Receita líquida da Gerdau atinge recorde de R$ 82,4 bi em 2022
Em 2022, a Gerdau registrou a maior receita líquida da história da companhia, totalizando R$ 82,4 bilhões e superando em 5,2% a gerada em 2021. Apesar da receita em crescimento, houve queda no lucro, 16,5%, e também nas vendas, 6,4%. Neste ano, a Gerdau irá investir R$ 5 bilhões, valor maior que os R$ 4,3 bilhões aportados no ano passado.
O aporte será destinado à modernização, crescimento e atualização tecnológica das unidades, com destaque para a usina de Ouro Branco, em Minas Gerais. A unidade fará uma parada, em 2025, para manutenção do alto-forno 1 e a compra dos componentes e equipamentos começa agora em 2023.
Para 2023, mesmo diante dos desafios – como os juros altos, restrições ao crédito e demanda mais lenta – a estimativa é que os resultados da Gerdau fiquem próximos aos de 2022.
Em 2022, o lucro líquido ajustado, que somou R$ 11,6 bilhões, retraiu 16,5% frente ao ano anterior e as vendas físicas de aço – que alcançaram 11,9 milhões de toneladas – ficaram 6,4% menores. No período, o Ebitda ajustado caiu 7,4% e somou R$ 21,5 bilhões, com margem Ebitda de 26,1%.
“Ao longo de 2022, nós conseguimos colocar à prova a resiliência da Gerdau frente ao cenário macroeconômico desafiador. Mesmo em cenário complexo, tivemos um ano histórico e com resultados excepcionais. Nós acompanhamos de perto os desdobramentos em relação aos desafios logísticos e geopolíticos resultantes da continuidade da pandemia da Covid-19 e do conflito entre Rússia e Ucrânia, que trouxeram incertezas para os cenários econômicos e inflacionários globais”, explicou o diretor-presidente (CEO) da Gerdau, Gustavo Werneck.
Ainda segundo Werneck, um dos impactos foi a pressão nos custos de produção, especialmente energéticos.
“Ressalto, porém, que mesmo neste cenário desafiador, a Gerdau manteve-se com ótimo desempenho. Encerramos 2022, com a maior receita líquida da história da Gerdau e o segundo maior Ebitda ajustado”, disse.
Já no quarto trimestre de 2022, a empresa registrou Ebitda ajustado de R$ 3,6 bilhões, com margem Ebitda ajustada de 20,2%. O lucro líquido ajustado da Gerdau somou R$ 1,3 bilhão entre outubro e dezembro do ano passado, queda de 61,7%, frente a igual trimestre de 2021.
No último trimestre de 2022, também houve queda na receita líquida da companhia, que alcançou R$ 18 bilhões – 16,7% a menos na comparação com igual trimestre de 2021. Ao todo, as vendas físicas de aço totalizando 2,7 milhões de toneladas, uma retração de 15,6% frente às 3,16 mil toneladas registradas em igual período de 2021.
Segundo Werneck, o resultado mais fraco no último trimestre de 2022 ocorreu em função de sazonalidades.
“Após um período de dois anos, 2020 e 2021, quando não tivemos a sazonalidade típica do mês de dezembro, o ano de 2022 voltou a se comportar em parâmetros similares ao histórico do mês. Trazendo elementos adicionais para uma queda mais acentuada de demanda, a Copa do Mundo de futebol e as expectativas com o novo governo eleito. Aproveitamos este período para fazer paradas de manutenção mais longas em todas as nossas usinas produtoras de aço no Brasil, recuperando a vida útil dos nossos ativos após um período de dois anos em que tivemos a necessidade de fazer paradas mais curtas”, explicou.
Em relação a 2023, Werneck explica que já foi percebida uma recuperação da demanda, a partir da segunda quinzena de janeiro e a estimativa é que no ano seja equivalente a 2022.
“Percebemos uma recuperação nos diversos setores em que atuamos. A formação da nossa carteira de pedidos, desde então, somada à expectativa de consumo futuro de aço por parte dos nossos clientes, nos fazem confirmar nossas projeções iniciais de que teremos uma demanda de aço em 2023, no Brasil, alinhada com a demanda realizada em 2022”.
Em uma avaliação dos fatores internos, Werneck destaca que o consumo de aço nos setores de construção residencial e comercial seguem, ainda, em níveis altos, apesar das preocupações atuais no mercado com relação ao número de novos lançamentos e o patamar de estoques e em algumas cidades.
“O número de canteiros de obras ativas no Brasil, por exemplo, atingiu um recorde histórico em fevereiro, ficando acima de 10 mil, uma alta de 3% na comparação anual. A construção civil também pode se beneficiar das reformas dos programas habitacionais voltados para o segmento de baixa renda”, explicou.
Já em relação às vendas no varejo, as mesmas seguem em patamares mais baixos, porém, segundo Werneck, podem ser impactadas positivamente por novas medidas de auxílio do governo.
Outro fator que pode sustentar a demanda por aço é a perspectiva de retomada de investimentos públicos em obras de infraestrutura. “Além disso, eu destaco a acomodação da demanda por aço proveniente do setor industrial em um patamar elevado, reflexo do bom desempenho dos segmentos do agronegócio, bens de capital, máquinas e equipamentos, linha amarela e energia”.
Investimentos
O ano 2022 encerrou com um desembolso da Gerdau de capex de R$ 4,3 bilhões, divididos entre projeto de manutenção, expansão e competitividade. Para 2023, a projeção é investir R$ 5 bilhões, sendo que metade será para projetos de expansão e atualização tecnológica das operações. O objetivo é aumentar a competitividade e a rentabilidade. Desse montante, R$ 830 milhões são em projetos que vão gerar benefícios para o meio ambiente. A usina de Ouro Branco deve receber a maior parte dos aportes, que serão voltados tanto para expansão como para a preparação da parada do alto-forno 1 em 2025.
Um dos projetos destacados é a expansão de bobinas a quente em Ouro Branco, Minas Gerais. Conforme a Gerdau, o objetivo é adicionar 250 quilos toneladas (kt) de bobinas e reduzir custos operacionais. O capex previsto nesta intervenção é de R$ 1.000 milhões.
“O mercado de planos teve um crescimento importante nos últimos anos, como forma de seguirmos crescendo, estamos avançando nos desembolsos desse projeto, que deve entrar em operação ao longo de 2024”, diz Rafael Japur, CFO da Gerdau.
Na América do Norte, há um projeto de expansão e atualização tecnológica da Aciaria Whitby, no Canadá. A previsão é concluir no segundo trimestre de 2023.
“Juntos, os projetos, quando estiverem em plena operação, devem gerar entre R$ 300 e R$ 450 milhões de Ebitda a mais por ano”.
O diretor-presidente (CEO) da Gerdau, Gustavo Werneck, explica que Minas Gerais concentra cerca de 70% da capacidade produtiva e também dos investimentos da empresa.
“Cerca de 70% dos nossos investimentos estarão em Minas Gerais, onde a gente tem uma grande produtora integrada de aço, que é a nossa usina de Ouro Branco. Também temos capacidade produtiva em Barão de Cocais, Divinópolis e Sete Lagoas, fora todas as unidades de reflorestamento. Então Minas Gerais, para nós, é absolutamente relevante e onde se concentrará a maioria dos investimentos nos próximos anos. O aumento do valor de investimentos em 2023, frente a 2022, está diretamente relacionado às nossas florestas em Minas Gerais, mas, principalmente à nossa usina de Ouro Branco”.
Ainda segundo Werneck, em 2023, parte do capex previsto será voltado para o planejamento da parada do alto-forno 1, que tem capacidade de 2,5 milhões de toneladas, prevista para 2025.
“Está chegando o momento de a gente fazer a parada do maior equipamento que nós temos em Ouro Branco, que é o alto-forno 1. A gente trabalhava com a expectativa que esse equipamento fosse parar em 2024, mas, após a conclusão de vários trabalhos de engenharia, a gente entendeu que não tem necessidade de parar em 2024, e, sim, em 2025, para manutenção”.
Com a parada estimada para 2025, a empresa vai iniciar a compra de alguns componentes e equipamentos, que possuem prazo de entrega mais longo. “Então esse investimento de R$ 5 bilhões é para a gente ir preparando a usina para essa parada de manutenção”, finaliza.
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