Projeto da Lithium Ionic em Minas pode receber licença neste mês

O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) apreciará, no dia 28 de março, a solicitação de licenciamento do Bandeira, projeto da Lithium Ionic no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A informação é do presidente e diretor do Conselho de Administração da mineradora, Hélio Diniz, que acredita em um parecer favorável do órgão.
O projeto estava na pauta do colegiado em 28 de fevereiro, porém os conselheiros pediram vista. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) já emitiu um relatório técnico recomendando a aprovação.
Bandeira é o principal projeto da Lithium Ionic. Ele inclui mineração subterrânea de pegmatitos de lítio, unidade de tratamento mineral, gestão de pilhas de rejeitos/resíduos e infraestrutura para armazenamento e fornecimento de combustível para uso operacional.
Atualmente, o desenvolvimento do Bandeira tem um orçamento de US$ 266 milhões. A expectativa da mineradora é iniciar a fase de construção ainda no primeiro semestre de 2025, concluí-la em dois anos e começar a produção no segundo semestre de 2027. Tanto o cronograma quanto o investimento podem sofrer alterações, de acordo com Diniz.
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Conforme ele, a Lithium Ionic está refinando o projeto e entende que a planta industrial, orçada inicialmente em cerca de US$ 105 milhões, poderá ser mais compacta, o que reduziria o tempo de obras em aproximadamente um trimestre, além do aporte. O executivo pondera que o capex total do Bandeira deve permanecer próximo dos US$ 200 milhões.
Produção de 200 mil toneladas de lítio e geração de mil empregos
A maior parte do projeto Bandeira está concentrada em Itinga. É lá que se encontra a maioria dos mais de 40 milhões de toneladas de recursos de lítio identificados e onde será construída a unidade de beneficiamento. O restante dos recursos está em Araçuaí, mas a empresa só deve começar a lavrar na cidade no 12º ou 13º ano de operação, segundo Diniz.
O presidente da Lithium Ionic afirma que o projeto deverá gerar aproximadamente mil empregos diretos. Segundo ele, a planta industrial terá capacidade anual para receber 1,3 milhão de toneladas de minério bruto e produzir em torno de 200 mil toneladas de concentrado de espodumênio, potencial que será atingido em, no máximo, dois anos.
O produto final do Bandeira será utilizado por empresas na produção de carbonato ou hidróxido de lítio, insumos para a fabricação de baterias. De acordo com o executivo, a mineradora não pretende, a princípio, construir uma refinaria para avançar na cadeia produtiva, visto que, no momento, essa alternativa não é economicamente viável.
“O investimento para realizar essa outra etapa de refino não compensa nos preços atuais”, esclarece Diniz em entrevista ao Diário do Comércio.
“Como vamos gastar duas vezes mais do que os chineses gastam para fazer, sendo que o preço de venda é o mesmo? Realmente não compensa, mas pode ser que, no futuro, caso haja condições de preços mais favoráveis e incentivos, a gente faça”, complementa.
Perspectivas da mineradora para os demais projetos no Estado
Além do Bandeira, a Lithium Ionic tem mais dois projetos, ambos em Minas Gerais. São eles: Outro Lado, em Itinga, e Baixa Grande, em Salinas, no Norte do Estado.
Diniz afirma que o projeto Outro Lado consiste em uma pequena jazida com cerca de três milhões de toneladas de recursos de lítio situados abaixo do rio Jequitinhonha. Conforme ele, apesar de o teor do minério ser excelente, a empresa não pretende interferir na superfície do rio e precisa entender se os órgãos ambientais autorizariam a lavra nesse formato. Logo, para avançar nos estudos técnicos, seria necessário obter anuência prévia.
Em relação ao Baixa Grande, a Lithium Ionic segue com as atividades de exploração e os recursos identificados até o momento ultrapassam 20 milhões de toneladas de lítio. Segundo o executivo, a empresa realizará, dentro dos próximos 18 meses, um estudo de viabilidade do projeto, o que permitirá definir mais detalhes sobre o cronograma da operação.
De acordo com o presidente da mineradora canadense, um fator que poderia acelerar o desenvolvimento do Baixa Grande seria uma parceria com a Pilbara Minerals, empresa australiana proprietária de um projeto vizinho, batizado de Colina. Diniz ressalta que, embora não existam tratativas em andamento, como as jazidas são contínuas, faria sentido que as empresas eventualmente se associassem para desenvolver um único projeto.
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