Resultados da metalurgia impactam indústria da transformação em Minas

A indústria de transformação de Minas Gerais tem apresentado um desempenho inferior ao do Brasil neste ano. O que explica esse resultado é a performance negativa da metalurgia, atividade considerada como a mais importante para a indústria de base do Estado.
Levantamento realizado pela Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria de transformação mineira no acumulado dos três primeiros trimestres de 2024 cresceu, em média, 2,2%. No País, o crescimento médio chegou a 3,2%.
Entretanto, nos últimos anos o cenário era diferente. Entre 2021 e 2023, o PIB da indústria de transformação de Minas Gerais teve um incremento médio de 1,6%. Enquanto isso, o segmento patinou nacionalmente, com uma média de avanço no período de 0,6%.
O economista-chefe da entidade, João Pio, chama a atenção para essa inversão de comportamento, e explica que a atividade metalúrgica é a responsável por isso.
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“Minas só teve um desempenho abaixo da média nacional por conta da metalurgia, porque quase todas as suas atividades importantes tiveram performances superiores”, afirma.
Conforme ele, entre janeiro e outubro, a produção das indústrias de alimentos, bebidas, químicos, produção de metal e materiais não metálicos, por exemplo, avançou mais em Minas Gerais do que no Brasil. Por outro lado, o volume produzido pelo setor metalúrgico no Estado caiu 3,2%, ao passo que no País apresentou um aumento de 1,8%.
Pio explica que a produção da metalurgia tem sido impactada pela importação de aço da China, embora fatores operacionais das próprias empresas possam ter influenciado.
Baixa do setor metalúrgico reflete na cadeia
Outro ponto de atenção, segundo o economista, é que a metalurgia tem um forte encadeamento, e a baixa na produção já está refletindo em outras atividades da cadeia.
“Por exemplo, a indústria de máquinas e equipamentos acumula queda na produção de quase 9%, e quando se olha no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o que influenciou esse recuo foi a produção de máquinas e equipamentos para a metalurgia”, diz, ressaltando que outros setores já começam a sentir efeitos da situação do setor metalúrgico.
Ano de 2025 será desafiador para a indústria
Na avaliação de Pio, 2025 provavelmente será desafiador para a indústria, assim como para a economia como um todo. Segundo ele, deverá ser um ano de crescimento econômico mais modesto, e a indústria, sobretudo, de transformação sofrerá com as altas da Selic.
“O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa de juros, e sinalizou mais dois aumentos de um ponto-base. Se, de fato, esse aumento for implementado, já em março do ano que vem teremos uma taxa de juros acima de 14%, o que é muito penoso para a economia e, especialmente, para a indústria, que depende de investimentos sólidos”, pontua.
Com relação às expectativas diante do cenário internacional, o economista-chefe da Fiemg diz que depende das políticas a serem implementadas por Donald Trump nos Estados Unidos. O republicano, que voltará à presidência em 2025, quer intensificar as medidas protecionistas, incluindo uma tarifa de 60% sobre os produtos importados da China.
Conforme o economista-chefe da Fiemg, se a promessa de Trump se cumprir, poderá haver uma inundação de produtos industrializados chineses em outros mercados, afetando a competitividade da indústria de transformação dos países que receberem as mercadorias. No caso do Brasil, ele afirma que dependerá do comportamento da indústria nacional a respeito.
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