Projeto vai mudar padrão das redes elétricas

A inserção da fibra óptica no cabo de energia traz avanços não apenas na eficiência do monitoramento do cabo, mas também para a infraestrutura em banda larga. Isso porque a tecnologia do cabo híbrido permite a transmissão simultânea de energia elétrica e de dados em banda larga.
O diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) – que apoia o CPqD parceira da Cemig nesse projeto -, Jorge Guimarães, lembra que o acesso à internet por meio de fibra óptica no Brasil ainda é muito limitado e, por isso, esse projeto representa um grande passo na melhoria da infraestrutura de transmissão de dados no País. “Sem dúvida, essa inovação poderá atender a uma crescente demanda por comunicação em banda larga, que cada vez mais exige novos investimentos em expansão das redes e descobertas de produtos mais eficientes”, diz.
O engenheiro de tecnologia e normalização da Cemig, Carlos Alexandre Meireles do Nascimento, destaca que o projeto tem o potencial de mudar o padrão das redes elétricas no País e propor a lógica de compartilhamento de infraestrutura. “A Uber descobriu o compartilhamento para melhorar a questão da mobilidade e o mesmo pode acontecer nos segmentos de energia e telecomunicações”, frisa. Ele destaca que o cabo de energia é uma estrutura de alto potencial para receber a fibra óptica e dar a ela segurança em relação a questões como vandalismo.
Segundo ele, durante os trabalhos realizados no projeto-piloto em Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a capacidade de uso híbrido da fibra óptica foi testada e se mostrou eficaz. “Selecionamos uma fibra óptica e compartilhamos oito canais, sendo quatro para monitoramento do cabo de energia e quatro para tráfego de 1 Gb de dados e o resultado foi positivo. Isso quer dizer que nós podemos oferecer às empresas de banda larga a nossa infraestrutura pronta: esse é o conceito de rede sinérgica”, resume.
O engenheiro ainda destaca outra característica do cabo híbrido: a possibilidade de ganho econômico e social para a população. Isso porque, segundo ele, se a rede de energia e a infraestrutura de telecomunicação são construídas ao mesmo tempo há uma economia de 30% no investimento global dessas duas instalações, o que pode refletir nos custos dos serviços prestados.
“Normalmente a rede elétrica chega primeiro às cidades e depois vem a empresa de telecomunicação e instala os cabos de telecomunicações compartilhados à rede, gastando novamente com infraestrutura. Se as duas empresas fazem isso de forma sinérgica, os custos são muito menores. Além disso, a confluência de planos na instalação de energia e rede de dados levaria luz e internet a muito mais lugares em menos tempo. As áreas mais isoladas receberiam os dois serviços de uma vez e com mais rapidez”, completa.
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