Economia

Puxado pelo aumento de renda das famílias, setor de serviços cresce 2% em Minas Gerais

Avanço, entretanto, ficou abaixo do crescimento nacional, que foi de 3,1% no período
Puxado pelo aumento de renda das famílias, setor de serviços cresce 2% em Minas Gerais
Foto: Adobe Stock

O volume de serviços em Minas Gerais cresceu 2% no ano passado em relação ao ano de 2023. O Estado foi uma das 21 unidades da federação, dentre as 27 pesquisadas, que apresentaram resultados positivos, puxado pelo aumento de renda entre as famílias que, consequentemente, impulsiona o consumo.

O avanço, entretanto, ficou abaixo do crescimento nacional que foi de 3,1% no período. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgados nesta quarta-feira (12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Em 2024, de acordo com a pesquisa, ao avançar 2% no setor de serviços, o Estado se destacou entre os maiores crescimentos do País, ficando atrás apenas de São Paulo (4,5%), Rio de Janeiro (4%), Santa Catarina (6,1%) e Paraná (3,6%).

Em Minas Gerais, quatro setores apresentaram crescimento. Os destaques ficaram com serviços de informação e comunicação (8,3%),e serviços prestados às famílias (7,9%).

Aumento do consumo das famílias puxa resultado positivo

A economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins, comenta que apesar de alguns fatores adversos como o aumento expressivo da taxa de juros e a elevação dos preços de produtos alimentícios, os resultados positivos observados no ano passado podem ser atribuídos principalmente pelo aumento do consumo das famílias.

“Esse aumento do consumo está muito atrelado ao mercado de trabalho aquecido e a maior disponibilidade de renda”, avalia.

“Quanto mais renda, mais consumo, e o setor de serviços é muito forte na Capital”, ressaltou a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Ana Paula Bastos, que destaca a participação da Capital no desempenho do setor.

A economista observa, ainda, o aumento das vendas on-line que reforçam a movimentação dos serviços como entregas e delivery de um modo geral. 

Serviços de tecnologia são os que mais cresceram

Outra questão pontuada pela economista da Fecomércio-MG é o crescimento da demanda por serviços de Tecnologia da Informação (TI) entre as empresas. Essa área pertence à categoria de “serviços de informação e comunicação” na pesquisa, e foi a que mais cresceu ano passado em Minas Gerais.

“Além disso, observa-se um aumento significativo das receitas vindas dos espaços de publicidade, devido as propagandas em plataformas digitais e o crescimento de intermediação de negócios em geral, por meio do e-commerce”, avalia.

Bom desempenho da economia

Para o economista do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Erico Grossi, o crescimento também reflete os ganhos reais de renda que aconteceram em 2024 em Minas Gerais e o bom desempenho da economia como um todo, fazendo as pessoas gastarem mais.

“Temos previsto um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5% para a economia brasileira, e Minas deve ficar acima de 3%. O Estado também tem indústrias e polos de tecnologia que cresceram muito no ano passado”, afirma Grossi.

Ainda de acordo com os dados da pesquisa, a categoria dos profissionais, administrativos e complementares apresentou queda de 5,1% no ano passado. Sendo a principal categoria responsável em puxar o desempenho de Minas para baixo do nacional na avaliação de Grossi. “Esse segmento inclui serviços técnicos, profissionais, aluguéis não imobiliários e serviços de apoio às atividades empresariais”, detalha.

Outro segmento que Grossi aponta também como responsável pelo resultado de Minas ser inferior ao brasileiro, é o de “outros serviços”. Esse segmento inclui as atividades e serviços financeiros, atividades imobiliárias e gestão de resíduos, esgoto e recuperação de materiais ligados à água, que não performaram bem. 

Setor de serviços em Minas Gerais não deve ser tão pujante em 2025

Os dados positivos de 2024 podem não se repetir em 2025, na opinião do economista do BDMG. Ele explica que, neste ano, há uma conjuntura econômica adversa, mais restritiva, com aumento dos juros que podem segurar o crescimento.

“Em 2024 também tivemos alguns elementos que alavancaram a renda e o consumo, como a ampliação do gasto público e a demanda interna, e isso não deve se repetir em 2025”, comenta.

Entretanto, ele espera que no primeiro trimestre haja um período de sazonalidade positiva. “No curto prazo, de janeiro a março de 2025, a gente espera, sim, um crescimento devido às férias escolares e às viagens, que impulsionam o setor de serviço não só em Minas, mas no Brasil como um todo. Porém, para o restante do ano a gente espera uma estabilidade, com crescimento menor que em 2024”, avalia.

A economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins, também espera uma redução no crescimento este ano, apesar de acreditar no protagonismo do setor na geração de empregos. “Essa expectativa se deve ao fato de o setor já vim de um crescimento muito robusto nos últimos anos, em decorrência da recuperação pós-período pandêmico”, diz.

Outro fator que pode acarretar um crescimento menos acentuado na opinião de Gabriela Martins é a elevação da taxa básica de juros da economia, que tem como seu principal foco a redução da inflação, por meio do arrefecimento da economia.

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