Redução na conta de luz impacta no IPCA-15 da RMBH

Impactado principalmente pela redução da conta de energia, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) desacelerou, mas ainda assim apresentou avanço de 0,13% em janeiro frente ao mês anterior, impulsionado pela alta dos preços das passagens aéreas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dentre os nove grupos de produtos e serviços analisados, oito apresentaram alta no indicador, com destaque para Saúde e Cuidados Pessoais, com variação positiva de 0,81% no período. Em seguida vieram:
- Alimentação e bebidas (0,76%)
- Transportes (0,72%)
- Despesas Pessoais (0,46%)
- Comunicação (0,43%)
- Educação (0,43%)
- Vestuário (0,31%)
- e Artigos de residência (0,06%).
Apenas o grupo Habitação registrou deflação no IPCA-15 da RMBH, com queda de 3,15%.
No mês de janeiro, foi incorporado o “bônus de Itaipu” na conta de energia, o que resultou em uma redução de 13,26% no custo da energia elétrica residencial. Foi o maior impacto individual negativo (-0,52 ponto percentual) no IPCA-15 e contribuiu para a deflação do grupo Habitação.
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O bônus foi um benefício incorporado na conta de luz a partir do saldo positivo da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional referente ao ano de 2023. O desconto foi aplicado na conta dos consumidores residenciais e rurais que tiveram consumo menor que 350 quilowatts-hora (kWh) em ao menos um mês durante o ano de 2023.
A redução da tarifa de energia elétrica ajudou a compensar os aumentos de 2,73% na taxa de água e esgoto, de 2,68% no preço do condomínio e de 0,89% no aluguel residencial na RMBH no mês de janeiro.
Já a inflação observada no grupo de Transportes, foi influenciada pelo aumento de 20,03% no preço médio da passagem aérea e gerou um impacto de 0,11 p.p. no IPCA-15 da RMBH. Foi o maior impacto individual positivo do levantamento.
O IBGE também destacou os aumentos nos custos do ônibus urbano (4%), do seguro voluntário do veículo (2,9%) e do automóvel novo (1,42%). No primeiro dia do ano, as tarifas de ônibus em Belo Horizonte foram reajustadas em 9,5%.
Por outro lado, as quedas de 1,17% no preço da gasolina e 0,89% no custo do automóvel usado ajudaram a inflação dos transportes na RMBH a não subir ainda mais.
IPCA-15 da RMBH em 12 meses fica acima da média nacional
O IBGE também indicou que a RMBH apresentou variação positiva de 5,41% no acumulado dos últimos 12 meses, a maior variação do IPCA-15 entre todas as áreas pesquisadas. O resultado está acima da média do País, quando registrou 4,15% no período.
Efeito temporário do bônus e fatores específicos pressionam inflação da RMBH
O economista, consultor e conselheiro de política econômica Stefan D’Amato, aponta que a redução da conta de energia elétrica, evidencia a relevância das políticas tarifárias sobre a dinâmica inflacionária regional.
“O ‘bônus de Itaipu’ demonstra como mecanismos de alívio tarifário podem exercer um papel temporário de contenção da inflação, especialmente em um contexto onde outros itens essenciais, como água, esgoto e aluguel, apresentaram aumentos consideráveis”, analisa.
No entanto, o economista ressalta que as medidas têm caráter pontual e não substituem a necessidade de políticas estruturais para garantir a estabilidade dos preços no longo prazo. O avanço do IPCA-15 da RMBH no mês refletiu a alta dos preços nos demais grupos, como o de Transportes, puxados pelo significativo aumento das passagens aéreas.
“Esse movimento reforça a natureza heterogênea dos componentes inflacionários, onde choques específicos, como reajuste das tarifas de transporte público e preços de seguros e veículos podem mitigar efeitos deflacionários de determinados segmentos”, disse D’Amato.
O fato da inflação acumulada em 12 meses na RMBH estar acima da média nacional, afirma ele, sinaliza que pressões inflacionárias locais, possivelmente associadas a fatores específicos, merecem atenção especial e podem ter implicações na competitividade da região, no poder de compra da população e na condução da política econômica.
“É fundamental uma coordenação eficaz entre política fiscal, monetária e de desenvolvimento regional para lidar com especificidades da economia metropolitana e evitar que a inflação estrutural se consolide como um entrave ao crescimento econômico”, finaliza.
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