Programa Universaliza Minas avança com obras de saneamento no semiárido

Cidades no Norte de Minas Gerais, como Januária, seguem expandindo o acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário para a população. As obras locais, que avançam em 11 frentes simultâneas, fazem parte do Programa Universaliza Minas, cujo investimento deve ultrapassar R$ 400 milhões no Estado até 2033.
Lançada há dois anos pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a iniciativa tem como objetivo atender às exigências do Novo Marco Legal do Saneamento. A proposta do programa é descentralizar as ações e acelerar a universalização dos serviços de saneamento básico, especialmente em comunidades rurais e urbanas em situação de vulnerabilidade.
Em Januária e cidades vizinhas, como São Francisco, Japonvar, Icaraí de Minas e São João das Missões, são 115 mil metros de rede de abastecimento de água tratada sendo implantados. Ao todo, mais de 1.100 famílias devem ser impactadas na região, com obras que prometem gerar empregos diretos, fomentar renda e movimentar a economia local.
Além do acesso á água, a companhia mineira deu início à segunda etapa das obras de ampliação do sistema de esgotamento sanitário em Januária, com aportes previstos de R$ 39 milhões. A meta é ampliar de 70% para 100% o percentual de atendimento populacional com serviços de coleta e tratamento de esgoto, impactando a vida de 65 mil pessoas.
O presidente da Copasa, Fernando Passalio, destaca que o Universaliza Minas é um projeto inovador e descentralizado, que possui viabilidade econômica a partir do conceito de subsídio cruzado da tarifa e rapidez de execução em diferentes localidades. “Estamos em uma esteira de produção entregando praticamente uma comunidade por semana. Já atuamos em 102 municípios e a meta é chegar a quase 170, ultrapassando 600 distritos no Estado”.
Avanços e desafios
Além de Januária e municípios vizinhos, o programa atende comunidades no Vale do Jequitinhonha, Mucuri, bem como possibilita a aplicação em todos os municípios atendidos pela companhia. “Essas pessoas passarão a ter acesso à água tratada, esgoto tratado, são vários benefícios para dignidade, saúde e autoestima. Todo mundo ganha”, acrescenta.
Apesar dos avanços, o programa enfrenta obstáculos que o impedem de acelerar ainda mais o acesso ao saneamento em municípios de Minas Gerais. De acordo com o presidente da companhia, a falta de mão de obra especializada em regiões menos populosas, escassez de insumos, dificuldades logísticas e a burocracia em processos licitatórios são entraves importantes que precisam ser superados.

“Todo o Brasil precisa alcançar a meta de 99% de água e 90% de esgoto tratados. Uma das dificuldades é conseguir empresas disponíveis no mercado para prestarem serviço em regiões de menor escala. Ainda assim, a Copasa tem mantido um ritmo acelerado de execução”, complementa Passalio.
“Encontro das águas”: conjunto de programas hídricos acumula R$ 600 milhões em investimentos
O Universaliza Minas é um dos pilares do programa Encontro das Águas, desenvolvido pelo Governo de Minas Gerais com foco na segurança hídrica e na qualidade de vida das famílias do semiárido mineiro. A iniciativa já possui mais de R$ 600 milhões em investimentos em uma ação coordenada com mais de 30 instituições.
Além do acesso ao saneamento pela Copasa, serão instaladas 538 cisternas para captação de água da chuva, com R$ 4,2 milhões em aportes. Também está prevista a entrega de kits de irrigação para agricultura familiar, incluindo caixas d’água e sistemas de gotejamento, somando cerca de R$ 1,4 milhão em investimentos.
Outras iniciativas incluem a distribuição de sementes, ferramentas e equipamentos para a rede de assistência social, com foco na inclusão produtiva de Januária e do Norte de Minas Gerais e na melhoria das condições de vida de famílias em situação de vulnerabilidade. Além disso, também estão previstos a implantação de sistemas de dessalinização em comunidades com água salobra e perfuração de poços em escolas estaduais sem acesso à rede pública, beneficiando milhares de pessoas na região.
O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, em evento realizado na cidade nesta quinta-feira (24), reforça a urgência da iniciativa, que há algum tempo “teria sido deixada de lado pelo poder público”. “Água precisa ser prioridade. Temos mais cobertura de internet do que de esgoto. Precisamos sair da internet e viver a realidade, parar de bater boca com ex-presidente e começar a negociar”.
Na primeira fase do programa, mais de 40 cidades devem ser atendidas e cerca de 88 mil pessoas serão impactadas. Com o projeto, é esperado que a região, historicamente desvalorizada em termos de investimentos hídricos, possa se recuperar, bem como Minas Gerais possa atingir a meta estipulada pelo Marco Legal do Saneamento.
“Em todas as cidades atendidas pela Copasa, o governo garante a universalização do serviço de água e esgoto até 2033. Não há nenhuma dúvida e o recurso já está garantido, mesmo que haja privatização”, conclui Simões.
O repórter viajou a convite da Copasa
Ouça a rádio de Minas