Economia

Otimismo das entidades contrasta com cautela de lojistas às vésperas do Natal em BH

Apesar do otimismo, comerciantes do hipercentro de BH apontam que vendas estão abaixo do esperado
Otimismo das entidades contrasta com cautela de lojistas às vésperas do Natal em BH
Entidades consultadas pelo Diário do Comércio demonstram otimismo para os próximos dias, mas lojistas adotam cautela | Foto: DIário do Comércio / Ana Carolina Dias Schenk

Há menos de uma semana do Natal, os representantes dos lojistas se mostram otimistas com as vendas para a festividade. A Federação do Comércio, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) apontam que o período deve apresentar resultados positivos, principalmente para segmentos ligados a vestuário, alimentação, bebidas e perfumes.

O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, afirmou que o pagamento do 13º salário, realizado na sexta-feira (19), deve injetar um valor considerável na economia belo-horizontina e consequentemente refletir em melhorias no comércio da Capital.

“O pagamento do 13º salário deve injetar quase R$ 1 bilhão na economia de BH, o que é muito importante para o setor de comércio e serviços”, afirmou.

A economista da Fecomércio MG, Fernanda Gonçalves, endossa o otimismo da CDL/BH, afirmando que um levantamento da entidade aponta que 52% dos empresários estão com expectativas elevadas. Ela alega que o peso emocional do período, no qual as pessoas costumam presentear parentes, amigos e colegas de trabalho, deve ajudar o setor a registrar um volume de vendas positivo.

“Pela pesquisa, os produtos que os empresários acreditam ter mais saída, seriam roupas, carnes, produtos alimentícios, calçados, bebidas, perfumes, móveis são produtos que aparecem em maiores escalas”, afirmou Fernanda Gonçalves.

Nem os elevados índices de inadimplência que o Brasil apresentou ao longo do ano reduzem o otimismo dos lojistas. Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de novembro, mais de 79% das famílias brasileiras possuem dívidas.

“Mesmo com os desafios econômicos, em relação ao alto endividamento das famílias, que deixa o consumidor mais cauteloso, e o encarecimento do crédito devido a taxa de juros mais alta, as estratégias adotadas pelos empresários conseguem se tornar vendas”, diz a economista.

Contudo, apesar desse otimismo, comerciantes do hipercentro da capital mineira, alegam que, até o momento, esse ânimo não refletiu em uma maior quantidade de consumidores nas lojas.

“As pessoas estão muito endividadas, com tíquete médio baixo, isso acaba refletindo em vendas menores. Nossa expectativa é que a partir de sexta-feira, por causa do 13º, as pessoas tenham deixado para a última hora”, afirmou o proprietário da loja A Nova BH, Flávio Froes Assunção.

A esperança de Froes Assunção é de que, com o pagamento do 13º salário, os clientes deixem para fazer suas compras nos últimos dias antes do Natal.

“Os dois últimos anos foram muito bons, agora neste está parecendo que as pessoas bastante endividadas, comprando pouco, muito ariscas e não tem nos parecido que vai ser um Natal brilhante, mas a gente sempre conta com essa última semana com o 13º entrando”, comparou o lojista.

O movimento abaixo do esperado também foi notado por Paulo Andrade, sócio da Loja do Paulo, que reclamou de “concorrência bastante desleal com o comércio on-line” e que isso reflete numa queda no fluxo de consumidores na loja.

Andrade é menos otimista sobre uma possível alta no consumo nesta semana. “Não tenho esperança de que o consumidor venha até o dia 24. Não consigo fazer uma previsão otimista em nenhum cenário”, lamentou.

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