Resultado do PIB brasileiro no 2º trimestre surpreende o mercado

Divulgado na sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o avanço de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre deste ano frente aos três meses imediatamente anteriores surpreendeu positivamente o mercado. Pelo menos é o que apontam os especialistas de entidades do setor produtivo consultados pela reportagem.
Conforme a analista de Estudos Econômicos da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Mariana Rezende e Silva, o crescimento da atividade econômica do País acima das perspectivas do mercado, que previa uma alta de 0,3%, foi influenciado, sobretudo, pelo avanço da indústria e do consumo das famílias.
Ela explica que a performance da indústria extrativa, que apurou o quinto incremento consecutivo, puxou a evolução do setor industrial. Enquanto a contínua melhora do mercado de trabalho e o recuo inflacionário impactaram no aumento das despesas familiares.
Já o economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Stefan D’Amato, afirma que o setor de comércio e serviços, responsável por cerca de 70% da economia brasileira, foi o grande impulsionador do notável progresso do PIB, puxado, principalmente, pelo segmento de serviços financeiros, especialmente, de seguros.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
De acordo com o especialista, esse cenário é um claro indicativo de um fortalecimento da demanda interna do Brasil, resultante de melhorias na geração de vagas de trabalho e das políticas governamentais de apoio à economia, incluindo incentivos fiscais e programas sociais.
Por outro lado, o economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca, destaca que, embora a agropecuária tenha registrado uma queda no período, o setor teve um desempenho positivo entre abril e junho, pois se esperava um decréscimo mais acentuado.
PIB deve fechar o ano positivo, conforme os especialistas
O bom resultado registrado pelo IBGE elevou as expectativas para que o PIB do País encerre 2023 em alta. Segundo a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Ana Paula Bastos, a tendência é justamente essa devido aos fatores positivos atuais.
“Temos medidas estruturais sendo aprovadas, como a reforma tributária e o arcabouço fiscal, que já foi aprovado. Temos ainda uma redução da taxa de juros e a desaceleração da inflação. Isso tudo são variáveis que impactam diretamente na atividade econômica”, salientou.
O especialista da ACMinas ressalta que é provável que o mercado melhore as projeções do PIB para o fechamento do ano após ter sido surpreendido pelo resultado do segundo trimestre. Casaca também enfatiza que se a conjuntura econômica brasileira seguir melhorando, haverá um aumento do nível de investimentos no Brasil, o que contribuirá para o crescimento da economia.
“A taxa Selic recuando nas próximas reuniões do Copom e a inflação se mantendo estável farão com que projetos de investimentos se tornem mais atrativos para as empresas. Então veremos um aumento de investimentos nos próximos trimestres. Isso vai contribuir com o PIB”, afirmou.
Na visão do especialista da Fecomércio-MG, as perspectivas futuras para a economia brasileira são otimistas, baseadas nos resultados recentes. Ele ainda salienta que, com algumas medidas que podem ser adotadas, o Brasil tem todas as condições de fortalecer sua recuperação econômica nos próximos trimestres, promovendo prosperidade e estabilidade em todo o País.
“Para continuar nesse caminho ascendente, o Brasil pode adotar estratégias-chave, como investir em infraestrutura, capacitar a força de trabalho, simplificar o sistema tributário, promover inovação e práticas sustentáveis, além de manter a estabilidade macroeconômica”, destacou.
Já a especialista da Fiemg diz que a expectativa é que o PIB brasileiro cresça 2,4% neste ano, com um crescimento mais lento no segundo semestre. Mariana Rezende e Silva ressalta que a agropecuária foi a grande responsável pelo avanço de janeiro a junho, porém, historicamente, o setor tem um desempenho mais fraco nos últimos seis meses, podendo impactar negativamente. Além disso, ela avalia que fatores internos e externos podem ter influência sobre o resultado.
“Temos algumas incertezas sobre o equilíbrio das contas públicas, porque aprovamos o arcabouço fiscal, mas ainda existem dúvidas quanto as receitas para zerar o déficit em 2024, o que pode pressionar a inflação e limitar o espaço para redução da taxa de juros. E no mercado externo, existe uma certa instabilidade dos principais parceiros comerciais do Brasil, o que pode impactar o preço das commodities, que são os produtos mais exportados pelo País”, ressaltou.
Ouça a rádio de Minas