Reajustes em vales-alimentação e refeição em Minas ficam abaixo da inflação

Minas Gerais apresenta reajustes abaixo da média brasileira e da inflação no que diz respeito aos vale-alimentação e refeição. A realidade foi atestada em uma pesquisa divulgada pela Sodexo, empresa reconhecida pelos cartões de alimentação. A média brasileira de reajuste foi de 10,08% para o vale-alimentação e 7,42% para o vale-refeição.  No entanto, em Minas Gerais as altas foram de 9,94% e 9,08%, respectivamente.

Os dados refletem a base de clientes da Sodexo e são referentes à comparação realizada entre o primeiro trimestre deste ano e o do exercício de 2021. Vale lembrar que a inflação acumulada dos últimos 12 meses chega a 11,73%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dessa forma, os indicadores demonstram que os reajustes do benefício não alcançaram a elevação do custo de vida do brasileiro.

Com os reajustes concedidos em Minas Gerais, o vale-alimentação passou para R$ 445,05 e o refeição para R$ 528,69 — valores médios. Para critério de comparação, o levantamento mostrou que os trabalhadores da região Centro-Oeste foram os que obtiveram maior valor médio do saldo no período de referência (1º trimestre), com R$ 534,41. Já no caso do vale-refeição, a média no Sudeste é a maior, com R$ 518,24 — Minas Gerais está à frente no valor. 

Menos dinheiro em circulação

Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Matheus Daniel, os reajustes abaixo da inflação reduzem o dinheiro que está em circulação. “Você tira o dinheiro que poderia ir para bares e restaurantes e isso dificulta e impacta no faturamento dos estabelecimentos”, aponta ele. 

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Matheus Daniel complementa que o cenário exige que os comerciantes façam uma ginástica para que os repasses não prejudiquem o fluxo nos negócios. Em meio à inflação acumulada de quase 12%, o presidente da Abrasel afirma que apenas 6% da alta foi repassada aos consumidores. Essa tentativa de segurar a inflação, no entanto, gera prejuízos aos bares e restaurantes. 

“Em nossa última pesquisa, tivemos dados de que 28% dos estabelecimentos mineiros estavam operando em prejuízo. E outros 35% em equilíbrio. Então é preciso fazer uma ginástica mesmo para conseguir segurar esse preço e não repassar tudo para o consumidor”, conta. 

A iniciativa de segurar os preços ajuda aqueles trabalhadores que, no dia a dia, não abrem mão de se alimentar com qualidade. Por esse motivo, Matheus Daniel aponta que não houve uma redução da demanda. No entanto, as pessoas estão ajustando a quantidade no prato, por exemplo, para manter o consumo. 

Pesquisa Sodexo

A Sodexo também separou os dados de acordo com o porte das empresas. O reajuste em pequenas e médias empresas foi de 7,07% no que tange ao benefício da alimentação e 7,01% para os cartões-refeição. As grandes empresas aumentaram em 10,84% o vale-alimentação e em 6% o refeição. 

A hipótese da Sodexo é que as empresas reajustam os valores porque acreditam que a produtividade está ligada à qualidade da alimentação. É o que aponta o diretor de produtos da Sodexo Benefícios e Incentivos, Rodrigo Somogyi.

“Com a inflação cada vez mais acelerada, atingindo principalmente o segmento de alimentos, as pessoas têm enfrentado diariamente o desafio de conseguir manter uma refeição nutritiva e balanceada dentro do orçamento”, afirma. 

DC Responde