Economia

Economia criativa é aposta em BH

Economia criativa é aposta em BH
O projeto “Horizonte Criativo” tem foco inicial na Lagoinha - Foto: Divulgação

As comemorações pelos 121 anos de Belo Horizonte foram marcadas não apenas pela festa, mas também por um desejo de discutir da cidade e propor soluções para os problemas presentes e antecipar o futuro.

Realizado no Museu da Moda (Mumo), na região Central, no dia 12, o Seminário “Horizonte Criativo” lançou um projeto de mesmo nome para fomentar a economia criativa na Capital. O objetivo é trabalhar os setores criativos como instrumento estratégico para o desenvolvimento socioeconômico, contribuindo para a diversificação, competitividade, inovação, atração de investimentos, sustentabilidade, inclusão social, potencial turístico e expansão econômica.

Promovido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Smed), o evento discutiu a formação do Distrito da Economia Criativa e Inovação da Lagoinha até a Savassi e do Santa Tereza até a Sapucaí e o Barro Preto.

O primeiro passo, de acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Cláudio Beato, já foi dado e escolheu o bairro Lagoinha, na região Noroeste, como palco. “Começamos pela Lagoinha por ser uma região emblemática da nossa cidade. Ali moraram os primeiros operários que vieram para construir a nova capital, no fim do século 19. É também um reduto cultural que hoje vai além da tradicional boemia. Por outro lado, é uma das regiões mais críticas em termos da necessidade de uma intervenção do poder público. A Lagoinha passa por questões sérias, especialmente no quesito segurança, o que faz da ação da Prefeitura (PBH) algo urgente”, explica Beato.

E é na própria origem do bairro que as soluções despontam. Berço da imigração italiana, a região deve ganhar o apoio do Consulado Italiano, com a adoção da Praça do Peixe. Mas é no combate à insegurança que a PBH coloca suas primeiras fichas e articula o trabalho de várias secretarias e órgãos públicos. O projeto delimita a área de atuação entre a passarela que liga a rodoviária à avenida Antônio Carlos e a rua Araribá. A meta, porém, é que a população sinta os efeitos desse planejamento bem além desses limites.

A ação inicial foi o aumento da presença policial e reforço da iluminação pública, articulando a participação de órgãos municipais e estaduais e também chamando empresários e sociedade civil para participar. A região é famosa por sediar movimentos culturais e políticos populares.

“Não existe desenvolvimento em lugares inseguros. O maior exemplo, talvez, seja Nova York (EUA), nos anos de 1980. A cidade só se transformou no que é hoje quando a segurança se tornou prioridade. Isso vai além do combate à criminalidade. É preciso criar uma estrutura de acesso aos serviços públicos”, afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico.

Ainda que não existam levantamentos específicos sobre a economia criativa em Belo Horizonte, é possível conhecer a importância do setor em Minas Gerais, por meio do Radar – Economia Criativa, publicado pelo Observatório P7 Criativo, em outubro. Segundo o documento, em Minas Gerais, a economia criativa é responsável pela geração de mais de 450 mil empregos formais, o que corresponde a 9,89% do total de empregos do Estado. No ranking nacional, Minas Gerais figura em terceiro lugar, com cerca de 10% do total de empregos criativos do Brasil.

Ainda segundo o estudo, a Capital lidera o ranking das cidades mineiras com maior número de empregos formais da Economia Criativa, somando 22,8% do total do Estado, seguida por Uberlândia (Triangulo) e Juiz de Fora (Zona da Mata), empatadas com distantes 4,18% cada uma. E, de maneira geral, 37,08% da atividade econômica ligada às atividades criativas está agrupada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Outro ponto nevrálgico da estratégia é a ocupação do Mercado da Lagoinha, já objeto de um edital do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), publicado pela PBH. O Procedimento é um instrumento de diálogo e debate com a sociedade que permite à Prefeitura estudar diferentes propostas e manifestações sobre projetos de interesse do Município. É formalizado por meio de um edital que tem como função orientar aos interessados na estruturação de projetos para eventuais parcerias com a Prefeitura, sem ônus para Administração Pública. Assim, o PMI pode ser utilizado antes de um processo licitatório, para obter estudos de viabilidade, levantamentos, investigações, projetos, opiniões fundamentadas, informações técnicas, pareceres etc.

O diálogo com os empresários da região já foi aberto. O Órbi Conecta, espaço colaborativo de fomento à inovação e ao empreendedorismo, é uma das parcerias já estabelecidas. Existe interesse em levar para a região um outlet de eletroeletrônicos de Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas) e outro de calçados, de Nova Serrana (Centro-Oeste). O objetivo é a construção de uma região cada vez mais viva.

“Enquanto isso, a mais emblemática das intervenções é a recuperação da passarela, grafitando as áreas comuns com intervenções artísticas. E a SLU (Superintendência de Limpeza Urbana) já está fazendo um trabalho de recolhimento e limpeza da região. Temos um olhar para o futuro, mas já fazendo muitas coisas. Existem muitos problemas sociais naquela região e esse é um processo que não vai acabar nunca, ele precisa ser mantido além da nossa gestão, se tornando uma política pública e não apenas um projeto.

A PBH tem capacidade de atração de investimentos e queremos fazer da Lagoinha o grande exemplo para as outras regiões da cidade”, conclui o gestor público.

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