Economia

Quase 50% devem parcelas do Simples em Minas

Quase 50% devem parcelas do Simples em Minas
Vendas no último mês do ano vão ajudar a aliviar caixa de empresas | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

Cerca de 50% dos donos de bares e restaurantes de Minas devem parcelas do Simples Nacional, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Minas Gerais (Abrasel-MG). A alta da Selic também preocupa, já que a taxa influencia diretamente nos juros do Pronampe, linha de crédito contratada por quase 70% dos empresários ouvidos no mais recente levantamento da entidade.

A pesquisa, feita com 206 empresários do setor no Estado entre 21 de fevereiro e 3 de março, revelou que 48% dos entrevistados inscritos no Simples Nacional têm parcelas em atraso. Desses, 28% já estão na dívida ativa e 24% podem ser inscritos a qualquer momento.

O levantamento também aponta que 67% dos entrevistados possuem empréstimos contratados. Desses, 82% tomaram dinheiro com o Pronampe, linha de crédito criada pelo governo federal em maio de 2020 para socorrer pequenas empresas em dificuldades financeiras por  causa da pandemia.

O grande número de empresários que contrataram o empréstimo preocupa o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel, principalmente depois que a taxa Selic deu um salto de 10,75% para 11,75% ao ano – alta de um ponto percentual que impacta diretamente nos juros do Pronampe.

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“O custo do crédito praticamente quadruplicou, o que, indiscutivelmente, ameaça a já fragilizada saúde financeira dos empreendedores do setor”, destaca Daniel, acrescentando que, do total de empresários que adquiriram o empréstimo, 14% já estão com parcelas em atraso.

A escalada da Selic tem deixado apreensivos empresários como Alfredo Lanna, que é proprietário de dois restaurantes na rua Sapucaí. Na época em que o governo federal ofereceu o Pronampe, ele recebeu a novidade com alívio, afinal a Selic estava em 2,25% ao ano.

“Era um empréstimo muito amigável para um momento difícil que a gente estava vivendo. Tivemos inclusive uma carência de onze meses; quando ela venceu, a taxa de juros começou a subir e a gente não sabe onde vai parar”, receia o empresário. O setor, diz Lanna, tem uma rentabilidade muito pequena – “a gente briga por centavos na taxa da maquininha – e não dá para repassar todos os custos que vêm se elevando.

Em 2020, primeiro ano da pandemia, ele não conseguiu pagar os tributos de seus restaurantes, mesmo com o adiamento do prazo. No final de 2021, “pagando uma fortuna de multa e juros”, Lanna colocou em dia as dívidas de uma de suas casas, receoso de que a empresa fosse excluída do Simples.

Ele não acreditava que houvesse uma renegociação, o que acabou acontecendo agora em março com o Relp, o programa de parcelamento de débitos do Simples, que lhe permitirá regularizar, em melhores condições, a situação de seu outro restaurante.  

Piora no faturamento

A nova pesquisa da Abrasel-MG aponta ainda que, depois de um mês de dezembro bom, 35% dos empresários voltaram a ter dificuldade com o caixa, operando em prejuízo em janeiro. O que, segundo Matheus Daniel, pode ser explicado pelo intenso período chuvoso no estado, que acabou afugentando a clientela.

Outros 26% tiveram lucro (foram 33% em dezembro) e 38% ficaram em equilíbrio. Janeiro de 2022 foi melhor que o mesmo mês do ano passado para dois terços dos entrevistados. “O balanço que fazemos de todos esses dados é que a recuperação do setor ainda não consegue apresentar uma melhora contínua e o grande desafio nesse momento é equilibrar custos e endividamento”, ressalta o dirigente da Abrasel-MG.

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