Economia

Quase um milhão de pessoas estão em situação de pobreza crônica em Minas Gerais

Em novembro, Sedese vai lançar painel on-line com o novo índice; indicador vai além da análise monetária e considera dimensões como moradia, saúde, saneamento básico, dentre outras
Quase um milhão de pessoas estão em situação de pobreza crônica em Minas Gerais
Crédito: Reprodução AdobeStock

A Secretaria Desenvolvimento Social do Estado de Minas Gerais (Sedese) lançará, em novembro, um painel on-line com o novo Índice de Pobreza Multidimensional do Estado (IPM Minas), indicador de pobreza que vai além da análise monetária – a renda das pessoas – e considera dimensões diversas como habitação, saúde, educação, trabalho e acesso a serviços e bens públicos, como transporte e saneamento básico.

A análise da Sedese mostra que 3,5 milhões de mineiros, 16,4% da população estadual, estão em situação de pobreza monetária, com renda mensal abaixo de R$ 218; e 1,4 milhão, 6,7% dos habitantes do Estado, em pobreza multidimensional, com algum grau de vulnerabilidade em algumas dimensões que impactam a vida cotidiana.

Dentro desses contingentes, quase um milhão de pessoas – 816 mil, 3,8% da população de Minas Gerais – estão em situação de pobreza crônica, em que a pessoa está tanto em situação de pobreza monetária quanto de pobreza multidimensional.

“A pobreza é um fenômeno muito complexo e tem várias facetas. As pessoas não são pobres só por causa de renda”, disse o assessor especial na Sedese, Elder Gabrich. Ele explica que há muito mais dificuldade em enfrentar a pobreza multidimensional do que a pobreza monetária, que é combatida diretamente por meio de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

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“Se a pessoa é pobre monetária e também é pobre multidimensional, não tem habitação adequada, acesso a banheiro, à educação, não trabalha, vai precisar levar muito mais políticas públicas para que, de fato, ela alcance autonomia, dignidade. É muito mais interessante e facilita muito a destinação de políticas específicas”, aponta.

O IPM será utilizado para definir quais políticas públicas fazem mais sentido em determinados territórios do Estado, perante às vulnerabilidades específicas da população de cada cidade.

Para que uma pessoa seja considerada em situação de pobreza multidimensional, a soma dos indicadores do IPM tem de estar acima de 0,33 numa escala de 0 a 1, em uma lógica semelhante ao Índice de Gini.

O IPM mineiro será divulgado semestralmente, nos meses de junho e dezembro, em um painel on-line com dados de todas as cidades de Minas Gerais e poderá ser acessado por qualquer pessoa. Os números até aqui mensurados são relativos a junho deste ano. “Para os municípios é bom porque vão conseguir planejar até as suas políticas públicas específicas. A gente tem expectativa que eles também passem a utilizar esse indicador no trabalho”, declara Gabrich.

Tecnologia no combate à pobreza em Minas

O índice é calculado com dados coletados dos 9 milhões de mineiros que estão no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e processado por ferramentas digitais, em uma mensuração muito mais econômica do que uma pesquisa “porta a porta” nos domicílios, destaca Gabrich. A tecnologia também facilita a comunicação da Sedese, sem a necessidade das pessoas entrarem em contato com a secretaria em busca de dados sociais.

O Country Manager da SoftwareOne Brasil, Otávio Argenton, empresa que desenvolve ferramentas tecnológicas em parceria com a Sedese, destaca que tem visto grandes investimentos dos governos federal e estadual no desenvolvimento de tecnologia nos órgãos públicos, para formulação de políticas públicas à população mais vulnerável.

“Quando implementa a tecnologia, a gente sempre tenta mapear qual o tipo de problema ou de situação que a gente quer resolver junto com os órgãos”, afirma. “Tem um monte de coisa que a gente consegue olhar um problema, mapear como conseguiria ajudar a população com as tecnologias para implementar esse tipo de solução o mais rápido possível”, completa.

Ele afirma que o investimento do poder público em tecnologia tem avançado, mas ainda não é rápido o suficiente como deveria ser, além de ser melhor comunicado à sociedade. “Tem acontecido, só que ainda peca na questão da velocidade de implementar essas soluções e na comunicação à população de quais soluções estão disponíveis para ela”, finaliza.

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