Queda da demanda por calcário exige gestão de processos e controle da mineração

Nos primeiros meses deste ano, a demanda por calcário recuou ante o mesmo período do ano passado, interrompendo nove anos de crescimento contínuo do mineral no setor agrícola. Dessa forma, o consumo do insumo para o setor agrícola no Brasil poderá fechar 2024 com queda sobre 2023, quando foi registrado um volume recorde de 61,8 milhões de toneladas.
As estimativas são de produtores de calcário atendidos pela empresa Minerion que é desenvolvedora de software de gestão específico para a atividade da mineração e que acompanha o segmento de perto. Dentre os clientes da empresa, estão as mineradoras que respondem por mais de 56% da produção do insumo no País.
O CEO da Minerion, Ivan Pereira, explica que o calcário é essencial para o agronegócio e é usado, principalmente, para corrigir a acidez do solo. Tal correção, permite que o produtor gaste menos com fertilizantes, uma vez que em solo com acidez controlada, as plantas aproveitam melhor o produto.

“Corrigindo a acidez, o produtor evita gastar mais com fertilizante. Você gasta com um produto que custa entre R$ 70 a R$ 100 a tonelada, e evita gastar com o fertilizante que custa em média R$ 3,5 mil por tonelada”, explica.
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Com a queda na demanda por calcário provocada, de acordo com Pereira, pelo atraso das chuvas e o volume excessivo de produção nas safras anteriores, torna-se necessário que o segmento extrativo mineral, que é historicamente rentável, se adapte e saiba lidar com as oscilações de desempenho.
Oscilações confirmadas pela Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal) em nota enviada ao Diário do Comércio. “Os dados de 2024 só teremos acesso no primeiro trimestre do ano que vem. Se formos fazer uma projeção, podemos dizer que 2024 está apresentando uma oscilação muito grande. Os eventos climáticos no País, com estiagem e incêndios nos canaviais em algumas regiões e chuvas excessivas em outras, fizeram o consumo cair, inicialmente”, informou a nota.
Neste cenário, o CEO da Minerion explica que as empresas ficam mais vulneráveis a operar em margens de lucro menores. “É nesse momento que você passa a depender radicalmente de um processo de gestão que você tenha custos menores. E custo menor num ambiente de produção da indústria de calcário passa por questões não só de processos de compra bem elaborados e refinamento de aquisições, mas principalmente pelas questões relacionadas à produtividade”, afirma Pereira.
Conforme o gestor, é importante, dessa forma, a empresa saber administrar a capacidade de produção e evoluir em produtividade para enfrentar os “tropeços do mercado”.
“O nosso trabalho envolve ferramentas de softwares para fazer o processo de gestão e de consultoria operacional para que essas técnicas de interferências nos processos possam de fato trazer o benefício para empresas que muitas vezes não possuem este know-how, ou a cultura de gestão”, explica Pereira.
Ele comenta que em algumas empresas de mineração, os processos não burocráticos e, portanto, não obrigatórios, acabam sendo negligenciados como o controle da produção, a análise de consumo de insumo e até o acompanhamento dos gastos com mão de obra. “Ninguém melhora o que não controla, correto?”, disse ressaltando a importância de acompanhar dados e resultados.
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