Economia

Com reajuste da Petrobras, gasolina vai ficar mais cara em BH; veja impacto para consumidor

Veja o que representa o reajuste da gasolina anunciado pela Petrobras, e o impacto que a medida vai ter nas bombas e no cálculo da inflação
Atualizado em 8 de julho de 2024 • 23:01
Com reajuste da Petrobras, gasolina vai ficar mais cara em BH; veja impacto para consumidor
Crédito: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

Com o reajuste da Petrobras de 7,12% no preço do litro da gasolina A vendida às distribuidoras, o custo do combustível romperá a barreira dos R$ 6 na gasolina comum em Belo Horizonte. O impacto no consumidor final calculado pela petroleira é de R$ 0,15, mas economistas apontam que o repasse pode ficar acima desse patamar nos postos até ser ajustado ao longo do tempo pelo mercado.

Os preços do litro da gasolina aditivada e da comum na capital estavam a R$ 6,25 e R$ 5,98, respectivamente, no último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).

“O aumento é próximo de uns 20 centavos. Temos o que chamamos de um ‘overshooting’, um aumento relativamente maior (nos distribuidores), às vezes de R$ 0,20 e assim por diante, mas depois vai amortecendo e deve ficar em torno dos R$ 0,15”, explica o coordenador do curso de Ciências Econômicas do Ibmec BH, Ari Araújo.

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O economista pondera que os combustíveis têm um peso de aproximadamente 6% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por meio da estrutura de ponderação do item transporte, equivalente a cerca de 20% da estrutura do IPCA. “Os agentes econômicos do mercado não estavam esperando um reajuste de preços nesse momento. Então é bem provável que a gente tenha uma inflação um pouco mais alta do que se esperava”, afirma Araújo.

Professor de Gestão e Negócios da UNA, o economista Stênio Afonso também estima uma alta antecipada e acima do reajuste da Petrobras nos postos de combustíveis, que será amortecida a depender da oferta e demanda na cidade. “É uma questão de mercado mesmo. O consumidor não consegue identificar quando é que vai chegar o novo combustível (com o preço novo) ali dentro do posto”, disse.

Afonso não aponta impacto na inflação dos alimentos em um primeiro momento, já que o reajuste da Petrobras foi aplicado apenas na gasolina A e no GLP, não no diesel. “A não ser que os postos de gasolina queiram fazer esse mesmo aumento proporcional para o diesel, aí nós teríamos um problema de transporte de alimentos, de produtos, dentre outras coisas”, comenta.

Aplicativos

O impacto mesmo, pontua o professor da UNA, será para motoristas de transporte e entrega por aplicativo. “Esse pessoal vai começar a ter um ganho menor. Posso dizer para você que o ganho desses profissionais do transporte vai reduzir em torno de 7% a 10% por conta desse aumento”, finaliza.

Custo do etanol também está em elevação

O aumento de R$ 0,15 no preço do litro da gasolina para o consumidor final, estimado pela Petrobras, leva em consideração a mistura de 27% de etanol anidro na composição da gasolina comum. Acontece que o preço do biocombustível registrou sucessivas altas nas usinas produtoras. O indicador semanal do etanol hidratado Cepea/Esalq registrou alta de 2,72% na última semana, após alta de 2,29% e 3,14% nas duas semanas anteriores.

O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, afirma que as variações no custo do biocombustível são comuns e que há forte demanda no momento. “Alcançamos níveis bastante altos de consumo e temos uma safra que é mais ou menos definida. A gente sabe o quanto vai produzir e o mercado começa a ajustar a questão dos preços, as condições de oferta e demanda”, disse.

Ele afirma que, por conta da volatilidade do mercado sucroalcooleiro, não é possível cravar que a tendência de alta continue nos próximos meses. Mas acrescenta que o setor tem sentido aumento dos custos operacionais. “O Brasil passa por dificuldade com relação à mão de obra, isso tem feito com que o salário tivesse um aumento, e isso tem impacto dentro da nossa estruturação”, comenta.

Assim, ele afirma que o mercado tenta encontrar uma forma de sustentar a atividade sem onerar o consumidor. “A gente sempre tem que chegar a um ponto de equilíbrio onde seja bom para o consumidor, mas também bom para que a empresa tenha retorno e possa conseguir investir, reinvestir no seu negócio e ter maiores produções no futuro”, finaliza Campos.

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