Economia

Refugiados apostam na gastronomia para empreender em Minas Gerais

A maioria desses negócios são liderados por mulheres e pessoas vindas da Venezuela
Refugiados apostam na gastronomia para empreender em Minas Gerais
Da esquerda para a direita: o casal Yenither Olivar e Reinaldo Nieves e a empresária Karolca Bacalao García | Fotos: Reprodução Instagram @doriancacaovenezuela e Reprodução site Karolcarts

A Plataforma Refugiados Empreendedores, iniciativa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), conta com sete empresas integrantes em Minas Gerais. A maioria desses empreendimentos atua no segmento de gastronomia, além de ser liderado por mulheres e pessoas vindas da Venezuela.

Dentre as empreendedoras atendidas pelo programa está a venezuelana Karolca Bacalao García, proprietária do restaurante de comidas saudáveis Karolcarts, localizado no bairro Minas Brasil, na região Noroeste de Belo Horizonte. Para a empresária, que chegou a morar no Peru antes de vir para o Brasil, um dos grandes desafios enfrentados no novo País foi o conceito do estabelecimento, voltado para o vegetarianismo, e a fidelização dos clientes.

“A gastronomia aqui é muito centrada na cultura mineira, com muita carne e proteína animal. As pessoas que provam o meu produto gostam, mas nem sempre conquistar o mercado é fácil”, relata.

Prato do restaurante Karolcarts Foto: Reprodução Site Karolcarts

Já o casal de empreendedores venezuelanos Yenither Olivar e Reinaldo Nieves já comandava o restaurante Dorian Cacao na Venezuela. No entanto, a situação econômica do país de origem prejudicou os negócios. Nieves desembarcou no Brasil como refugiado político e algum tempo depois vieram a esposa e o filho do casal.

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Na Venezuela o foco do empreendimento era apenas na produção de brownies, enquanto no Brasil o cardápio é mais diversificado, com diversos produtos cujo principal ingrediente é o cacau, além de empanadas venezuelanas. Em 2019, os produtos da Dorian Cacao Venezuela eram vendidos no veículo de Reinaldo, que trabalha como Uber.

“Desde 2017 eu vinha estudando não apenas confeitaria, mas também finanças e negócios com a intenção de que quando eu viesse ao Brasil nós dois começássemos o empreendimento. Quando cheguei aqui este já era o nosso foco”, explica Yenither Olivar.

O novo restaurante foi inaugurado em 2023, no bairro Floresta, região Leste da capital mineira, oferecendo pratos típicos, drinks e sobremesas.

Prato do restaurante Dorian Cacao Venezuela Foto: Reprodução Instagram @doriancacaovenezuela

Plataforma Refugiados Empreendedores

No total, são 170 empreendimentos ligados à Plataforma Refugiados Empreendedores em todo Brasil. Assim como em Minas Gerais, os venezuelanos respondem pela maioria (70%) dos empreendedores listados na plataforma e as mulheres lideram 58% das empresas beneficiadas.

Dentre os empreendimentos que integram o programa, pouco mais da metade (51%) são da área de gastronomia. Outros segmentos que também se destacam são: artesanato, moda e design e arte.

O objetivo da ACNUR com essa iniciativa é dar visibilidade a empreendimentos liderados por pessoas refugiadas no País. O projeto também busca apoiar capacitações e outras oportunidades de formação e de divulgação desses negócios.

O Oficial de Meios de Vida e Inclusão Econômica da ACNUR, Paulo Sérgio Almeida, ressalta que a plataforma é uma maneira de divulgar esses empreendimentos e promover pontes entre os refugiados e as empresas para que possam incluí-los nas cadeias de fornecedores. “Além de promover o consumo consciente por meio de um produto autêntico e cheio de significado”, completa.

Já a gerente de Direitos Humanos e Trabalho do Pacto Global – Rede Brasil, Gabriela Rozman, reforça a importância de unir esforços em prol dessa parcela da população. Ela lembra que a instituição desenvolveu alguns projetos com a ACNUR para apoiar empreendedores e empresas que queiram se engajar na inclusão laboral de pessoas refugiadas.

 “Sabemos que é fundamental ter o envolvimento do setor privado para que as pessoas refugiadas consigam empreender, trabalhar, ganhar autonomia e viver de forma digna no Brasil”, ressalta.

(Com informações da Agência Sebrae)

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