Queda na produção de aço pode impactar mais de 37 mil empregos

De São Paulo*
Se as importações continuarem em alta, milhares de postos de trabalho podem ser fechados na indústria do aço. Cálculos do Instituto Aço Brasil indicam que, caso a utilização da capacidade instalada do setor caia para 40%, a produção anual teria uma redução de 13,5 milhões de toneladas, o que resultaria na perda de 37.605 empregos. Segundo a entidade, cada trabalhador do setor produz, em média, 359 toneladas de aço bruto por ano.
Por outro lado, se o nível de aço importado diminuir e as siderúrgicas ampliarem a produção, poderiam ser geradas 17.571 vagas no setor. A estimativa considera um aumento do aproveitamento do parque siderúrgico para 79%, o que resultaria em um acréscimo anual de 6,3 milhões de toneladas – volume de desembarques previstos para este ano.
Atualmente, a siderurgia nacional emprega 117.439 trabalhadores e opera com 66% do potencial produtivo, um patamar considerado baixo. De acordo com o presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, André B. Gerdau, o setor precisa funcionar com, no mínimo, 80%. Segundo ele, os investimentos em usinas e equipamentos são de longo prazo e, por isso, é necessário maximizar a produção para ter o retorno do capital aplicado.
Os dados foram apresentados pela entidade durante entrevista coletiva no Congresso Aço Brasil. “Vejam como é sensível e importante conseguirmos aumentar a utilização [da capacidade instalada] com a redução das importações”, destacou o executivo. “Se a situação piorar, podemos eliminar empregos; se permanecer como está, a gente tende a mantê-los, mas a situação não está sustentável, porque, no nível atual, fica muito difícil operar”, ressaltou.
Aço Brasil revisa projeções para 2025, prevendo piora do mercado
O Instituto Aço Brasil também apresentou à imprensa as novas projeções do setor para o ano, prevendo uma piora do mercado. O volume de importações, citado anteriormente, representa uma expansão anual de 32,2%, sendo que a estimativa divulgada em novembro passado era de alta de 11,5%. Vinculada ao avanço dos desembarques, a previsão de aumento do consumo aparente saiu de 1,5% para 5%, totalizando 27,4 milhões de toneladas.
Já as vendas internas devem atingir 21,1 milhões de toneladas, baixa de 0,6%, ante queda de 0,8% estimada anteriormente. As exportações podem crescer 1%, para 9,7 milhões de toneladas, percentual menor que os 2% previstos no final de 2024. E a projeção de redução na produção de aço bruto saiu de 0,6%, para 0,8%, somando 33,6 milhões de toneladas.
As estimativas foram atualizadas com base nos números registrados entre janeiro e julho. No acumulado dos sete meses, em relação ao mesmo período do ano anterior, a produção de aço bruto caiu 1,1%, as exportações cresceram 1,7%, as vendas internas aumentaram 1,8%, o consumo aparente teve um incremento de 8,1% e as importações expandiram 24,4%.
(*) O repórter viajou a convite do Instituto Aço Brasil
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