Economia

Queimadas em Minas Gerais já deixaram 700 mil pessoas sem luz neste ano

O número de consumidores de energia prejudicados com os incêndios subiu oito vezes em 2024
Queimadas em Minas Gerais já deixaram 700 mil pessoas sem luz neste ano
Crédito: Divulgação Cemig

O número de interrupções no fornecimento de energia elétrica causadas por queimadas em Minas Gerais em 2024 é o maior já registrado nos últimos anos. De acordo com um levantamento da Cemig, de janeiro a agosto deste ano, foram 476 ocorrências de incêndios que impactaram 702 mil clientes da companhia no Estado. 

Esse número é mais de oito vezes superior ao registrado no mesmo período de 2023, quando 85 mil lares foram afetados por 191 ocorrências.

O aumento expressivo reflete o impacto crescente das queimadas sobre a infraestrutura de distribuição de energia. Até então, o período com maior número de clientes prejudicados por incêndios havia sido2021, com 738 mil consumidores afetados em 940 incidentes. 

“Os equipamentos da rede elétrica, quando expostos às queimadas, têm seu funcionamento prejudicado, o que pode causar o desligamento de linhas de transmissão e distribuição e de subestações, bem como causar graves acidentes com pessoas que estão próximas a estas áreas”, explica o engenheiro líder da Cemig, Matheus Amaral.

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A Zona da Mata mineira foi a região mais atingida até agora, com 204 mil clientes sem energia devido a 62 ocorrências. O aumento de incidentes com queimadas na região foi de 1.918% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando pouco mais de 10 mil unidades consumidoras enfrentaram interrupções causadas por incêndios.

Dificuldades no reparo da rede de energia após queimadas

A Cemig destaca que as queimadas costumam ocorrer em locais de difícil acesso, o que dificulta o trabalho das equipes de campo para realizar os reparos necessários.

 “Em áreas acidentadas, o transporte de equipamentos pesados, como postes e torres, é bastante desafiador”, explica o engenheiro Matheus Amaral.

As queimadas perto de linhas de transmissão são especialmente preocupantes, já que podem deixar hospitais, comércios e escolas sem energia.

“As queimadas não são um problema de rápida solução. Quando há dano aos postes e cabos condutores, é necessário substituir equipamentos – causando uma demora na religação dos circuitos atingidos. Além disso, em muitos casos, a Cemig tem que usar diversos recursos, como veículos especiais e até mesmo helicópteros”, comenta.

QUEIMADAS EM MINAS GERAIS
Crédito: Divulgação Cemig

O engenheiro ainda comenta que esta época do ano, de seca e temperaturas elevadas, é mais propensa ao alastramento dos focos de incêndio.

Ele alerta, ainda, que em muitos casos o fogo surge por ação humana, seja por fogueiras não apagadas corretamente, seja por fogo proposital que não deveria sair de controle. Segundo o engenheiro, a Cemig faz o possível para atender estas ocorrências, mas algumas situações dificultam o trabalho.

“Em alguns incêndios ou queimadas pode ocorrer o rompimento de cabos ou o surgimento de arco elétrico entre fases, que é como se fosse um curto circuito. Tentamos atender as regiões afetadas, mas em alguns locais temos que esperar até o fogo ser controlado. Além disso, existe a dificuldade de acesso e o deslocamento com ferramentas e equipamentos”, explica.

Ações para mitigar os efeitos do fogo

Para mitigar os efeitos desses incidentes, a Cemig vem realizando ações preventivas, como a limpeza de faixas de servidão, poda de árvores e aplicação de pintura antichamas em postes de madeira. Em 2024, a empresa está investindo R$ 311 milhões em manutenção preventiva.

A Cemig também utiliza um sistema de monitoramento via satélite, o Geopat, para detectar focos de calor próximos às linhas de alta tensão. Com essa tecnologia, a companhia consegue identificar rapidamente incêndios e acionar equipes de campo para reduzir o impacto das queimadas no fornecimento de energia.

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