Quaresma pode aumentar em até 30% a venda de pescados em Minas

A Quaresma, período de reflexão e penitência que antecede a Páscoa e que se iniciou na última quarta-feira (5), é tradicionalmente marcada por um aumento no consumo de peixes e frutos do mar. Essa prática religiosa e cultural de substituição de carnes vermelhas é especialmente observada por fiéis católicos e pode elevar as vendas dos pescados em Minas Gerais em até 30% em comparação com o período anterior ao Carnaval.
“Além da forte presença do produto em supermercados, restaurantes e food-services, esperamos um crescimento de 30% nas vendas em Minas Gerais. Este aumento é muito positivo, especialmente porque coincide com uma produção elevada no Estado, o que tem impactado nos preços para o produtor. Os preços atuais estão bem abaixo dos praticados nos últimos anos devido à maior oferta”, afirma o presidente executivo da Peixe BR, Francisco Medeiros.
Em Belo Horizonte, o bairro do Bonfim, tradicional reduto de peixarias na região Noroeste, concentra expectativas animadoras para as vendas. Comerciantes da região estimam um aumento de até 30% para o período se comparado com a mesma época do ano passado.
“Antes do Carnaval já havia começado uma certa procura, porém na quarta-feira de cinzas as vendas foram bem melhores. Tivemos muita gente procurando por surubim, tilápia, salmão e bacalhau. Mas, a tendência é que as vendas sejam ainda melhores nas próximas semanas”, comenta a representante administrativa da SM Pescados, Cecília Carvalho, que tem unidades tanto no Bonfim, quanto em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
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Proprietário do Nossa Senhora Aparecida Pescados, também no bairro Bonfim, Emanuel Libério afirma que, ao contrário do ano passado, em que houve queda nas vendas por conta dos preços elevados, neste ano o cenário é outro.
“Eu tenho peixe aqui que você vai conseguir comprar a R$ 25 mais em conta do que os preços que tínhamos no ano passado nesta época. Ano passado vendemos, mas não foi tão bom quanto a gente espera para este ano”, compara o comerciante que ainda enfatiza: “As vendas desta semana são um termômetro e tivemos um bom começo. Espero melhorar algo entre 25% e 30% até a semana santa“, afirma.

Pescados sem gelo reduzem preços para a Quaresma
Em meio a um “mar” de estabelecimentos com expectativas otimistas para a Quaresma, no Mercado Central há 35 anos, a Peixaria Modelo é um dos estabelecimentos mais procurados na hora de comprar peixe fresco.
Proprietário do estabelecimento, Alfredo Suarez diz que vende os pescados sem gelo, o que garante uma certa fidelidade com o consumidor e um preço mais baixo que os concorrentes. “Aqui o cliente não compra água, ele compra peixe. E pode ter certeza que eu não coloco gelo em peixe. Por isso, temos preferência da classe baixa à classe alta por conta do preço e do bom atendimento“, pontua.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), Eduardo Lobo afirma que a tendência é que as vendas realmente sejam mais fortes para a atual Quaresma. “Neste ano a nossa expectativa é muito boa, porque teremos uma Páscoa muito equilibrada com preços bem mais baixos do que a Páscoa do ano passado”, adianta.
Segundo ele, é nos quarenta dias após o Carnaval que o setor se beneficia com as vendas. Por outro lado, a população tem acesso a pescados de melhor qualidade, de maneira que a indústria produtiva acaba concentrando para atender as demandas desta época.
“A tilápia é o carro-chefe do pescado brasileiro por sua grande oferta e por ser um produto nacional com preços bem acessíveis. Depois você têm os pescados que são consumidos habitualmente como o bacalhau e o salmão. Há também os pescados mais regionais, muito consumidos no Sul e no Sudeste do País, como é o caso da sardinha e do atum”, explica.
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