Economia

Recuperação judicial da Renova é homologada

Recuperação judicial da Renova é homologada
Crédito: REUTERS/Ueslei Marcelino

São Paulo – A Renova Energia, empresa de geração renovável que tem como principal acionista a Cemig, informou que teve homologados pela Justiça planos de recuperação judicial e que um de seus fundadores vendeu a participação que detinha na companhia.

A aprovação dos planos pela 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca do Estado de São Paulo foi confirmada pela empresa em comunicado na noite de sexta-feira (18).

Ontem, a Renova disse que um de seus fundadores, Ricardo Lopes Delneri, decidiu vender a totalidade de suas ações na companhia.

Em comunicado, a empresa explicou que Delneri venderá suas ações a Renato do Amaral Figueiredo, também sócio fundador.

Ambos detinham participação na Renova equivalente a 20,8% da totalidade das ações da elétrica, por meio da CG II Participações.

A saída de Ricardo Delneri será viabilizada com a venda de sua participação na CG II a Renato do Amaral.

Fundada em 2001 pelos dois acionistas da CG II, a Renova depois recebeu aporte de capital do grupo Cemig. A empresa somava dívidas de mais de R$ 3 bilhões em outubro do ano passado, antes de pedir proteção contra credores.

A Renova propõe quitar créditos com garantia real em 11 anos, com 24 meses de carência e pagamento do principal em 18 parcelas semestrais. Credores quirografários devem ser pagos em 14 anos, também com carência de principal por 24 meses e parcelas semestrais, segundo o plano.

Guanhães Energia – A Light informou que aprovou o início de um período de exclusividade para negociações sobre a venda de sua participação na Guanhães Energia à Brasal Energia, em um negócio que poderia envolver R$ 94,6 milhões.

A Guanhães Energia opera as pequenas hidrelétricas Senhora do Porto, Dores de Ganhães, Fortuna II e Jacaré. A Light detém 51% na empresa por meio da controlada Light Energia.

A Light disse em comunicado na noite de sexta-feira que o negócio ainda ficará sujeito a condições precedentes, incluindo aprovações regulatórias e concorrenciais.

“Durante um período de exclusividade de 30 dias a partir de hoje, a Light e a Brasal deverão negociar os termos e condições dos instrumentos aplicáveis, e, caso tais negociações sejam bem-sucedidas, a conclusão efetiva da transação dependerá ainda do cumprimento de condições precedentes”, afirmou a empresa no comunicado. (Reuters)

Mudança em Belo Monte preocupa o ONS

Rio de Janeiro – Uma eventual mudança a partir de 2021 na vazão da hidrelétrica de Belo Monte, em avaliação no Ibama por questões ambientais, tem sido motivo de grande preocupação para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que gerencia o acionamento de usinas e linhas de transmissão para atendimento à demanda por energia.

O diretor-geral do órgão, Luiz Carlos Ciocchi, disse à Reuters que a medida – que se aprovada liberaria mais água para um trecho do rio Xingu e reduziria a geração da usina – seria inadequada em um momento de chuvas fracas, em que o Brasil já tem recorrido intensamente ao uso de termelétricas.

A Reuters publicou na semana passada que o Ibama estuda a necessidade de alteração na vazão como forma de mitigar impactos ambientais de Belo Monte, o que causou tensão na Norte Energia, empresa que reúne sócios do empreendimento, como a Eletrobras.

“É uma preocupação bastante grande para o setor elétrico e ele está mobilizado”, disse o diretor-geral do ONS em entrevista nesta segunda-feira.

“Já mostramos ao ministério (de Minas e Energia) a criticidade disso, mas esperamos bom senso, já que é uma usina muito importante para o sistema”, adicionou.

A afirmação confirma informações da Reuters de que a Norte Energia busca envolver o governo na disputa sobre Belo Monte devido ao porte do empreendimento e à pressão estatal para que ele fosse construído. A usina recebeu investimentos de mais de R$ 30 bilhões.

Se a decisão do Ibama for pela mudança, no entanto, o caminho para o ONS será acionar mais térmicas para compensar a perda. O acionamento dessas usinas, mais caras que as hídricas, gera custos repassados para os consumidores, parte por um mecanismo nas contas de luz conhecido como “bandeira tarifária” e parte nos reajustes anuais das distribuidoras.

“O caminho alternativo se não tenho o recurso hidrelétrico será o recurso térmico… não pretendíamos utilizar as termelétricas mais caras (no começo de 2021), mas se isso se concretizar, e no período úmido ainda, vamos ter que fazer isso… não poder contar com a energia de Belo Monte é preocupante”, complementou Ciocchi.

Para ele, seria preciso esgotar todas as alternativas que possam minimizar os impactos da usina sobre populações ribeirinhas no Xingu antes de se falar e pensar em redução da vazão, que afetaria a usina da região Norte bem em sua época de maior aproveitamento. A perda média calculada com a redução na vazão entre janeiro e julho poderia somar entre 17,4 mil e 21,18 mil megawatts médios, de acordo com os cálculos do ONS. A carga que poderia ser perdida seria suficiente para abastecer o Sudeste/Centro-Oeste por até 15 dias, conforme projeções do operador para o consumo neste mês.

O impacto ainda viria após o País ter precisado acionar térmicas a toda carga para atender à demanda na reta final deste ano, mesmo depois de meses de carga fraca devido à pandemia de coronavírus, uma vez que a recuperação no consumo coincidiu com chuvas fracas na região das hidrelétricas.

“Entendemos a preocupação do Ibama com as populações ali ao longo do rio, da piracema, mas justamente em um ano que se tem nível mais baixo de reservatórios, uma carga retomando já batendo (níveis de) 2019… este ano é complicado e o próximo pode ser também bastante complexo em recursos hídricos” , destacou o diretor do ONS.

A vazão que Belo Monte deve manter no trecho do rio conhecido como Volta Grande do Xingu foi discutida no processo de licenciamento ambiental do projeto. Mas o Ibama disse que passou a estudar possíveis mudanças ao identificar impactos ambientais e sobre populações ribeirinhas maiores que os previstos depois das operações da usina, uma das maiores do mundo.

Projeção – O ONS projeta o último trimestre de 2020 como o pior da história para o período em termos de chuvas nos reservatórios hidrelétricos, o que ainda ocorre em paralelo à retomada da atividade econômica e consequente aumento da carga de energia.

Com essa expectativa, o ONS prevê utilizar o parque térmico no limite até pelo menos o final do mês, mas não há risco de desabastecimento, disse Ciocchi. (Reuters)

 

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