Queda na demanda do transporte de cargas registra desaceleração

A pandemia do Covid-19 tem afetado fortemente o transporte rodoviário de cargas (TRC) em Minas Gerais e no Brasil de maneira geral. No Estado, a queda registrada no segmento foi de 35,5% até agora. Os dados pertencem à NTC&Logística e compreendem o período de 16 de março a 2 de agosto.
Apesar da retração, o assessor técnico da empresa, Lauro Valdivia, ressalta que essa é a média do período e o início da crise ajudou a puxá-la para cima. Em abril, por exemplo, mês em que as medidas de distanciamento social foram mais intensas, o recuo do segmento em Minas Gerais chegou a 41%. De lá para cá, vem havendo certa recuperação. Em maio, o recuo foi de 38,67% e em junho de 30,6%.
Essa evolução, de certa forma, dá expectativas mais positivas para a área. “O que temos visto é que o mercado tem caminhado para a normalidade”, diz Valdivia. O quadro mais favorável, explica ele, está relacionado à flexibilização do isolamento social, que tem acontecido, em maior ou menor grau, nos municípios mineiros e do País como um todo.
“O principal fator que contribuiu para esse cenário mais positivo foram as reaberturas. Quando tudo estava fechado, não havia, muitas vezes, como vender e nem como entregar. À medida que a produção foi se estabilizando, a carga voltou. Ainda não é 100% do que era, mas está se recuperando boa parte do que foi perdido”, avalia o assessor.
Até chegar a este momento, porém, os desafios foram grandes. Valdivia salienta que determinados setores chegaram a apresentar uma retração de quase 100%. Alguns dos segmentos mais afetados, diz ele, foram o automobilístico e o de linha branca, além dos que abastecem shopping centers.
O assessor técnico da NTC&Logística também frisa que não se esperava que essa situação durasse tanto tempo. Inicialmente, havia a ideia de que as coisas se resolveriam em algumas semanas, o que não ocorreu, agravando ainda mais o cenário.
Contudo, mesmo diante de todos os entraves, o transporte rodoviário de cargas ainda contou com uma espécie de alívio: os serviços essenciais. Foram eles que fizeram com que as retrações não fossem ainda maiores, segundo Valdivia. “Os números só não foram piores por causa dos serviços essenciais e o transporte de itens como os de alimentação e farmácia”, avalia.
Recuperação – Embora muitos setores econômicos prevejam que 2020 deverá ser um ano de queda, as expectativas são um pouco diferentes para o transporte rodoviário de cargas. De acordo com Valdivia, é provável que o ano não feche com crescimento na área, mas também não deverá apresentar recuo. “Falta um número razoável para voltar à normalidade, o que deve ocorrer até o fim do ano”, prevê.
Entretanto, resta insegurança sobre o que irá ocorrer em 2021. Valdivia destaca que várias medidas governamentais, como a liberação de parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o auxílio emergencial, têm permitido que o dinheiro circule e estimulam o mercado a consumir. “A dúvida fica para o ano que vem, quando os planos de assistência acabarem”, pondera.
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