Renda dos trabalhadores de Minas Gerais cresceu em 2023, aponta IBGE

A renda dos trabalhadores de Minas Gerais cresceu no ano passado, conforme aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O rendimento médio real habitual em todos os trabalhos foi de R$ 2.753 no Estado no quarto trimestre de 2023. Este valor é apenas 0,8% menor em relação ao trimestre anterior (R$ 2.775), mas representa uma alta de 13,49% na comparação com 2022, quando o rendimento fechou o ano em R$ 2.417.
O economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos da Silva, analisa que a recuperação mais robusta do Estado, após a pandemia, proporcionou um mercado de trabalho mais aquecido e o consequente aumento da renda. No entanto, este aquecimento desafia a redução da desigualdade (leia a análise completa ao final do texto).
O crescimento é superior à média nacional, de 7,5%. Na ocasião, o rendimento médio habitual no Brasil era de R$ 2.648 em 2022, e encerrou o ano passado com R$ 2.846. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (19) pelo IBGE.
Apesar da melhora na renda dos trabalhadores mineiros em 2023, o valor permanece abaixo da média nacional e confirma uma tendência que se mantém durante toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. A média estadual também foi inferior às médias dos outros estados do Sudeste durante todo esse período.
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No entanto, a diferença entre a média de renda no Estado e no País diminuiu significativamente no ano passado, sendo de R$ 93, enquanto no primeiro ano da série histórica (2012), ela era de R$ 297 (R$ 2.422 em Minas e R$ 2.719 no Brasil).
IBGE mostra aumento da desigualdade em Minas
Além do rendimento dos trabalhadores, o IBGE também revela para Minas Gerais o índice de Gini do rendimento médio de todos os trabalhos. Em 2023, este indicador de desigualdade foi de 0,463 no Estado e interrompeu a trajetória de queda dos últimos anos. Em 2022, o índice registrado foi de 0,436. Ainda assim, ficou abaixo da média nacional, de 0,494.
Já em relação ao índice de Gini do rendimento domiciliar per capita, o número registrado no Estado no ano passado, de 0,476, também foi inferior ao do País, de 0,518. Apesar de crescer em relação a 2022 (0,466), esse indicador de desigualdade é menor em Minas Gerais do que nos outros estados do Sudeste.
Análise: economia mineira pós-pandemia reduz diferença em relação ao Brasil
Como visto, a diferença da renda média dos trabalhadores de Minas Gerais em relação à média nacional diminuiu bastante ao longo da série histórica do IBGE. O economista-chefe do BDMG, Izak Carlos Silva, aponta que essa redução foi mais intensa nos últimos anos, fruto de uma recuperação mais robusta do Estado em relação ao País no pós-pandemia.
A consequência dessa recuperação econômica mais forte também é em um mercado de trabalho estadual mais aquecido que o nacional nos últimos anos. Silva aponta que o aumento de postos de trabalho formais e a taxa de participação da população no mercado de trabalho, levam ao ganho de rendimento.
“Em geral, as pessoas formalizadas recebem um salário médio maior. E com mais gente no mercado de trabalho aquecido, tende aumentar também a massa salarial e, consequentemente, a média dos rendimentos”, disse.
Já em relação ao crescimento da desigualdade, Silva chama atenção pelo fato de o Estado ser bastante heterogêneo. A grande diversidade econômica entre as regiões torna o rendimento material diferente. “Tem uma frase que gostam muito de usar aqui: que Minas são muitas. E reflete isso um pouco. Quando a gente olha para o índice de Gini, é mais difícil reduzir desigualdade aqui com um Estado tão heterogêneo”, comenta.
Além deste fator, o aquecimento mais forte do mercado de trabalho, se por um lado reduziu a diferença entre a renda estadual com a nacional, por outro, desafia a redução da desigualdade.
O economista afirma que o Estado se vê em uma questão econômica peculiar: com a taxa de desemprego na mínima da série histórica do IBGE (5,7%), há uma situação de pleno emprego, com poucos trabalhadores disponíveis para formalização. O resultado é uma alta na remuneração das profissões de maior qualificação e nos profissionais mais qualificados. “Não é comum que isso aconteça. E foi esporádico, vamos dizer assim, por conta da conjuntura e do aquecimento do mercado de trabalho aqui em Minas Gerais”, finaliza.
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