Economia

Renan Filho: carro elétrico não é a solução

Para chefe do Ministério dos Transportes, modelo híbrido é a melhor opção
Renan Filho: carro elétrico não é a solução
Renan Filho não vê carro elétrico como grande solução para descarbonização | Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília – O ministro Renan Filho (Transportes) afirmou nesta segunda, 18, que o carro elétrico não é a “grande solução” para as emissões de carbono e defendeu o modelo híbrido como melhor opção em um mundo que busca alternativas de energia mais limpa.

“Eu não vejo a discussão trazendo a eletrificação de veículos de pequeno porte como a grande solução para redução de emissão do mundo”, afirmou o ministro durante evento sobre práticas de descarbonização, organizado por Esfera Brasil e MBCBrasil.

“Primeiro, não resolve a questão dos veículos de maior porte, que são grandes emissores. Segundo, não olha a cadeia de carbono completa. Se a energia elétrica é gerada a partir de uma matriz suja, certamente o uso apenas do carro elétrico não significa descarbonização”, continuou.

De acordo com o ministro, o Brasil conta com uma frota na qual cerca de 85% dos veículos são híbridos.

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“Certamente é o país que menos emite carbono na média por veículo utilizado por cidadão, porque a gente já incorpora na gasolina um percentual de etanol que está em crescimento”, afirma. Para ele, esse modelo utilizado no País pode se adequar à redução significativa de carbono, trazendo sustentabilidade.

Renan Filho ainda falou sobre a descarbonização em veículos pesados, outra prioridade de sua pasta.
O ministro participou do painel sobre o protagonismo do Brasil na transição energética ao lado do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), que está à frente do projeto de lei sobre biocombustíveis na Câmara dos Deputados.

Antes desse debate, no mesmo evento, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, falou sobre a recomposição da indústria automotiva do país e defendeu a taxação de carros elétricos.

A retomada do Imposto de Importação, com alíquota de 35%, prevista pelo programa Mover (Mobilidade Verde) para importadores independentes de veículos vai tornar os carros elétricos ainda mais caros no Brasil.

“Investimentos acima de R$ 100 bilhões não vieram do acaso. Foi a determinação de taxar o carro elétrico para estimularmos a nossa rota tecnológica promissora, que é o carro híbrido”, disse Mercadante.

“Hoje temos etanol de segunda geração, cada vez mais produtividade, cada vez mais eficiência, a própria economia mundial está mostrando que essa rota é muito mais promissora que o elétrico puro”, acrescentou.

No caso dos veículos de grande porte, o presidente do BNDES defende a migração do país para ônibus elétrico e a necessidade de conteúdo local na produção. “Já estamos com cinco montadoras no Brasil, estamos exigindo conteúdo nacional, chassis e baterias têm que ser feitas no Brasil. E nós vamos aumentar a exigência de conteúdo [local] exatamente para a gente poder gerar valor agregado, gerar tecnologia, gerar inovação, gerar emprego de qualidade”, afirmou.

No passado, a exigência de percentuais elevados de conteúdo local na produção industrial acabou não tendo o efeito esperado de incentivo ao desenvolvimento do parque nacional e se converteu em um peso para companhias.

Segundo analistas ouvidos em janeiro pela Folha de S.Paulo, os projetos do governo no setor industrial abrem caminho para inchar o BNDES em moldes similares aos de gestões anteriores do PT. O banco de fomento contesta essa avaliação, dizendo que a instituição tem sido alvo de análises precipitadas e que não haverá uma espécie de volta ao passado.

Um programa para ônibus elétricos produzidos no Brasil consta entre as principais ações administrativas planejadas pelo Ministério da Fazenda para 2024. O tema consta na apresentação levada pelo ministro Fernando Haddad ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na reunião ministerial realizada na segunda-feira (18) no Palácio do Planalto. (Nathalia Garcia e Ana Pompeu)

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