Economia

Produção nacional de aço tende a cair 4%

Produção vai recuar 4% neste ano, mas deve voltar a crescer em 2023, de acordo com as estimativas da entidade
Produção nacional de aço tende a cair 4%
Produção siderúrgica em 2022 deve ficar abaixo da projeção do Instituto Aço Brasil | Crédito: Divulgação

A produção de aço brasileira deve somar 34,6 milhões de toneladas em 2022, segundo estimativa do Instituto Aço Brasil, que projeta baixa de 4% sobre o ano anterior. Caso se confirme, o resultado ficará bem abaixo do inicialmente esperado pela entidade, cerca de 36,9 milhões de toneladas. Já para 2023, a previsão é que a produção some 35,3 milhões de toneladas, com crescimento tímido em relação ao corrente ano: 2%.

As vendas internas de 2022 deverão cair ainda mais: 9,5% no mesmo tipo de comparação, chegando a 20,1 milhões de toneladas contra as 22,8 milhões esperadas há cerca de um ano. Para 2023, a entidade espera um volume de 20,5 milhões de toneladas, o que representaria alta de 1,9% sobre o atual exercício.

O consumo aparente, que deverá somar 23,3 milhões de toneladas em 2022, enquanto eram esperados inicialmente 26,7 milhões de toneladas, vai representar queda de 11,4% neste ano. Para 2023 é aguardada expansão de 1,5%, totalizando 23,6 milhões de toneladas.

Apesar do desempenho previsto para este ano estar abaixo dos números inicialmente projetados pelo instituto, representantes do setor atribuem os números à elevada base de comparação. “Apesar da montanha-russa que foi 2022, foi um bom ano para o setor. Tanto que, em termos de vendas internas, este foi o quarto melhor da década”, resumiu o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

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O presidente do Conselho Diretor da entidade e também da ArcelorMittal Brasil, Jefferson de Paula, reforçou que os últimos anos foram excelentes e que a siderurgia brasileira performou melhor que o restante do mundo, mesmo durante o período mais crítico da pandemia. Já quanto a 2023, ele acredita que alguns fatores farão com que o setor “ande de lado”, como menor demanda causada pela onda de elevação de taxas de juros em combate à inflação mundo afora.

Isso porque os governos estão aumentando os juros para segurar a inflação. “No segundo semestre de 2022 já foi possível perceber essa redução, que deverá persistir pelo próximo ano, impedindo que o mercado cresça. Por isso, são grandes os desafios para 2023. Mas somos otimistas com nosso setor e com o Brasil. O País tem oportunidades imensas e estamos sempre trabalhando forte para evoluir, produzir aços competitivos e trabalhar em consonância com o meio ambiente. Queremos ter no Brasil uma siderurgia forte e sustentável”, garantiu Jefferson de Paula.

Sobre os fatores que norteiam as projeções iniciais para 2023, o presidente do conselho do Aço Brasil citou que o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil deve avançar entre 1,5% e 2% enquanto bens de capital devem crescer 0,5% e 1% e a indústria automotiva deverá produzir entre 5% e 6% mais veículos que 2022. Juntos, os três setores consomem mais de 80% da produção siderúrgica.

Investimentos mantidos

É grande também a expectativa quanto ao aquecimento do mercado interno e o aumento do consumo per capita de aço no Brasil para os próximos anos. Tanto que os investimentos esperados para o parque siderúrgico nacional são robustos e estão mantidos. Entre 2022 e 2026, o segmento prevê cifras da ordem de R$ 52,5 bilhões.

Conforme já publicado, a maior parte deverá ser aplicada em tecnologia para melhoria do mix de produtos e em projetos ambientais. O aumento da capacidade não estaria no foco, justamente pelo nível de ociosidade que as siderúrgicas ainda apresentam.

“O volume de recursos mostra a disposição do setor de continuar sendo o que sempre foi: a mola propulsora do Brasil. Com esses investimentos estaremos prontos para acompanhar o desenvolvimento sustentável que o País busca. Além disso, o planejamento das siderúrgicas não é feito para curto prazo, é sempre olhando de quatro a cinco anos. E tem também as questões ambientais que impõe um desafio gigantesco pela frente”, explicou Lopes.

Novo governo

Por fim, os executivos também trataram sobre o que o setor espera do novo governo, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidir o País a partir do ano que vem. Neste sentido, enfatizaram que a agenda do setor continuará priorizando a recuperação da competitividade sistêmica e a redução do custo Brasil.

“A agenda da indústria não muda em função de governo. É a mesma. E nossas prioridades incluem a expansão do mercado interno. É fundamental e prioritário que nosso mercado interno cresça e isso só ocorrerá se tivermos um crescimento econômico e sustentável do País. E para garantirmos esse crescimento, é ‘preciso arrumar a cozinha’, é preciso equilíbrio fiscal”, pontuou Lopes.

“O que passou, passou. O importante é daqui para frente. Mas vale dizer, o setor de aço foi muito bem na pandemia e a gente fecha esse ano com resultados negativos, porém, a partir de um nível muito forte do ano anterior. Precisamos crescer. O Brasil é um país com uma diferença social grande, temos problemas sérios e é preciso investir nessa área, porém, se o País não crescer (economicamente), será difícil investir nesse quesito”, finalizou de Paula.

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