Requerimentos de pesquisa mineral caem 33,6% no primeiro semestre em Minas Gerais

Entre janeiro e junho deste ano, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu 565 requerimentos de pesquisa mineral em Minas Gerais. Esse volume representa uma queda de 33,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Nacionalmente, o cenário foi semelhante: foram protocolados 3.599 pedidos na autarquia, uma redução de 32,4%.
A situação negativa não é recente. Em 2024, as solicitações de pesquisa mineral no Estado caíram 35,7% na comparação com o exercício imediatamente anterior, enquanto no restante do País, o número permaneceu praticamente estável, com uma leve alta de 0,2%.
Em abril, o presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), Luis Mauricio Ferraiuoli Azevedo, explicou ao Diário do Comércio que os requerimentos de pesquisa mineral têm recuado em decorrência de uma “tempestade perfeita”, que envolve tanto a escassez de áreas livres, quanto à desvalorização de minerais críticos e a elevada taxa de juros (Selic) no Brasil.
Azevedo ressaltou que havia cerca de 200 mil áreas bloqueadas na ANM e quase metade já deveria ter ido à oferta pública. Segundo ele, a autarquia federal enfrenta dificuldades por falta de recursos e não consegue redisponibilizar áreas renunciadas por empresas que examinaram superficialmente, não viram potencial e desistiram de desenvolver projetos.
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O presidente também ponderou que o Brasil tem em torno de 110 empresas estrangeiras que investem em pesquisas minerais, das quais 82 são juniors, sendo 50% voltadas para minerais críticos, como lítio e terras-raras. Como os preços dessas commodities recuaram fortemente nos últimos tempos, as mineradoras foram afetadas, refletindo nos pedidos.
O executivo ainda pontuou que o alto patamar da Selic impacta nas solicitações. Isso porque a taxa tem efeito sobre a poupança, e os investidores que injetam dinheiro em companhias de pesquisas minerais, passam a aplicar recursos na renda fixa.
O que mudou desde então?
À época da explicação de Azevedo, a taxa de juros estava em 14,25% ao ano (a.a), o maior patamar desde 2016. Desde então, a Selic subiu 0,75 ponto percentual, atingindo 15% a.a, o maior nível em 19 anos, o que tende a agravar o cenário mencionado por ele.
Quanto aos preços dos minerais críticos, os valores seguem em níveis baixos. Empresas do setor, sobretudo com projetos relacionados ao lítio, estão sofrendo com a situação.
No caso da falta de áreas disponíveis para pesquisa mineral, o estoque da ANM tinha, no início de junho, 73,9 mil áreas no País para serem disponibilizadas ao mercado nos próximos anos. Dessas, 13,3 mil áreas estão localizadas em Minas Gerais.
Recentemente, a autarquia e a Bolsa de Valores (B3) fecharam uma parceria que promete acelerar a redução das áreas atualmente em carteira. A ANM fechou um contrato com a B3 que inclui, por exemplo, a condução de procedimentos de disponibilidade de áreas.
Ficou estabelecido que, ao longo de cinco anos, serão feitas rodadas regulares de oferta pública, seguidas de leilões eletrônicos, com lote padronizado de sete mil áreas. A contratação foi estruturada prevendo 15 certames, ou seja, o objetivo é disponibilizar para investidores interessados aproximadamente 105 mil áreas.
Conforme informado anteriormente pelo diretor da agência, Caio Trivellato Seabra, no segundo semestre, acontecerá a primeira rodada de oferta pública e o primeiro leilão da parceria com a Bolsa de Valores – a previsão é que o resultado da arrematação saia até o final de dezembro. Já a partir do ano que vem começará uma rotina de três certames anuais.
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