Renda de trabalhadores por conta própria cai 60%

Rio – A pandemia de Covid-19 e o impacto das medidas de isolamento social derrubaram a renda média do trabalhador por conta própria no País em maio para 60% do valor recebido habitualmente, de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada ontem.
Trabalhadores que tiveram atividades quase paralisadas devido às medidas decretadas para conter a disseminação do coronavírus foram os mais impactados, segundo os cálculos do Ipea.
O estudo foi feito com base na Pnad Covid do IBGE, que mostrou na semana passada que mais de 9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração em maio.
De acordo com o estudo, os idosos foram aqueles que sofreram a maior perda de renda, e quanto maior a escolaridade menor foi a queda. Na média geral, a renda do trabalhador brasileiro em maio ficou em 82% do valor habitual.
“A renda efetiva em maio foi de cerca de R$ 1.900, mas a renda habitual é de R$ 2.300. A renda recebida foi 82%”, disse o economista Sandro Sacchet, autor do estudo.
“Todos os grupos foram impactados, mas os trabalhadores com carteira e servidores púbicos receberam mais de 90% da renda habitual”.
Segundo o Ipea, os trabalhadores ligados a atividades não essenciais, que praticamente foram paralisadas em algumas cidades que adotaram medidas de isolamento mais restritas, foram os que mais sofreram uma redução na renda.
Aparecem na lista dos mais afetados trabalhadores de atividades artísticas, esportivas e recreação (55% da renda habitual), transporte de passageiros (57%), hospedagem (63%) e serviços de alimentação (65%).
No mês de maio, cerca de 32% dos domicílios não apresentaram nenhuma renda no trabalho, e 5,2% dos domicílios brasileiros (cerca de 3,5 milhões) sobreviveram apenas com a renda do auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo federal, segundo o estudo.
“O auxílio foi mais efetivo para as famílias com renda mais baixa. Após receber o benefício, os rendimentos nestes domicílios atingiram 103% do que seriam com as rendas habituais”, disse o autor do estudo. (Reuters)
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