Economia

Produção industrial em Minas Gerais tem queda de 3,3% em maio; veja os motivos

No entanto, queda não interferiu negativamente no acumulado do ano e as perspectivas são positivas
Atualizado em 12 de julho de 2024 • 13:56
Produção industrial em Minas Gerais tem queda de 3,3% em maio; veja os motivos
Um dos setores afetados na produção industrial é a cadeia automotiva | Crédito: Washington Alves/Reuters

No mês de maio, a produção industrial mineira teve uma queda de 3,3% frente a abril, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal Regional divulgada nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice é a terceira taxa negativa consecutiva do Estado. Dos 15 locais pesquisados no Brasil, outros oito locais, além de Minas Gerais, apresentaram queda no desempenho. No País, a produção industrial também diminuiu em 0,9% na comparação com abril.

Para o economista chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos Silva, a indústria do Estado segue a dificuldade de crescimento do setor no Brasil de modo geral. “A indústria teve um efeito muito negativo nesse período em função do Rio Grande do Sul, mas observando os outros estados, percebemos um desempenho ruim de um modo geral”, avalia.

Segundo o especialista, o desempenho de Minas pior que a média nacional está associado ao segmento de transformação. Em 2024, este setor cresceu 2,7% em âmbito nacional e, em Minas, encolheu 1,1% nos cinco primeiros meses do ano. “Nós temos alguns segmentos importantes para o Estado que desempenharam mal por aqui enquanto estão desempenhando bem no Brasil”, analisa Silva.

Ele cita o setor de alimentos e bebidas como exemplo, que tiveram crescimento de 5,2% no País, e 3,6% em Minas. Outro segmento é o de celulose e papel, que teve alta nacional de 4,4%, mas registrou um crescimento de apenas 2,6% no Estado. Também com peso significativo nesse desempenho, figura o setor de petróleo e biocombustíveis. Enquanto Minas diminuiu o índice em 4,2%, o Brasil desempenhou melhor com alta de 3,1%.

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“A indústria motriz do Estado, ou seja, aquela que puxa a atividade industrial da região, é o segmento de metal e mecânica, sobretudo, a cadeia automotiva, e ela tem desempenhado mal em Minas Gerais. Historicamente, o primeiro semestre é pior para este tipo de indústria”, ressaltou Izak Silva.

A economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Juliana Gagliardi, também cita como influência para este cenário a queda da indústria extrativa, em -4,2%. “Esse resultado decorre da alta na base de comparação. O segmento vem apresentando resultados recordes. Não por acaso, o acumulado no ano em maio foi de 6%. Ou seja, nos meses anteriores o desempenho foi tão significativo que no mês subsequente uma produção menor influencia esta variação”, explica.

Além da indústria extrativa, a economista da Fiemg reitera a indústria da transformação como determinante para o cenário, como dois segmentos em destaque. O primeiro deles é o de produtos químicos, que tiveram uma redução de 14% na margem. “A justificativa para o desempenho desfavorável desse segmento está atrelada aos insumos utilizados no setor agrícola, sobretudo, inseticidas e fertilizantes”, pontua.

O outro segmento é o de alimentos, que também teve peso no resultado, influenciado pela baixa na produção de leite condensado, biscoitos e bolachas e batatas congeladas, de acordo com Juliana Gagliardi. “Mas reitero que alimentos, no acumulado do ano, têm apresentado resultado favorável”, diz.

O economista-chefe do BDMG, Izak Silva, também reforça que Minas Gerais cresceu muito no ano passado, marcando índices acima da média nacional nesses segmentos. “Agora, o Estado está devolvendo o que nós observamos no ano passado. A indústria cresceu muito, antecipou os ciclos de consumo e, agora, observamos um refluxo dessas atividades impactando diretamente outros setores da cadeia produtiva do Estado”, avaliou.

Perspectivas para a indústria são positivas

Apesar do resultado negativo no quinto mês do ano, com queda de 5% frente ao mesmo mês do ano anterior, as expectativas são boas. A queda não interferiu negativamente no acumulado do ano. De janeiro a maio, a indústria mineira registrou alta de 1% e no acumulado dos últimos 12 meses, crescimento de 1,4%.

“Quando a gente olha para a fotografia do ano todo, nosso desempenho ainda é positivo. Em 12 meses, ainda estamos melhor que o Brasil (1,3%). Nossa perspectiva é positiva. O primeiro semestre é impactado pela sazonalidade como o período chuvoso para a indústria extrativa (minério de ferro), e menos vendas da indústria automotiva. Já o segundo semestre é historicamente melhor para essas duas áreas, o que nos faz esperar um desempenho melhor também”, explica o economista chefe do BDMG.

Já na avaliação da economista da Fiemg, Juliana Gagliardi, a expectativa para os próximos meses do desempenho da indústria mineira é moderado. “A economia aquecida deve continuar impulsionando, em parte, a atividade industrial. No entanto, as recentes mudanças no cenário econômico brasileiro mantêm a indústria em estado de alerta”, pondera.

Enchentes provocam queda mais elevada da série histórica do RS

Em todo o País, os recuos mais acentuados foram no Rio Grande do Sul (-26,2%) e no Espírito Santo (-10,2%). Os gaúchos marcaram a queda mais elevada da série histórica, explicada, em grande medida, pelo impacto causado pelas chuvas ocorridas no mês em questão (maio) que afetaram o setor produtivo local. Já o estado capixaba eliminou o crescimento de 2,6% verificado no mês anterior.

Por outro lado, Pará (12,6%) e Bahia (8,2%) apontaram os avanços mais elevados nesse mês. O Pará eliminou grande parte da queda de 12,7% observada no mês anterior, e a Bahia voltou a crescer após recuar 4,2% em abril último.

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