, em que, segundo ele, há falta de vergalhões e aços planos em várias regiões.
Em participação em congresso da Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) ontem, Costa ressaltou um aumento da demanda por produtos de aço do setor de saneamento, na esteira da aprovação no Congresso do marco regulatório para o segmento que abriu mais espaço para o investimento privado.
O secretário destacou ainda uma melhoria no ambiente de negócios no País desde o início do atual governo. Segundo ele, o Custo Brasil, que foi estimado por sua secretaria em R$ 1,5 trilhão há um ano, já caiu a cerca de R$ 1,2 trilhão.
O valor, segundo Costa, corresponde ao custo para se fazer negócios no Brasil adicional ao que um empresário teria em um país mediano da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). (Reuters)
Custo Brasil representa 22% do PIB do País
Todos os anos, o Brasil desperdiça cerca de R$ 1,5 trilhão com o Custo Brasil, valor equivalente a aproximadamente 22% do Produto Interno Bruto (PIB). É o que aponta um levantamento feito pelo Ministério da Economia, em parceria com o setor privado. Esse valor é referente à despesa adicional com itens como burocracia, infraestrutura precária e insegurança jurídica ou regulatória.
O Custo Brasil faz referência abrangente a diversos fatores que têm influência negativa no ambiente empresarial brasileiro, entre elas, por exemplo, questões institucionais e tributárias. O estudo para elaboração do projeto considerou 12 itens, entre eles abrir um negócio, financiamento, empregar capital humano, pagamento de tributos, infraestrutura e ambiente jurídico e regulatório eficaz.
A pesquisa ainda considerou fatores do entorno institucional e macroeconômico que têm influência no Custo Brasil, como serviços públicos essenciais e de qualidade, equidade e inclusão econômica, estabilidade monetária, equilíbrio fiscal e balanço de pagamento equilibrado.
Para o responsável pelo projeto do Ministério da Economia, Jorge Luiz de Lima, a falta de conhecimento mútuo dos setores público e privado é um dos fatores que impulsionam o Custo Brasil. “Do mesmo jeito que o setor produtivo pouco conhece de governo, o inverso também é verdade. Travaram tanto a máquina administrativa que ninguém lá dentro consegue sair. Imagina que as pessoas que estão fazendo marcos regulatórios das leis não conhecem o Brasil, não conhecem o setor produtivo. Ditam a norma sem conhecer”, opina.
Segundo Jorge de Lima, todos os estados brasileiros devem ser incluídos no projeto, respeitando as particularidades de cada região. “Temos que fazer o Custo Brasil de ponta a ponta (do País). É a única chance de enxergar o Brasil como um todo. Precisamos olhar o Brasil como se cada unidade federativa fosse um país diferente. Este é um projeto de país e não de governo: se o setor produtivo se movimentar esse projeto sai do papel e construiremos um país muito mais competitivo”, afirma.
Para o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, há urgência em mudanças estruturais no setor público. “Basicamente, um quarto da nossa riqueza é destruída em ineficiência. A busca de solução para esse problema é um dos assuntos mais importantes para os empresários”, diz. “Temos urgência em mudanças estruturais no setor público, é preciso reduzir burocracia e simplificar processos para que tenhamos condições de competitividade com nossos concorrentes que têm situações muito mais avançadas mundo afora”, completa. (Brasil 61)
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