Economia

Projeto de parque tecnológico em Montes Claros pode sair do papel

Aguardado há pelo menos vinte anos, entidades locais se mobilizam para transformar sonho em realidade
Projeto de parque tecnológico em Montes Claros pode sair do papel
Montes Claros está localizada no Norte de MInas. Crédito: Henrique Chendes / ALMG

Após se consolidar como um dos principais polos educacionais de Minas Gerais, Montes Claros poderá em breve receber o tão aguardado parque tecnológico que promete transformar o futuro da cidade e da região Norte mineira. A informação foi confirmada pelo secretário executivo de Estado de Desenvolvimento Econômico, Bruno Araújo, durante o lançamento do Pacote de Empreendedorismo Tecnológico para Universidades em Belo Horizonte no último dia 4.

A partir da bem-sucedida implementação do primeiro parque tecnológico 100% privado de Minas Gerais na cidade de Varginha (Sul de Minas), a gestão estadual estuda possibilidades de implantação em outras cidades que possuem forte conexão com pesquisadores e universidades, incluindo Montes Claros. “Nem todas as cidades podem ter esses parques, mas todas podem ser beneficiadas, já que a iniciativa impacta a sociedade como um todo”, destaca o secretário.

Se concretizada, a implementação será um marco para a região, que aguarda há pelo menos 20 anos pelo parque tecnológico. Na época, de acordo com o presidente da regional Norte da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Adauto Marques, as discussões começaram a ser realizadas, mas o projeto foi abandonado pelo poder público. “Tínhamos um sonho onde o governo estadual da época prometeu e não concluiu. E por falta de dinheiro, doamos o terreno que seria o Parque para a prefeitura”, detalha.

Agora, a sinalização de uma possível retomada do projeto reacende a esperança de entidades e universidades na região. A expectativa, segundo Marques, é que esse investimento desenvolva a indústria local a partir do incentivo a pesquisa, a inovação e a formação de mão de obra qualificada.

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“Não conseguimos mensurar o impacto total de um parque tecnológico, mas a realidade é que o mundo está antenado e não podemos ficar desconectados. A Fiemg está pronta para fazer parte desse processo e certamente seremos parceiros desse parque tecnológico”, destaca.

Parque pode alavancar mineração, agronegócio e setor energético na região

O projeto surge como peça-chave para alavancar o desenvolvimento de um complexo industrial diversificado na região, passando pela mineração de ferro, ouro e lítio, até a produção de frutos e geração de energia fotovoltaica. “Não há de se pensar desenvolvimento da região sem passar por Montes Claros. No nosso entorno, movimentamos a economia através dessas atividades e o parque tecnológico vem para consolidar a região como um polo de inovação e geração de riquezas”, pontua.

Outro ponto estratégico é o potencial do parque para atrair e consolidar empresas na cidade, que além do setor farmacêutico, também vem se destacando nos segmentos de indústria metal mecânica, industria eletrônica e desenvolvimento de software.

O professor do departamento da Ciências da Computação da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Marcos Flávio D’Angelo, avalia que hoje existe um movimento muito forte para o fomento da inovação e que a cidade está preparada para receber um parque tecnológico. “Não tem como falar de parque tecnológico sem falar de ambiente propício para inovação. A gente já está com um ambiente amadurecido, tanto com relação às universidades, que cresceram e evoluíram, quanto ao empreendedorismo”, reforça.

Com o projeto, o professor acredita que a realidade será bem diferente do atual cenário, onde o meio acadêmico, apesar de desenvolver tecnologias, não é especializado no processo completo de inovação. “Além de ser um ambiente de se criar tecnologia, os parques respiram inovação e são ambientes fomento a negócios e empreendimentos”, explica.

Entidades coletam assinaturas de autoridades locais para avançar com projeto

Atualmente, Montes Claros conta com um grupo significativo de empresas, com destaque para empresas farmacêuticas de grande porte, como Eurofarma e Novo Nordisk, que também podem se beneficiar com a implantação do parque tecnológico. Para o secretário-executivo da Fundação de desenvolvimento científico, tecnológico e inovação do Norte de Minas (Fundetec), Haroldo Lopes, além da geração de emprego qualificado – especialmente em tecnologia – a instalação solucionará grandes gargalos da região, como o fomento a pesquisa, a idealização de novos equipamentos para a agricultura e novas soluções para o desenvolvimento de moradias.

Em 2024, um congresso na Unimontes retomou com as articulações para que o projeto saia de vez do papel. “Estamos fazendo uma carta aberta, coletando assinatura de uma das principais autoridades da cidade para viabilizarmos a construção do parque”, revela Lopes.

Além do projeto, o executivo reforça a necessidade da cidade possuir uma lei de inovação bem definida a exemplo de cidades como Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas e Uberlândia, no Triângulo. “Hoje temos um ecossistema inovador, com diversas startups e precisamos dessa lei para planejarmos a inovação no empreendedorismo da cidade e com isso beneficiarmos não só Montes Claros, como todo o seu entorno”, finaliza.

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