Economia

Reajustes nos contratos impactam as lojas em MG

Assunto chegou a parar na Justiça
Reajustes nos contratos impactam as lojas em MG
Lojistas aguardam resultado de uma ação no STF que pode trocar o IGP-M pelo IPCA como índice de reajuste dos aluguéis | Crédito: Luciana Montes

O avanço do Índice Geral de Preços ao Consumidor (IGP-M) – que chegou a 37% durante a pandemia – tem deixado em polvorosa quem paga aluguel, uma vez que é utilizado para a correção dos contratos. Mas se o índice perdeu espaço nas negociações de imóveis residenciais, continua sendo rigorosamente aplicado nos contratos das lojas de shopping, mesmo que de forma oculta.

“Na hora do reajuste, o shopping aplica o IGP-M e não muda o contrato, apenas dá um desconto na boleta durante alguns meses”, revela o superintendente da Associação de Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping), Alexandre Dolabella.

Algumas redes não negociam de jeito nenhum e preferem perder o cliente, diz Dolabella. 

“As vendas melhoraram, mas ainda estão longe dos níveis pré-pandemia. Não tenho medo nenhum de dizer isso, mas é uma conduta desleal com o lojista, principalmente o pequeno, que tem apenas um ponto de venda”, completa. Longe do poder de fogo de uma rede como a Companhia do Terno, que tem hoje cerca de 150 lojas, 90% delas em malls de todo o País e que, segundo Dolabella, é a maior pagadora de impostos do varejo em Minas Gerais.

Grandes redes que, como ela, só estão em shoppings, estão inclusive revendo suas estratégias de localização e algumas delas não descartam a volta às lojas de rua. Já o pequeno lojista, que não tem o mesmo poder de barganha, vive uma situação complicada. Tem que honrar custos como condomínio e fundo de promoção, que já voltaram ao que era antes, mas ainda sem vender como antes.

O setor calcula que estes custos mais o aluguel não podem ultrapassar 12% do faturamento. “A média tem sido de 18% e muita gente está operando com 30%, ou seja, não estão nem trocando cebolas, estão é perdendo mesmo”, lamenta o representante dos lojistas de shopping.

Mas os centros de compras “por incrível que pareça” estão conseguindo repor as lojas que foram fechadas. “O cara que saiu porque não aguentou, está sendo substituído por outro, que entra em melhores condições. Os descontos reais no aluguel valem para os novos. Por que não fizeram isso com os antigos, que amargaram lojas fechadas e o pagamento de impostos mesmo sem funcionar?” – pergunta Dolabela.

Enquanto isso, o setor aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que poderá equilibrar as negociações de aluguel, ao trocar o IGP-M pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e, consequentemente, pela correção da inflação. Uma das ações neste sentido foi ajuizada pelo PSD em nome de associações varejistas e sindicatos de lojistas de todo o País e está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes.

Para o setor, é uma questão de Justiça. Afinal, quando recentemente o IGP-M foi negativo, os aluguéis não foram reduzidos. “O impacto no reajuste foi zero”, lembra Dolabella, referindo-se ao mês de setembro de 2021, quando o índice recuou 0,64% por conta da queda de 20% no preço do minério de ferro.

Físico X virtual  

Neste momento, uma nova realidade se impõe tanto aos lojistas quanto aos shoppings. Com a pandemia, as vendas virtuais superaram, antes do previsto, as dos malls. Segundo um estudo da gestora Canuma Capital, o comércio eletrônico vendeu no ano passado R$ 260 bilhões no País, um avanço de R$ 160 bilhões em relação ao registrado em 2019. Enquanto isso, os centros de compras faturaram cerca de R$ 190 bilhões em 2019 e a previsão é que tenham vendido R$ 175 bilhões em 2021.

Esse movimento é sustentado, em parte, pelos próprios lojistas de shoppings, que ficaram fechados durante meses nos períodos de maior isolamento social. Para sobreviver,  tiveram que apostar num mix de vendas entre o físico e o virtual, seja nos marketplaces, plataformas próprias ou contatos pelo WhatsApp.

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