Economia

Queda nas exportações de minério de ferro para a China liga alerta para as mineradoras

Exportações da commodity mineral ao mercado chinês têm caído devido a um conjunto de fatores
Queda nas exportações de minério de ferro para a China liga alerta para as mineradoras
Crédito: Divulgação Vale

As exportações de minério de ferro do Brasil para a China recuaram fortemente no início deste ano. O resultado, segundo especialistas, acende um alerta para as mineradoras: é preciso focar na diversificação da carteira de clientes para reduzir a dependência chinesa.

Dados do governo federal apontam que, entre janeiro e abril, o valor arrecadado por Minas Gerais com as vendas de minério de ferro ao país asiático somou US$ 2,6 bilhões, queda anual de 29,4%. No Brasil, a receita caiu 21,8%, para US$ 5,2 bilhões.

“Sem sombra de dúvidas as empresas precisam de mercados alternativos para manter as exportações”, destaca o professor da FIA Business School, Arnóbio Durães, citando como destinos a serem observados a Índia, o sudeste da Ásia e países do Oriente Médio.

De acordo com o docente, as produtoras de minério estão se movendo para diversificar as vendas, mas ainda em ritmo lento. Na avaliação dele, se os setores de construção civil e infraestrutura da China não apresentarem melhoras, pode ser que as mineradoras comecem realmente a acelerar os passos em busca de aumentar a exportação para outros clientes.

A dependência chinesa, de fato, é enorme, conforme os números do governo. No primeiro quadrimestre, 77,1% do montante arrecadado por Minas com os embarques de minério de ferro foi proveniente do país asiático. No Brasil, o percentual chegou a 65%.

Os resultados das mineradoras também ilustram esse cenário. A Vale, por exemplo, reportou uma receita líquida de vendas de US$ 8,1 milhões nos primeiros três meses de 2025, sendo a China responsável por quase metade da cifra (US$ 3,9 milhões).

Entenda o que tem derrubado os embarques

As exportações da commodity mineral ao mercado chinês têm caído devido a um conjunto de fatores, conforme os especialistas. A desaceleração da economia chinesa é um deles.

O professor de Gestão de Negócios do Centro Universitário Una, Stênio Afonso, esclarece que, principalmente, nas últimas duas décadas, a China vinha crescendo bem acima da média global, mas agora o país não consegue ter o mesmo ritmo de crescimento. “Essa desaceleração faz com que tenha uma redução do consumo de minério de ferro”, diz.

Outro motivador é a tensão causada pela guerra tarifária estabelecida pelos Estados Unidos, sobretudo com os chineses. O docente afirma que a situação causa uma instabilidade dentro da economia chinesa, fazendo com que empresários comprem menos a commodity.

Atrelado a esses dois pontos, a queda do preço do minério de ferro no mercado global também tem forte impacto na redução da receita dos embarques. O professor do curso de graduação de ciências econômicas do Ibmec-BH, Gustavo Andrade, diz que o “tarifaço” do presidente norte-americano, Donald Trump, jogou o valor da commodity para baixo.

O docente destaca que foi criado um grande nível de incerteza em cima da China, que é a principal parceira comercial do Brasil. “Se o processo de crescimento econômico chinês é colocado em cheque, pelo menos no curto prazo, por conta desses movimentos ou de seus efeitos, a gente acaba sofrendo”, afirma, ponderando que a cotação já vinha caindo há algum tempo em razão de uma mudança na dinâmica da economia chinesa.

Além dos fatores já citados, o professor da FIA Business School cita que a China tem ampliado os estoques internos de minério de ferro e incentivado a diversificação de fornecedores. “Eles incluíram no seu portfólio um aumento de compras da Austrália e Indonésia, o que também pressiona negativamente os embarques brasileiros”, ressalta Durães.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas