Resultados da Vale no 1º trimestre ficam dentro do esperado por analistas

As ações da Vale caíram 2,64%, para R$ 53,85, na sexta-feira (25), em reação do mercado aos resultados da empresa no primeiro trimestre. Apesar da baixa nos papéis, o balanço, divulgado na noite de quinta-feira (24), ficou dentro do esperado por analistas.
“As principais casas de análise do mercado, como XP, BTG Pactual, Bradesco BBI e Genial, classificaram os resultados como neutros. Ou seja, vieram em linha com o esperado, sem grandes surpresas negativas, mas também sem catalisadores claros para valorização no curto prazo”, destaca o economista e assessor da iHub Investimentos, Lucas Sharau.
Nos primeiros três meses do ano, a mineradora reportou lucro líquido de US$ 1,4 bilhão, o que representa uma redução de 17% ante igual período de 2024. O Ebitda ajustado somou US$ 3,8 bilhões (-41%) e a receita líquida de vendas totalizou US$ 8,1 bilhões (-4%).
Sharau explica que a queda do desempenho é reflexo de dois fatores principais. O primeiro deles são os preços internacionais do minério de ferro, que recuaram cerca de 10%, influenciado, principalmente, pela menor demanda da China. O segundo é o impacto de fatores climáticos, com chuvas intensas que afetaram a produção trimestral da Vale no Pará.
Olhando para o cenário macroeconômico, ele diz que a combinação de juros elevados globalmente e a valorização do dólar frente ao real cria um ambiente misto para a empresa. Isso porque os juros altos desaceleram a atividade econômica. Contudo, o real mais fraco favorece a mineradora, que tem receitas em dólar e custos em reais. Logo, o diferencial cambial ajudou a amenizar parcialmente a redução da performance operacional.
Reflexo do balanço nos papéis da mineradora
Reforçando o que disse Lucas Sharau, o analista de investimentos da AGF, Pedro Galdi, afirma que o desempenho da Vale no primeiro trimestre não surpreendeu. De acordo com ele, após o balanço de produção e vendas, divulgado pela mineradora no último dia 15, analistas já conseguiam estimar os resultados financeiros que seriam anunciados.
Diante disso, Galdi ressalta que o movimento das ações na sexta-feira foi algo típico do mercado, que “sobe no boato e cai no fato”, sendo que os papéis haviam subido antes (foram quatro dias seguidos de alta) e agora, com a queda, parte dos ganhos foi devolvida. O analista diz que a variação ocorreu porque o mercado ainda enfrenta incertezas.
O especialista da Valor Investimentos, Virgilio Lage, faz uma análise diferente, citando o recente rebaixamento da recomendação das ações da Vale pelo Banco do Brasil. Conforme ele, esse fato, somado ao recuo no lucro líquido trimestral e a à diminuição da demanda chinesa, contribuíram para a queda das ações no curto prazo.
Ainda é válido investir na Vale?
Embora o BB Investimentos tenha rebaixado a recomendação há uma semana, motivado por incertezas globais e a menor demanda da China, Lage pontua que o Itaú manteve a recomendação de compra, considerando o valuation atrativo da Vale. Segundo ele, para o longo prazo, a orientação do banco segue positiva, sobretudo, para investidores focados em dividendos. Já para o curto prazo é de cautela, em especial, para os de perfil mais agressivo.
Por sua vez, Sharau diz que a resposta para a pergunta “ainda é válido investir na empresa?” exige ponderação. Ele observa que, apesar de um trimestre mais fraco, a mineradora demonstra resiliência, disciplina na gestão de custos e uma estratégia clara de diversificação e posicionamento global. Além disso, é uma geradora consistente de caixa, paga dividendos e segue como uma das gigantes da bolsa de valores brasileira.
“Para investidores com foco no longo prazo, continua sendo uma alternativa sólida no setor de commodities”, destaca o especialista e assessor da iHub Investimentos.
Minério de ferro a US$ 100/t é positivo para a empresa
Mesmo com os resultados financeiros no início de 2025, o futuro da Vale tende a ser positivo. Pedro Galdi sublinha que, durante a conferência com investidores e analistas, realizada nessa sexta-feira, os executivos da mineradora demonstraram otimismo com o atual patamar de preço do minério de ferro.
“A Vale está enxergando US$ 100 por tonelada como um piso aceitável e, considerando o baixo custo de produção deles em relação a outras mineradoras, a empresa continuará tendo excelentes resultados”, ressalta o analista de investimentos da AGF.
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