Economia

Produção industrial mineira tem queda de 1,3%

Desempenho do setor no Estado foi inferior à média nacional de -0,7% apurada no ano passado
Produção industrial mineira tem queda de 1,3%
Na contramão, metalurgia foi quem mais contribuiu positivamente para o setor em Minas | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Após crescer 9,8% em 2021, a produção da indústria de Minas Gerais desacelerou e fechou o ano passado com queda de 1,3%. O resultado do Estado ficou abaixo da média nacional, que encerrou 2022 com recuo de 0,7%. Somente em dezembro, a retração foi de 6,4% frente ao mesmo mês do ano anterior e 4,9% frente a novembro. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM Regional) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O analista de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Marcos Marçal, avalia que a desaceleração em 2022 foi natural, tendo em vista o crescimento substancial em 2021. Ele ressalta, porém, que ao longo do ano, foram observados movimentos tanto no sentido positivo quanto negativo para o setor industrial.

“No âmbito negativo, a política monetária permaneceu restritiva durante a maior parte do ano, ou seja, a taxa de juros elevada prejudicou muito o consumo de alguns bens, sobretudo no caso da construção civil. Então, a indústria sofreu neste aspecto. Também tivemos a persistência de alguns gargalos na oferta. O setor automotivo, por exemplo, continuou sofrendo as consequências da ausência de componentes”, diz. 

Outro fator que impulsionou a desaceleração da indústria foi o retorno da população às ruas. Marçal explica que após a vacinação contra a Covid-19 e o fim das restrições de circulação, o consumo de serviços predominou sobre o de bens, visto que as pessoas estavam mais dispostas a saírem de casa para consumir em restaurantes e eventos, por exemplo.

“Mas também tivemos algumas medidas que favoreceram o consumo, como a redução de impostos sobre energia elétrica e combustíveis, medidas que favoreceram de alguma maneira o consumo de produtos industriais. Então, por esse lado, houve uma maior demanda por bens. O setor de derivados do petróleo e biocombustíveis encerrou o ano com crescimento e vem na esteira deste favorecimento da redução das alíquotas”, ressalta. 

Conforme o analista, para este ano está se desenhando um cenário menos negativo do que o que era previsto anteriormente e a expectativa é de um desempenho moderado da indústria. Ele explica que os efeitos da taxa de juros elevada devem permanecer na maior parte de 2023, no entanto, a retomada da atividade econômica mundial pode favorecer a produção. Marçal ainda ressalta que é esperado avanços na política fiscal do País, de forma a criar uma “maior segurança para os empresários investirem”. 

Segmentos

A atividade industrial de produtos têxteis foi quem puxou o desempenho ruim da indústria em 2022, com impacto de -0,55 pontos percentuais (p.p.) no resultado final. Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-0,48 p.p.), veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,38 p.p.) e indústrias extrativas (-0,31 p.p) também exerceram grande influência negativa. 

Do lado contrário, a atividade de metalurgia foi quem mais contribuiu positivamente, com impacto de 0,46 p.p. Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,37 p.p), produtos de fumo (0,13 p.p), bebidas (0,10 p.p) e produtos alimentícios (0,07 p.p) também influenciaram para que a performance do indicador geral não fosse pior.

Já se analisados separadamente, a indústria extrativa mineira recuou 1,6% e a indústria de transformação 1,2%. Entre os segmentos, destacam-se as quedas de fabricação de produtos têxteis (-31,4%), fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-16,8%), fabricação de outros produtos químicos (-9%), fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-7,7%) e fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-5,8%).

No sentido oposto, cinco segmentos apresentaram crescimento. Foram eles: fabricação de produtos do fumo (6,9%), fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (4,7%), metalurgia (2,4%), fabricação de bebidas (2,4%) e fabricação de produtos alimentícios (0,3%). 

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