Projeto de parque tecnológico em Montes Claros pode sair do papel

Após se consolidar como um dos principais polos educacionais de Minas Gerais, Montes Claros poderá em breve receber o tão aguardado parque tecnológico que promete transformar o futuro da cidade e da região Norte mineira. A informação foi confirmada pelo secretário executivo de Estado de Desenvolvimento Econômico, Bruno Araújo, durante o lançamento do Pacote de Empreendedorismo Tecnológico para Universidades em Belo Horizonte no último dia 4.
A partir da bem-sucedida implementação do primeiro parque tecnológico 100% privado de Minas Gerais na cidade de Varginha (Sul de Minas), a gestão estadual estuda possibilidades de implantação em outras cidades que possuem forte conexão com pesquisadores e universidades, incluindo Montes Claros. “Nem todas as cidades podem ter esses parques, mas todas podem ser beneficiadas, já que a iniciativa impacta a sociedade como um todo”, destaca o secretário.
Se concretizada, a implementação será um marco para a região, que aguarda há pelo menos 20 anos pelo parque tecnológico. Na época, de acordo com o presidente da regional Norte da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Adauto Marques, as discussões começaram a ser realizadas, mas o projeto foi abandonado pelo poder público. “Tínhamos um sonho onde o governo estadual da época prometeu e não concluiu. E por falta de dinheiro, doamos o terreno que seria o Parque para a prefeitura”, detalha.
Agora, a sinalização de uma possível retomada do projeto reacende a esperança de entidades e universidades na região. A expectativa, segundo Marques, é que esse investimento desenvolva a indústria local a partir do incentivo a pesquisa, a inovação e a formação de mão de obra qualificada.
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“Não conseguimos mensurar o impacto total de um parque tecnológico, mas a realidade é que o mundo está antenado e não podemos ficar desconectados. A Fiemg está pronta para fazer parte desse processo e certamente seremos parceiros desse parque tecnológico”, destaca.
Parque pode alavancar mineração, agronegócio e setor energético na região
O projeto surge como peça-chave para alavancar o desenvolvimento de um complexo industrial diversificado na região, passando pela mineração de ferro, ouro e lítio, até a produção de frutos e geração de energia fotovoltaica. “Não há de se pensar desenvolvimento da região sem passar por Montes Claros. No nosso entorno, movimentamos a economia através dessas atividades e o parque tecnológico vem para consolidar a região como um polo de inovação e geração de riquezas”, pontua.
Outro ponto estratégico é o potencial do parque para atrair e consolidar empresas na cidade, que além do setor farmacêutico, também vem se destacando nos segmentos de indústria metal mecânica, industria eletrônica e desenvolvimento de software.
O professor do departamento da Ciências da Computação da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Marcos Flávio D’Angelo, avalia que hoje existe um movimento muito forte para o fomento da inovação e que a cidade está preparada para receber um parque tecnológico. “Não tem como falar de parque tecnológico sem falar de ambiente propício para inovação. A gente já está com um ambiente amadurecido, tanto com relação às universidades, que cresceram e evoluíram, quanto ao empreendedorismo”, reforça.
Com o projeto, o professor acredita que a realidade será bem diferente do atual cenário, onde o meio acadêmico, apesar de desenvolver tecnologias, não é especializado no processo completo de inovação. “Além de ser um ambiente de se criar tecnologia, os parques respiram inovação e são ambientes fomento a negócios e empreendimentos”, explica.
Entidades coletam assinaturas de autoridades locais para avançar com projeto
Atualmente, Montes Claros conta com um grupo significativo de empresas, com destaque para empresas farmacêuticas de grande porte, como Eurofarma e Novo Nordisk, que também podem se beneficiar com a implantação do parque tecnológico. Para o secretário-executivo da Fundação de desenvolvimento científico, tecnológico e inovação do Norte de Minas (Fundetec), Haroldo Lopes, além da geração de emprego qualificado – especialmente em tecnologia – a instalação solucionará grandes gargalos da região, como o fomento a pesquisa, a idealização de novos equipamentos para a agricultura e novas soluções para o desenvolvimento de moradias.
Em 2024, um congresso na Unimontes retomou com as articulações para que o projeto saia de vez do papel. “Estamos fazendo uma carta aberta, coletando assinatura de uma das principais autoridades da cidade para viabilizarmos a construção do parque”, revela Lopes.
Além do projeto, o executivo reforça a necessidade da cidade possuir uma lei de inovação bem definida a exemplo de cidades como Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas e Uberlândia, no Triângulo. “Hoje temos um ecossistema inovador, com diversas startups e precisamos dessa lei para planejarmos a inovação no empreendedorismo da cidade e com isso beneficiarmos não só Montes Claros, como todo o seu entorno”, finaliza.
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