Produção industrial em Minas Gerais aumenta 0,9% em março

A produção industrial de Minas Gerais avançou em março impulsionada por atividades como a indústria extrativa e metalurgia. Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, o crescimento foi de 0,9%. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
A analista do IBGE Alessandra Couto de Oliveira aponta que a indústria em Minas Gerais retoma o crescimento, ainda que moderado, depois de uma oscilação observada desde o ano passado. “Em janeiro, tivemos um resultado positivo, em fevereiro tivemos queda de 0,1%. Agora, voltamos a crescer. A produção industrial mineira está oscilando desde setembro do ano passado”, afirma.
Os motivos da instabilidade, na avaliação da analista, são fatores macroeconômicos como inflação acelerada, que afeta a renda disponível das famílias; altos índices de inflação dos alimentos, que impacta o consumo das famílias e a taxa de juros alta, que reduz o crédito, impactando negativamente os investimentos do setor industrial.
Na comparação com março do ano passado, a produção industrial de Minas Gerais apresentou crescimento de 1,8%. Desempenho que, segundo a analista de estudos econômicos da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) Juliana Gagliardi reflete tanto o avanço da indústria de transformação (1,2%) quanto da indústria extrativa (3,3%).
O levantamento do IBGE mostra que, das 13 atividades avaliadas que compõem a indústria de transformação, sete registraram avanço. As principais influências positivas foram os produtos químicos (19,3%), bebidas (18,2%) e alimentos (2%). Por sua vez, as maiores influências negativas foram de metalurgia (-3%) e máquinas e equipamentos (-10,5%).
A analista da Fiemg explica que o bom desempenho de produtos químicos decorre dos resultados positivos da agropecuária no início de 2025. Já a metalurgia, que tem um grande peso na economia de Minas Gerais, vem sendo prejudicada pela competitividade do aço chinês. “A China adotou uma política muito competitiva que fez com que a metalurgia no Brasil perdesse mercado tanto internacional quanto nacional”, avalia Juliana Gagliardi.
No Brasil, a produção industrial teve comportamento semelhante, porém, com aumento ainda maior, de 1,2%. Conforme o IBGE, dez locais dentre os 15 pesquisados no País registraram aumento da produção em março. Amazonas (5,6%), Espírito Santo (4,6%), Pará (4,6%) e Rio de Janeiro (4,5%) tiveram os maiores crescimentos, enquanto Pernambuco (-5,0%) registrou a maior retração em termos percentuais.
Produção industrial em Minas Gerais cresce também no primeiro trimestre
Quando avaliado o primeiro trimestre do ano, a produção industrial em Minas Gerais registrou um modesto avanço de 0,3%. O resultado foi inferior ao verificado na indústria brasileira (1,9%). O desempenho do Estado reflete o crescimento de 1,9% da indústria de transformação, enquanto a indústria extrativa recuou 3,5% no período.
Com relação à indústria de transformação, as atividades de produtos químicos (16,7%) e de veículos (15,7%) foram as que mais contribuíram positivamente para o resultado do trimestre, enquanto metalurgia (-3,4%) e máquinas e equipamentos (-10,6%) foram as principais influências negativas.
Segundo a analista da Fiemg, apesar das oscilações e dos resultados negativos de algumas atividades, a indústria mineira continua crescendo no acumulado do ano. “Os produtos químicos, assim como no mês de março, têm contribuído para puxar o crescimento do ano por causa do bom desempenho do agro. Os veículos também contribuíram, já que têm desempenhado bons resultados no Brasil como os caminhões e os automóveis que reflete o bom desempenho de consumo duráveis no País”, diz.
Perspectivas da Fiemg é de crescimento mais contido
As perspectivas para a indústria de Minas Gerais em 2025 indicam, conforme Juliana Gagliardi, um ritmo de crescimento mais contido, em linha com a tendência verificada no cenário nacional. Segundo ela, o ambiente econômico interno, ainda pressionado por juros elevados e persistência inflacionária, tem restringido o acesso ao crédito, inibindo o consumo e, principalmente, freado os investimentos produtivos, o que acaba por limitar a expansão do setor.
“No plano internacional, a adoção de tarifas de importação direcionadas ao Brasil em vários segmentos industriais acrescenta obstáculos relevantes e amplia as incertezas quanto ao desempenho da indústria ao longo do ano”, observa.
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